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    Família de homem estrangulado no metrô de NY critica “indiferença” do autor do crime

    Advogados do suspeito dizem que ele agiu para proteger a si mesmo e a outros passageiros

    Jordan Neely fazia performances em homenagem a Michael Jackson
    Jordan Neely fazia performances em homenagem a Michael Jackson Andrew Savulich/New York Daily News/Tribune News Service via Getty Images

    Jason CarrollOmar JimenezNicole Gretherda CNN*

    A família de Jordan Neely, o homem que foi estrangulado e morreu no metrô de Nova York na semana passada, emitiu um comunicado criticando a “indiferença” do autor do crime. Os parentes da vítima também pediram a prisão do esganador, enquanto os promotores continuam investigando o caso.

    “O comunicado de imprensa de Daniel Penny não é um pedido de desculpas nem uma expressão de arrependimento. É um assassinato de caráter e um exemplo claro do por que ele acreditava que tinha o direito de tirar a vida de Jordan”, disseram os advogados da família, Donte Mills e Lennon Edwards.

    “No primeiro parágrafo ele fala sobre o quão ‘bom’ ele é e no parágrafo seguinte ele fala sobre o quão ‘ruim’ Jordan era, em um esforço para nos convencer de que a vida de Jordan era ‘inútil’”, disseram os advogados. “A verdade é que ele não sabia nada sobre a história de Jordan quando intencionalmente colocou os braços em volta do pescoço de Jordan e o apertou e continuou apertando”.

    “No último parágrafo, Daniel Penny sugere que o público em geral demonstrou ‘indiferença’ por pessoas como Jordan, mas esse termo é mais apropriado para descrever a si mesmo. É claro que foi ele quem agiu com indiferença, tanto na época em que matou Jordan quanto agora em sua primeira mensagem pública. Ele nunca tentou ajudá-lo. Em suma, suas ações no trem e agora suas palavras mostram por que ele precisa estar na prisão”, disseram.

    A declaração foi divulgada em meio à crescente pressão dos manifestantes para apresentar acusações criminais pela morte de Neely. Os advogados de Penny, o veterano da Marinha dos EUA de 24 anos de idade quecometeu o crime, disseram que ele agiu para proteger a si mesmo e a outros passageiros.

    O assassinato ocorreu enquanto Nova York tenta lidar com uma população crescente de pessoas desabrigadas e uma crise de saúde mental. No ano passado, a cidade de Nova York revelou um plano para combater o crime e lidar com os sem-teto no sistema de metrô, uma questão que a governadora Kathy Hochul chamou de “uma crise humanitária muito real que se desenrola diante de nossos olhos já por tempo demais”.

    Os promotores do Ministério Público de Manhattan se reuniram no fim de semana e serão realizadas reuniões com o escritório do legista da cidade de Nova York, bem como com os detetives que trabalham no caso esta semana, enquanto continuam a determinar um caminho a seguir, disse uma fonte policial à CNN.

    Penny foi entrevistado por detetives e liberado, disse a fonte. O escritório do legista considerou a morte um homicídio, mas os promotores não apresentaram acusações criminais.

    Em comunicado na semana passada, os advogados de Penny expressaram condolências à família de Neely e defenderam suas ações.

    “Quando o Sr. Neely começou a ameaçar agressivamente Daniel Penny e os outros passageiros, Daniel, com a ajuda de outras pessoas, agiu para se proteger, até que a ajuda chegou”, disseram os advogados. “Daniel nunca teve a intenção de prejudicar o Sr. Neely e não poderia ter previsto sua morte prematura.”

    “Por muito tempo, aqueles que sofrem de doenças mentais foram tratados com indiferença. Esperamos que dessa terrível tragédia surja um novo compromisso de nossos representantes eleitos para enfrentar a crise de saúde mental em nossas ruas e metrôs”.

    Manifestantes protestam contra a morte de Jordan Neely no metrô de Nova York / Barry Williams for NY Daily News via Getty Images

    O que aconteceu antes da morte de Neely

    Aqueles que conheciam Neely diziam que ele era um dançarino talentoso que ganhava a vida como imitador de Michael Jackson na Times Square e no metrô de Nova York. Mas ele passou por momentos difíceis nos últimos anos, segundo um amigo e um parente, e estava morando na rua e lutando com a situação de sua saúde mental.

    Na segunda-feira passada (1º), Neely começou a gritar com os passageiros que estava com fome, com sede e tinha pouco para viver.

    “Eu não me importo se eu morrer. Eu não me importo se eu for para a cadeia. Não tenho comida… acabou”, disse Neely, de acordo com uma testemunha.

    Penny veio por trás de Neely e o estrangulou, forçando-o a cair no chão e mantendo-o contido por vários minutos até que ele parasse de respirar. A polícia finalmente chegou à estação e administrou os primeiros socorros a Neely, que estava inconsciente. Ele foi declarado morto mais tarde.

    Neely não interagiu com o passageiro antes do ataque, segundo Juan Alberto Vazquez, que registrou a briga em vídeo.

    Um homem que estava a bordo do mesmo trem do metrô disse à CNN que Neely estava “olhando para fora” e “mancando” depois que ele foi libertado do estrangulamento.

    “Eu vi que seus olhos estavam arregalados e que ele estava flácido”, disse Johnny Grima, que assistia ao incidente de outro vagão. “Então, entrei por outra porta e disse a eles: ‘Coloque-o de lado para que ele não engasgue com a própria saliva ou algo assim’, e eles o viraram”.

    Grima disse que tentou jogar água na cabeça de Neely, mas Penny veio até ele e disse para ele parar.

    “Ele ficou em cima dele e disse: ‘Pare'”, disse Grima à CNN. “Eu deveria ter feito mais, cara, e não ter ido embora, mas eu fui. E eles estavam dizendo às pessoas que ele ainda tinha pulso e estava respirando, certo? Então, é por isso que acho que as pessoas realmente não estavam tentando.”

    Grima disse que Penny estava “comandando” e ficou ao lado de Neely “até que basicamente a polícia chegou”.

    A CNN procurou um dos advogados de Penny para comentar a descrição de Grima sobre o incidente, mas não obteve resposta.

    Grima disse que tirou fotos de Neely porque achava que ele ainda estava vivo e as postou em sua conta no Instagram. Ele conversou com um detetive na sexta-feira (5) e forneceu as fotos, disse à CNN.

    “É horrível o que os sem-teto têm que passar – eles são tratados como algo ruim”, disse Grima, que já foi sem-teto.

    “É perigoso, sabia?” ele adicionou. “Isso está mostrando que as pessoas podem matar moradores de rua quando estão tendo um episódio de saúde mental e está tudo bem só porque você sentiu medo”.

    *Com informações de Eric Levenson e John Miller, da CNN.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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