FBI abre uma nova investigação na China ‘a cada 10 horas’, diz diretor do órgão
Diretor do FBI avalia que nenhum outro país no mundo representa mais ameça à segurança econômica e aos valores ocidentais defendidos pelos EUA do que a China
O FBI tem mais de duas mil investigações vinculadas ao governo chinês e abre uma nova “a cada 10 horas”, disse o diretor do escritório ao Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos na quarta-feira (14).
Em seu depoimento, o diretor do FBI Christopher Wray disse que nenhum outro país representava mais ameaça à segurança econômica e aos ideais democráticos dos EUA do que a China, acrescentando ainda que sua capacidade de influenciar as instituições americanas era “profunda, ampla e persistente”.
Os comentários de Wray ocorrem em meio a uma série de tensões crescentes entre Washington e Pequim, como os abusos de direitos humanos na região oeste da China de Xinjiang e as questões relacionadas a Taiwan e Hong Kong.
Ao lado de Wray, depuseram na audiência a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, e o diretor da CIA, William Burns. Este foi o primeiro testemunho público de líderes de inteligência do país perante o Congresso dos EUA desde 2019.
Wray identificou uma acusação relacionada a uma operação do governo chinês chamada “Foxhunt”, em que ele alegou envolvimento de Pequim na condução de “atividade ilegal descoordenada de aplicação da lei” em solo dos Estados Unidos como um meio de “ameaçar, intimidar, assediar (e) chantagear” membros da “diáspora” etnicamente chinesa.
“É uma indicação e uma ilustração de quão desafiadora e diversa é essa ameaça específica”, disse Wray.
O governo chinês vê a “Operação Foxhunt” como uma campanha internacional de anticorrupção que tem como alvos prender fugitivos da China, como indivíduos ricos ou ex-funcionários suspeitos de crimes econômicos.
O Ministério das Relações Exteriores da China já havia defendido as ações de seus agentes no exterior, observando que “as autoridades policiais chinesas seguem estritamente o direito internacional” e acusou as críticas dos EUA de serem “movidas por motivos ocultos”.
A audiência ocorre menos de uma semana após a comunidade de inteligência dos EUA divulgar sua Avaliação Anual de Ameaças, na qual alertou que os governos chinês e russo pretendiam usar a pandemia Covid-19 para aumentar sua influência global.
O relatório disse que Pequim está “intensificando esforços para moldar o ambiente político” nos EUA, numa tentativa de tentar afirmar sua influência política e abafar as críticas, como no caso das repressões às liberdades civis em Xinjiang e Hong Kong.
Na quarta-feira, Haines disse ao Comitê de Inteligência do Senado que o governo chinês tinha capacidades cibernéticas “substanciais” que “se implantadas, podem causar no mínimo interrupções temporárias de instituições de infraestrutura dos Estados Unidos”.
Em julho de 2020, o governo dos Estados Unidos acusou dois supostos hackers chineses que, segundo as autoridades, participaram de uma “campanha global de invasão de computadores” -incluindo a tentativa de acessar a pesquisa americana sobre o coronavírus e ter como alvo ativistas de direitos humanos.
“Nunca foi tão importante investir em nossas normas e instituições, nossa força de trabalho e na integração de nosso trabalho”, disse Haines na quarta-feira.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler a versão em inglês)