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    Faixa de Gaza: sem eletricidade, medicamentos e água, pacientes morrerão, alerta Médicos Sem Fronteiras

    Organização estima que cerca de 10 mil feridos podem morrer nas próximas horas

    Guilherme Gamada CNN*

    São Paulo

    O Médicos Sem Fronteiras (MSF), organização humanitária internacional, emitiu um alerta sobre atendimento aos feridos na região da Faixa de Gaza, palco do conflito entre Israel e o grupo Hamas, há quase duas semanas.

    De acordo com Guillemette Thomas, coordenadora-médica do MSF para a Palestina, baseada em Jerusalém, já se observa um “colapso do atendimento ao paciente”.

    Médicos que têm atuado junto às equipes do Ministério da Saúde de Israel, principalmente no Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, relatam que entre 800 e 1.000 pessoas feridas diariamente chegam aos hospitais. A estimativa é de que o número real de feridos seja maior, já que, como o acesso às instalações é restrito, somente os pacientes mais graves procuram atendimento hospitalar.

    A organização acredita que, desde o início do conflito, mais de 9.700 pessoas ficaram feridas — e correm risco de morrer nas próximas horas: “Está se tornando impossível conseguir atendimento médico”, afirma Guillemette Thomas.

    “A equipe médica não consegue mais tratar as pessoas ou admitir novos pacientes adequadamente. Tudo está sendo feito em condições extremamente precárias, com falta de pessoal, medicamentos e equipamentos médicos. Há um fluxo constante de pessoas gravemente feridas, com ferimentos traumáticos complexos, queimaduras, fraturas e membros esmagados”, afirma a coordenadora-médica.

    O Hospital Al-Shifa, o principal hospital de Gaza, tem combustível apenas para as próximas 24 horas, para manutenção da eletricidade do estabelecimento. De acordo com a médica, sem eletricidade, muitos pacientes morrerão, especialmente aqueles em tratamento intensivo, neonatologia e em aparelhos de suporte respiratório. “Pacientes com doenças crônicas, como diabetes e câncer, e mulheres grávidas também correm risco, por causa da escassez geral de medicamentos”, completa.

    Evacuação do Norte de Gaza: água é prioridade

    Há uma semana, o Exército de Israel ordenou o deslocamento dos civis no norte da Faixa de Gaza deixem o local em direção ao sul. Para os profissionais de saúde, a ordem impôs a escolha entre deixar para trás seus pacientes e ficar e arriscar as próprias vidas.

    Com baixas condições de higiene, o risco é uma onda de doenças como diarreia, infecções respiratórias e de pele e desidratação podem se desenvolver rapidamente e colocar em risco as pessoas em situações mais vulneráveis, incluindo crianças. Além disso, o alerta destaca que, metade da população de Gaza é composta por menores de 18 anos.

    De acordo com o MSF, a água é a principal prioridade. Estima-se que 60% da população de Gaza, mais de 1 milhão de pessoas, vivem sem acesso à água e à saúde. “Não há atendimento médico básico disponível porque as clínicas estão fechadas, e as condições de higiene são muito ruins”, alerta.

    A organização alerta que sem medicamentos anestésicos, os cirurgiões serão obrigados a interromper as operações e pede cessar fogo na região para abastecimento de medicamentos e combustível.

    *Com supervisão de Márcia Barros