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    Fator Trump torna eleições na Geórgia mais imprevisíveis

    Presidente tem pressionado o governo da Geórgia a reverter o resultado da eleição presidencial no estado

    O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado o governo da Geórgia a reverter o resultado da eleição presidencial no estado
    O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado o governo da Geórgia a reverter o resultado da eleição presidencial no estado tem pressionado o governo da Geórgia a reverter o resultado da eleição presidencial no estado

    Lourival Sant'Annada CNN

     

    O segundo turno para as duas vagas da Geórgia, disputado nesta terça-feira, não envolve apenas o controle do Senado pelo futuro governo democrata ou pela oposição republicana. Mas também o impacto da estratégia do presidente Donald Trump de contestar o resultado da eleição de 3 de novembro. 

    Ao convencer seus seguidores de que o sistema eleitoral do estado, governado pelo Partido Republicano, é fraudulento, Trump desestimula ou mobiliza seus eleitores a ir às urnas?

    Mais de 3 milhões de pessoas já votaram antecipadamente, em um universo de 5 milhões de eleitores. Desses, 31% são negros, que representam 33% do eleitorado da Geórgia. Essa é uma participação significativa, considerando as dificuldades apontadas pelos militantes em mobilizar esse eleitorado. Houve também forte comparecimento de jovens. 

    Esse cenário beneficia os dois candidatos democratas: o reverendo Raphael Warnock, que, se eleito, será o primeiro senador negro pela Geórgia, e o documentarista e jornalista investigativo Jon Ossoff. Os republicanos precisam votar em massa no dia da eleição para reverter esse quadro.

    Os republicanos da Geórgia calculam que o comparecimento desta terça-feira precisa atingir 800 mil eleitores para que eles possam reeleger o senador David Perdue e a empresária Kelly Loeffler, escolhida há um ano pelo governador Brian Kemp para ocupar interinamente a vaga do senador  Johnny Isakson, que renunciou por problemas de saúde.

    As pesquisas indicam empate técnico nas duas disputas, com vantagens para os dois candidatos democratas na casa de 0,5 ponto percentual. Biden venceu na Geórgia por apenas 0,2 ponto percentual. Os republicanos venciam eleições presidenciais no estado desde 1996, e governam a Geórgia desde 2002. Foram eles também que venceram a maioria dos segundos turnos para o Senado no estado.

    De um lado, a vitória de Biden, e a forte mobilização dos eleitores negros que contribuiu decisivamente para ela, energizaram a campanha democrata. 

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    De outro, a enorme capilaridade da máquina republicana no estado, que fez uma forte campanha porta a porta, e o argumento de que, se ganharem o Senado, os democratas “controlarão o país”, já que têm também maioria na Câmara dos Deputados e assumirão a Casa Branca dia 20, impulsionam a campanha dos atuais senadores.

    O que não se sabe é como os republicanos responderão à mensagem de Trump. Em seu comício na noite de segunda-feira em Dalton, norte da Geórgia, Trump dedicou a maior parte do tempo a denunciar a suposta fraude da qual teria sido vítima. Responsabilizou o governador republicano Brian Kemp, um de seus aliados mais fiéis, e disse que fará campanha contra ele se concorrer à reeleição em 2022.

    Trump tem pressionado o governo da Geórgia a reverter o resultado da eleição presidencial no estado, que passou por duas recontagens, culminando no telefonema gravado ao secretário de estado Brad Raffensperger, quando exigiu: “Só quero que você encontre 11.780 votos”. 

    No comício, Trump, que já rompeu com o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, também um de seus mais leais aliados, elegeu um novo bode expiatório: seu vice, Mike Pence. Como presidente do Senado, Pence comandará a sessão do Congresso que ratificará a vitória de Biden no Colégio Eleitoral, nesta quarta-feira. 

    Trump tem alimentado a expectativa — falsa — de que Pence teria poderes para reverter o resultado nessa sessão. “Espero que Mike Pence atue em nosso favor, tenho que dizer a vocês”, declarou o presidente. Depois de chamar Pence de “um cara legal”, Trump advertiu: “Claro, se ele não atuar, não vou gostar mais tanto dele”.

    Além de romper com os líderes republicanos no nível nacional e na Geórgia, e de colocar em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral, Trump criou um terceiro embaraço para os candidatos do partido: defendeu a ampliação da ajuda para pessoas afetadas pela pandemia para US$ 2 mil. 

    Isso depois de o valor de US$ 600 ter sido aprovado no Congresso com o apoio dos dois senadores da Geórgia, e contra a vontade dos democratas, que defendiam um valor maior. Perdue e Loeffler aderiram imediatamente à posição de Trump, enquanto seus adversários democratas apontavam a incoerência.

    Em seu comício em Atlanta também na segunda-feira, Biden capitalizou a oposição da maioria republicana à ampliação do benefício: “Se vocês mandarem Jon e o reverendo para Washington, aqueles cheques de US$ 2 mil vão chegar, restaurando esperança, decência e honra para muitas pessoas que estão enfrentando dificuldades agora”. 

    Dalton leva o título de “capital mundial do tapete”, por sua grande produção desse e de outros produtos para cobrir assoalhos. As urnas dirão se, no comício de Dalton, Trump puxou definitivamente o tapete de seu partido, para seguir sua carreira solo, levando consigo 74 milhões de votos.