Finlândia entra oficialmente para Otan; fronteira entre Rússia e aliança dobra
Ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, concluiu o processo de adesão entregando um documento oficial ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na sede da Otan, em Bruxelas
A Finlândia foi oficialmente nomeada o 31º membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), marcando uma grande mudança no cenário de segurança no nordeste da Europa.
A entrada da Finlândia praticamente dobra a extensão da fronteira da aliança militar com a Rússia, adicionando cerca de 1.300 quilômetros. Antes desta terça-feira, cinco membros da Otan compartilhavam fronteira terrestre com a Rússia.
O ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, concluiu o processo de adesão, nesta terça-feira (4), entregando um documento oficial ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na sede da Otan, em Bruxelas.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também esteve presente na sede da aliança.
“A Finlândia tornou-se hoje membro da aliança de defesa da Otan. A era do não alinhamento militar em nossa história chegou ao fim. Uma nova era começa”, disse a presidência finlandesa em um comunicado.
“Cada país maximiza sua própria segurança. A Finlândia também. Ao mesmo tempo, a adesão à Otan reforça a nossa posição internacional e margem de manobra. Como parceiro, há muito participamos ativamente das atividades da Otan. No futuro, a Finlândia contribuirá para a dissuasão e defesa coletiva da OTAN”, acrescentou.
A bandeira da Finlândia será hasteada do lado de fora da sede da Otan na tarde desta terça-feira (4) em uma cerimônia com a presença de ministros das Relações Exteriores da Otan.
Em todas as futuras reuniões da Otan, a Finlândia participa como “Aliada” — sentada à mesa entre a Estônia e a França.
A aceitação da Finlândia na aliança de segurança liderada pelos Estados Unidos representa um golpe para o presidente russo, Vladimir Putin, que há muito procura minar a Otan e, antes de invadir a Ucrânia, exigiu que o bloco se abstivesse de mais expansão.
Em vez disso, a invasão levou a Finlândia e a Suécia a abandonar sua neutralidade e buscar proteção dentro da Otan, embora a tentativa da Suécia de ingressar no bloco tenha sido interrompida pelos membros da aliança Turquia e Hungria.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a jornalistas que a adesão da Finlândia é um “agravamento da situação”, referindo-se às alegações de Moscou de que a aliança militar planeja invadir as fronteiras da Rússia.
Moscou acusou a Otan de ameaçar a “segurança e os interesses nacionais” da Rússia ao receber oficialmente a Finlândia na aliança.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse nesta terça-feira que a adesão da Finlândia à Otan e o movimento da aliança para aumentar sua própria prontidão de combate aumentaram o risco de conflito.
O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que está feliz com a adesão, mas acrescentou que a melhor maneira de garantir a segurança na Europa é fazer com que a Ucrânia também se junte à aliança.
Suécia tem pedido pendente
Depois de uma pressão de meses da Finlândia e de muitos de seus aliados próximos, a Turquia foi o último país a ratificar a decisão da Finlândia de ingressar na Otan. Mas Turquia e Hungria estão segurando o apoio à Suécia, que também declarou seu desejo de se juntar à aliança militar há quase um ano – ao mesmo tempo que a Finlândia.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse anteriormente que a Turquia não aprovaria a adesão da Suécia à Otan, a menos que o país extradite “terroristas” a pedido da Turquia.
A Suécia deixou claro que isso não acontecerá e, por enquanto, o processo está parado. Mas as autoridades americanas e europeias continuam esperançosas de que a Suécia poderá se juntar à aliança nos próximos meses.
(Publicado por Léo Lopes)