Faixa de Gaza tem aumento de crise humanitária enquanto Israel aperta cerco: “Não temos água”
Local, um das mais densamente povoados do planeta, tem mais da metade dos residentes sofrendo insegurança alimentar e vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo a ONU
![Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/Reuters_Direct_Media/BrazilOnlineReportTopNews/tagreuters.com2023binary_LYNXMPEJ990TV-FILEDIMAGE.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
Uma crise humanitária está se desenrolando rapidamente na Faixa de Gaza, à medida que os residentes encurralados, muitos sem acesso a alimentos e eletricidade, enfrentam mais um dia de ataques aéreos israelenses em resposta ao ataque mortal do Hamas a Israel, que matou pelo menos 1.200 pessoas, segundo a emissora estatal Kan, e fez até 150 reféns.
Nadine Abdul Latif, 13 anos, do bairro de Al Rimal, na cidade de Gaza, disse que ela e sua família foram instruídas por vizinhos e parentes a fugirem na segunda-feira (9), depois que Israel anunciou que iria atacar a área.
Mas eles decidiram ficar porque não havia nenhum lugar seguro para ir, disse ela.
Seu pai, Nihad, está desaparecido desde sábado (7). Ele trabalhava em Israel, mas depois do ataque do Hamas no sábado, a família perdeu contato com ele.
FOTOS – Veja imagens da guerra entre Israel e o Hamas
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Acredita-se que o Hamas esteja abrigando no subsolo um número considerável de combatentes e armas
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O conflito entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro quando o grupo extremista islâmic disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre o país judaico. A ofensiva contou ainda com avanços de tropas por terra e pelo mar
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Foguetes disparados em Israel a partir de Gaza
Crédito: REUTERS/Amir Cohen - 4 de 46
Após os ataques aéreos, o Hamas avançou no território israelense e invadiu a área onde estava acontecendo um festival de música eletrônica; mais de 260 corpos foram encontrados no local
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Carros foram deixados para trás pelos motoristas que tentavam fugir do grupo extremista islâmico
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Imagens mostram carros abandonados e sinais de explosões após ataque em festival de música eletrônica em Israel
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As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu Gaza e deixou vítimas, inclusive, em campos de refugiados. Israel declarou "cerco total" e suspendeu o abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino
Crédito: 13/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura - 8 de 46
Destruição em campo de refugiados palestinos em Gaza após ataque aéreo de Israel
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Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza
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Campo de refugiados palestinos atingido em meio a ataques aéreos israelenses em Gaza
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Prédios destruídos na Faixa de Gaza
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Escombros de prédio destruído após sataques em Sderot, no sul de Israel
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Delegacia destruída no sul de Israel após ataque do Hamas
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Palestinos queimam pneus de carros e bloqueiam estradas enquanto entram em confronto com as forças israelenses no distrito de Beit El, em Ramallah, na Cisjordânia
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As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza
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Bombeiros tentaram apagar incêndios em Israel após bombardeio de Gaza no sábado (7)
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Foguetes disparados de Gaza em direção a Israel na manhã de sábado (7)
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Veja como funciona o sistema antimíssil de Israel
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Ataque israelense na Faixa de Gaza
Crédito: 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa - 20 de 46
Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza
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Imagens se satélite mostram destruição na Faixa de Gaza
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023.
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Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023.
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Barco de pesca pega fogo no porto de Gaza após ser atingido por ataques de Israel.
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios destruídos por Israel em Gaza
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Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel
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Soldados israelenses carregam corpo de vítima de ataque realizado por militantes de Gaza no kibbutz de Kfar Aza, no sul de Israel
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Destruição em Gaza provocada por ataques israelenses
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Ataque israelense na Faixa de Gaza
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Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em Gaza
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Munição israelense é vista em Sderot, Israel, na segunda-feira
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Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de Gaza
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Chamas e fumaça durante ataque israelense a Gaza
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Sistema antimísseis de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza
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Hospital na Faixa de Gaza usa geladeiras de sorvete para colocar cadáveres devido à superlotação do necrotério
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Fumaça sobe após um ataque aéreo israelense no oitavo dia de confrontos na Faixa de Gaza, em 14 de outubro de 2023
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Homem palestino lava as mãos em uma poça ao lado de um prédio destruído após os ataques israelenses na Cidade de Gaza
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Embaixada dos EUA no Líbano é alvo de protestos
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Palestinos protestam na Cisjordânia contra ataques de Israel
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Hospital em Gaza é atingido por um míssil
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Hospital atacado em Gaza
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Palestinos procuram vítimas sob escombros de casas destruídas por ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Crédito: 17/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa - 44 de 46
Cidadã palestina inspeciona sua casa destruída durante ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza em 17 de outubro de 2023 em Khan Yunis
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Tanque de guerra israelense
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Ataque de Israel contra Gaza
Crédito: 11/10/2023REUTERS/Saleh Salem
A Faixa de Gaza – o enclave costeiro controlado pelo Hamas – tem sido atingida por ataques aéreos desde que o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, ordenou um “cerco completo” à área, incluindo a suspensão do fornecimento de luz, alimentos, água e combustível ao local.
“Estamos lutando contra os bárbaros e responderemos de acordo”, disse Gallant.
Os caças israelenses atingiram mais de 200 alvos em Gaza durante a noite, disseram as Forças de Defesa de Israel em nota. O número de mortos em Gaza subiu para mais de 900 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino em Gaza.
O Ministério do Interior palestino disse que a maioria dos alvos eram “torres, edifícios residenciais, instalações civis e de serviços e muitas mesquitas”. O Hamas negou ter usado qualquer uma das torres visadas.
Tariq Al Hillu, de 29 anos e residente de Al Sudaniya, no norte de Gaza, descreveu o caos total quando os ataques aéreos atingiram o seu bairro no domingo (8) de manhã.
“Os membros da minha família começaram a gritar e a sair correndo de casa, cada um de nós fugindo em direções diferentes”, disse ele à CNN, acrescentando que todo o seu bairro foi destruído “sem qualquer aviso prévio”.
Seus vizinhos ficaram presos sob os escombros e era possível ouvir os pedidos de ajuda, disse ele.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que transformou 83 escolas em Gaza em abrigos improvisados, mas na segunda-feira já estavam com 90% da capacidade, com mais de 137 mil pessoas se protegendo dos ataques israelenses.
Ao contrário das cidades do sul de Israel, o território não possui abrigos antiaéreos ou bunkers que protejam os civis de ataques aéreos.
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Situação se “deteriora exponencialmente”
Gaza é um dos locais mais densamente povoados do planeta, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas em uma área de 362,6 km². Mais de metade dos seus residentes sofrem de insegurança alimentar e vivem abaixo do limiar da pobreza, de acordo com a UNRWA.
Israel, que controla a maior parte da eletricidade da Faixa de Gaza, água, combustível e alguns dos seus alimentos, já impõe um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo rigoroso ao local, mas permitia algum comércio e assistência humanitária através das duas passagens que controla.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou na segunda-feira que a situação humanitária em Gaza já era “extremamente terrível antes destas hostilidades” e “agora só irá se deteriorar exponencialmente”.
![Cidadãos palestinos fogem de suas casas em meio aos ataques aéreos de Israel, em 9 de outubro de 2023, em Gaza.](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2023/10/GettyImages-1726233806.jpg?w=1024)
A Human Rights Watch (HRW) criticou o apelo de Gallant para um cerco completo como uma forma de “punição coletiva” e um “crime de guerra”. Omar Shakir, diretor regional da HRW, disse à CNN que os comentários de Gallant eram “abomináveis” e acusou Israel de usar a fome como “uma arma de guerra”.
Shakir também condenou os ataques do Hamas a Israel, dizendo que “os ataques deliberados a civis, os ataques indiscriminados e a tomada de civis como reféns” também “equivalem a crimes de guerra sob o direito humanitário internacional”.
A Faixa de Gaza tem sido alvo de ataques aéreos israelenses em múltiplos conflitos desde que as forças israelenses se retiraram do território em 2005. Os combates têm ocorrido frequentemente entre Israel e facções palestinas em Gaza, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica.
Uma potencial invasão terrestre israelense, caso acontecesse, poderia piorar significativamente a situação humanitária naquele país.
Israel controla o movimento de residentes de Gaza para Israel através de duas passagens, Erez e Kerem Shalom, e ambas foram fechadas.
Alguns bens, alimentos e combustível também entram em Gaza vindos do Egito através da passagem de Rafah, mas Eyad al-Bozom, porta-voz do Ministério do Interior palestino, disse na terça-feira que Rafah foi atingida.
Em guerras anteriores entre Gaza e Israel, o Egito permitiu a entrada de ajuda através da passagem de Rafah e ajudou os feridos a saírem para tratamento.
O Programa Mundial de Alimentos disse no domingo que, embora a maioria das lojas no território mantenha “estoques de alimentos para um mês”, esses estoques “correm o risco de se esgotarem rapidamente, à medida que as pessoas fazem seus próprios estoques com medo de um conflito prolongado”.
Cortes repetidos de luz também põem em risco a deterioração dos alimentos, afirmou.
A situação continua desesperadora para Nadine e sua família.
“Não temos água; foi cortada ontem (segunda-feira). Mal temos eletricidade ou internet e não podemos sair de casa para comprar comida, pois está ficando cada vez mais perigoso”. Sempre que ela ouve aviões, disse, “nós nos escondemos debaixo da mesa”.
*Com informações de Ibrahim Dahman, em Gaza, e Celine Alkhaldi, em Jerusalém.