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    Famílias das vítimas do 11 de Setembro ainda procuram respostas na Justiça

    Ataques mataram quase 3 mil pessoas nos Estados Unidos

    O governo dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN invadiram o Afeganistão quase imediatamente após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, buscando responsabilização da Al Qaeda e de Osama bin Laden pelo assassinato de quase 3.000 pessoas.

    Naquele momento começou o que se tornaria uma odisseia militar de duas décadas em busca de construir uma nação no Afeganistão. A saga terminou de forma complicada no mês passado, quando os norte-americanos devolveram o controle do Afeganistão ao Talibã.

    No entanto, os familiares das vítimas do 11 de Setembro ainda querem a responsabilização de outro país – a Arábia Saudita – e também buscam mais informações escondidas pelo governo dos Estados Unidos nos tribunais norte-americanos.

    Sigilo alimentou teorias

    O reino da Arábia Saudita negou qualquer envolvimento com os atos terroristas. Há tempos, os EUA decidiram que o país árabe, seu parceiro estratégico no Oriente Médio, não teve nenhum papel nos ataques – embora 15 dos 19 sequestradores de 11 de Setembro fossem cidadãos sauditas. O mesmo aconteceu com Bin Laden – embora, à época dos ataques, ele já tivesse sido expulso do reino e sua cidadania estivesse revogada desde 1996.

     

    A suspeita da Arábia Saudita persistiu, no entanto, e os esforços obstinados das famílias das vítimas do 11 de Setembro nas últimas duas décadas forçaram os EUA, pouco a pouco, a compartilhar as primeiras pistas que ligavam os sequestradores às autoridades sauditas. Até então, os dados estavam envoltos em segredo e ocultos da exibição pública como informação confidencial.

    A persistência deu resultados 

    Mais detalhes sobre essas investigações podem ser divulgados à medida que um processo judicial contra a Arábia Saudita prossegue no tribunal.

    A ação só existe porque, após uma campanha de anos promovida pelas famílias do 11 de Setembro, o Congresso aprovou uma lei especial em 2016 permitindo que indivíduos processem governos por ataques terroristas.

    O presidente Joe Biden tentou cumprir uma promessa de campanha de divulgar informações do FBI relacionadas às investigações de 11 de Setembro ao solicitar uma revisão das informações no departamento. Um grupo de famílias do 11 de Setembro pediu que o presidente ficasse longe do Marco Zero, o local de homenagem às vítimas em Nova York, a menos que os documentos fossem divulgados.

    Um caso prossegue em Guantánamo

    Além do processo das famílias de 11 de Setembro, houve movimento nesta semana nas comissões militares na Baía de Guantánamo no caso do idealizador do 11 de Setembro, Khalid Sheikh Mohammed, e quatro outros acusados de participar dos ataques.

    A comissão militar (uma corte militar) de Guantánamo foi elaborada por vários motivos, incluindo questões relacionadas ao fato de os EUA submeterem os homens às chamadas técnicas de interrogatório aprimoradas – em outras palavras, tortura – e por causa da pandemia de Covid-19. Os cinco homens tiveram audiências preliminares nesta semana, mas o julgamento provavelmente não começará até 2022. Ele foi adiado várias vezes. Os cinco detidos foram denunciados em 2012 pelo tribunal militar.

    A justiça leva muito tempo

    O fato de tanto o processo de 11 de Setembro quanto a comissão militar ainda estarem em andamento 20 anos após os ataques é prova da dificuldade de se obter justiça e responsabilização por um plano terrorista que não apenas derrubou arranha-céus em Manhattan, deixou um buraco no Pentágono e derrubou quatro aviões comerciais, mas também mudou a maneira como as pessoas vivem e viajam.

    Primeiro, as 28 páginas

    Um primeiro passo nesta longa história de persistência de famílias de 11 de Setembro que culpam a Arábia Saudita foi o esforço para tirar o sigilo de 28 páginas do histórico relatório da Comissão do 11 de Setembro que investigou as causas dos ataques.

    Única parte do relatório mantida em segredo, as 28 páginas ficaram em sigilo por anos até serem divulgadas, sob pressão pública, durante o governo de Barack Obama.

    Os documentos confirmam que alguns dos sequestradores do 11 de Setembro estiveram em contato e receberam apoio de indivíduos ligados ao governo saudita, como a CNN noticiou na época do fim de sigilo.

    Eles incluíram a surpreendente revelação de que o número de telefone do príncipe Bandar bin Sultan, que era então embaixador da Arábia Saudita nos EUA, estava na lista telefônica de Abu Zubaydah, que atualmente está detido na prisão militar dos EUA na Baía de Guantánamo e era um associado de bin Laden.

    Separadamente, a Suprema Corte dos Estados Unidos concordou em atender ao pedido de Zubaydah de informações de colaboradores da CIA sobre sua detenção e tortura na Polônia. Corre no país europeu um processo na justiça sobre um local secreto da CIA que operava em seu território.

    Além do número de telefone de Bandar, Zubaydah tinha o número pessoal de um guarda que trabalhava na embaixada saudita nos Estados Unidos. As 28 páginas também descreviam o apoio financeiro de Bandar a um homem, Osama Bassnan, que estivera em contato com dois dos sequestradores.

    Em 2020, como parte da ação movida por membros das famílias do 11 de Setembro, o Departamento de Justiça dos EUA acidentalmente incluiu o nome de outro funcionário da Embaixada da Arábia Saudita, Ahmed al-Jarrah, em documentos judiciais. O caso de al-Jarrah é descrito no site da ProPublica, que relatou que ele foi investigado pelo FBI, mas não havia evidências que sugerissem que ele estava envolvido na conspiração de 11 de Setembro.

    Proteção ao país

    Presidentes dos EUA têm procurado proteger a Arábia Saudita de ações judiciais dos EUA, citando a necessidade de segurança nacional e de resguardar os norte-americanos de ações judiciais de retaliação.

    O governo de Donald Trump lutou contra a divulgação do nome de al-Jarrah, por exemplo.

    Já Barack Obama vetou um esforço do Congresso para autorizar as famílias do 11 de Setembro a processar a Arábia Saudita em um tribunal federal.

    Foi a única vez durante sua presidência que o Congresso anulou um veto de Obama.

    “Obviamente, todos nós ainda carregamos as cicatrizes e o trauma do 11 de Setembro”, disse Obama a Jake Tapper, da CNN, em 2016, apontando que os Estados Unidos estabeleceram um fundo de indenização de vítimas para as famílias.

    “A preocupação que tive não tem nada a ver com a Arábia Saudita em si ou minha simpatia pelas famílias do 11 de Setembro. Tem a ver com a minha vontade de não querer uma situação em que de repente fiquemos expostos a responsabilizações por todo o trabalho que estamos fazendo ao redor do mundo”.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês).

    A CNN Brasil terá uma programação especial no sábado, 11/09, ao vivo, a partir das 8h. Em transmissão simultânea com a CNN Americana e com correspondentes espalhados pelos Estados Unidos, serão exibidas todas as homenagens às vítimas do atentado que completa 20 anos. Comandada pelo time de âncoras da CNN, a cobertura especial trará também convidados que vão analisar o contexto histórico, os desdobramentos e histórias de quem acompanhou o horror de perto.

    Antes, na sexta-feira, dia 10/09 às 22h30, o CNN Nosso Mundo recebe Leandro Karnal que traz um panorama do quanto esse fato mudou, não só os Estados Unidos, mas o mundo.

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