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    Faixa de Gaza tem aumento de crise humanitária enquanto Israel aperta cerco: “Não temos água”

    Local, um das mais densamente povoados do planeta, tem mais da metade dos residentes sofrendo insegurança alimentar e vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo a ONU

    Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza
    Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Cidade de Gaza 10/10/2023REUTERS/Shadi Tabatibi

    Nadeen EbrahimAbeer SalmanKareem Khadderda CNN*

    Uma crise humanitária está se desenrolando rapidamente na Faixa de Gaza, à medida que os residentes encurralados, muitos sem acesso a alimentos e eletricidade, enfrentam mais um dia de ataques aéreos israelenses em resposta ao ataque mortal do Hamas a Israel, que matou pelo menos 1.200 pessoas, segundo a emissora estatal Kan, e fez até 150 reféns.

    Nadine Abdul Latif, 13 anos, do bairro de Al Rimal, na cidade de Gaza, disse que ela e sua família foram instruídas por vizinhos e parentes a fugirem na segunda-feira (9), depois que Israel anunciou que iria atacar a área.

    Mas eles decidiram ficar porque não havia nenhum lugar seguro para ir, disse ela.

    Seu pai, Nihad, está desaparecido desde sábado (7). Ele trabalhava em Israel, mas depois do ataque do Hamas no sábado, a família perdeu contato com ele.

    FOTOS – Veja imagens da guerra entre Israel e o Hamas

    A Faixa de Gaza – o enclave costeiro controlado pelo Hamas – tem sido atingida por ataques aéreos desde que o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, ordenou um “cerco completo” à área, incluindo a suspensão do fornecimento de luz, alimentos, água e combustível ao local.

    “Estamos lutando contra os bárbaros e responderemos de acordo”, disse Gallant.

    Os caças israelenses atingiram mais de 200 alvos em Gaza durante a noite, disseram as Forças de Defesa de Israel em nota. O número de mortos em Gaza subiu para mais de 900 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino em Gaza.

    O Ministério do Interior palestino disse que a maioria dos alvos eram “torres, edifícios residenciais, instalações civis e de serviços e muitas mesquitas”. O Hamas negou ter usado qualquer uma das torres visadas.

    Tariq Al Hillu, de 29 anos e residente de Al Sudaniya, no norte de Gaza, descreveu o caos total quando os ataques aéreos atingiram o seu bairro no domingo (8) de manhã.

    “Os membros da minha família começaram a gritar e a sair correndo de casa, cada um de nós fugindo em direções diferentes”, disse ele à CNN, acrescentando que todo o seu bairro foi destruído “sem qualquer aviso prévio”.

    Seus vizinhos ficaram presos sob os escombros e era possível ouvir os pedidos de ajuda, disse ele.

    A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que transformou 83 escolas em Gaza em abrigos improvisados, mas na segunda-feira já estavam com 90% da capacidade, com mais de 137 mil pessoas se protegendo dos ataques israelenses.

    Ao contrário das cidades do sul de Israel, o território não possui abrigos antiaéreos ou bunkers que protejam os civis de ataques aéreos.

    Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel / 09/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

    Situação se “deteriora exponencialmente”

    Gaza é um dos locais mais densamente povoados do planeta, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas em uma área de 362,6 km². Mais de metade dos seus residentes sofrem de insegurança alimentar e vivem abaixo do limiar da pobreza, de acordo com a UNRWA.

    Israel, que controla a maior parte da eletricidade da Faixa de Gaza, água, combustível e alguns dos seus alimentos, já impõe um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo rigoroso ao local, mas permitia algum comércio e assistência humanitária através das duas passagens que controla.

    O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou na segunda-feira que a situação humanitária em Gaza já era “extremamente terrível antes destas hostilidades” e “agora só irá se deteriorar exponencialmente”.

    Cidadãos palestinos fogem de suas casas em meio aos ataques aéreos de Israel, em 9 de outubro de 2023, em Gaza.
    Cidadãos palestinos fogem de suas casas em meio aos ataques aéreos de Israel, em 9 de outubro de 2023, em Gaza. / Ahmad Hasaballah/Getty Images

    A Human Rights Watch (HRW) criticou o apelo de Gallant para um cerco completo como uma forma de “punição coletiva” e um “crime de guerra”. Omar Shakir, diretor regional da HRW, disse à CNN que os comentários de Gallant eram “abomináveis” e acusou Israel de usar a fome como “uma arma de guerra”.

    Shakir também condenou os ataques do Hamas a Israel, dizendo que “os ataques deliberados a civis, os ataques indiscriminados e a tomada de civis como reféns” também “equivalem a crimes de guerra sob o direito humanitário internacional”.

    A Faixa de Gaza tem sido alvo de ataques aéreos israelenses em múltiplos conflitos desde que as forças israelenses se retiraram do território em 2005. Os combates têm ocorrido frequentemente entre Israel e facções palestinas em Gaza, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica.

    Uma potencial invasão terrestre israelense, caso acontecesse, poderia piorar significativamente a situação humanitária naquele país.

    Israel controla o movimento de residentes de Gaza para Israel através de duas passagens, Erez e Kerem Shalom, e ambas foram fechadas.

    Alguns bens, alimentos e combustível também entram em Gaza vindos do Egito através da passagem de Rafah, mas Eyad al-Bozom, porta-voz do Ministério do Interior palestino, disse na terça-feira que Rafah foi atingida.

    Em guerras anteriores entre Gaza e Israel, o Egito permitiu a entrada de ajuda através da passagem de Rafah e ajudou os feridos a saírem para tratamento.

    O Programa Mundial de Alimentos disse no domingo que, embora a maioria das lojas no território mantenha “estoques de alimentos para um mês”, esses estoques “correm o risco de se esgotarem rapidamente, à medida que as pessoas fazem seus próprios estoques com medo de um conflito prolongado”.

    Cortes repetidos de luz também põem em risco a deterioração dos alimentos, afirmou.

    A situação continua desesperadora para Nadine e sua família.

    “Não temos água; foi cortada ontem (segunda-feira). Mal temos eletricidade ou internet e não podemos sair de casa para comprar comida, pois está ficando cada vez mais perigoso”. Sempre que ela ouve aviões, disse, “nós nos escondemos debaixo da mesa”.

    *Com informações de Ibrahim Dahman, em Gaza, e Celine Alkhaldi, em Jerusalém.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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