Facebook remove anúncios da campanha de Trump por violação da política de ódio
Publicações atacam a ‘multidão perigosa de grupos de extrema esquerda’, e são acompanhadas pela figura de um triângulo de cabeça para baixo
O Facebook disse, nessa quinta-feira (18). que tomou providências contra anúncios da campanha de reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por violarem as políticas de ódio da rede social. O grupo de ódio ao qual o Facebook se refere em seu comunicado é o dos nazistas, confirmou a empresa.
As publicações, que atacam o que a campanha do republicano descreve como “multidão perigosa de grupos de extrema esquerda”, foram acompanhadas da figura de um triângulo de cabeça para baixo. A Liga Antidifamação (ADL) disse que o símbolo “é praticamente idêntico ao usado pelo regime nazista para classificar os prisioneiros políticos nos campos de concentração”.
“Removemos essas publicações e anúncios por violarem nossa política contra o ódio organizado. Nossa política proíbe o uso do símbolo de um grupo de ódio para identificar prisioneiros políticos sem o contexto que condena ou discute o símbolo”, disse à CNN Andy Stone, porta-voz do Facebook.
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Os anúncios tinham como alvo o grupo Antifa, e chamava os partidários de Trump para apoiar os pedidos do presidente para designá-lo como uma organização terrorista.
Em resposta às críticas ao anúncio, a campanha de Trump afirmou que o triângulo vermelho é “um símbolo amplamente utilizado pela Antifa”. A campanha também enviou à CNN diversos links de páginas que vendem pôsteres, adesivos e ímãs não oficiais criados por seus usuários que contêm o símbolo. Mas não apontou nenhum exemplo do uso da figura por ativistas da Antifa.
A ADL afirmou, na quinta, que alguns ativistas da Antifa usam o símbolo, mas que não é particularmente comum.
Anúncios criticados
De acordo com o acervo de anúncios políticos do Facebook, um conjunto de propagandas com o símbolo ofensivo começou a ser divulgado na quarta-feira (17) na página da campanha de Trump na rede social, a “Time Trump”, e na conta do vice-presidente, Mike Pence.
O anúncio pago foi visto quase um milhão de vezes nos feeds dos usuários do Facebook publicado apenas pela página de Trump, segundo dados da rede social.
Em um comunicado, Tim Murtaugh, diretor de comunicações da campanha de Trump, insistiu que o triângulo vermelho é um “símbolo usado pela Antifa”. Ele também afirmou que “o Facebook ainda tem um emoji de um triângulo vermelho invertido para ser usado, que se parece exatamente [com o da campanha], então é curioso que eles mirem apenas esses anúncios”. “A imagem também não consta na base de dados de símbolos de ódio da Liga Antidifamação”, disse Murtaugh.
Em resposta, a ADL afirmou que sua base de dados não é de símbolos nazistas históricos, mas sim de figuras amplamente usadas por extremistas modernos nos EUA.
A decisão do Facebook de remover os anúncios de Trump pode agravar as tensões entre a Casa Branca e o Vale do Silício. O CEO da companhia, Mark Zuckerberg, foi criticado em maio por não agir com relação a uma publicação de Trump que dizia que “saques” levam a “disparos”, em meio aos protestos contra o racismo no país. No Twitter, a publicação com a mesma frase foi destacada pois, na visão da empresa, glorificava a violência.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)