Ex-primeiro-ministro do Paquistão diz que três balas foram tiradas de sua perna
Imran Khan concedeu uma entrevista à CNN após se ferir em tiroteio em um comício político em Gujranwala na semana passada
O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, disse que três balas foram tiradas de sua perna direita do tiroteio que o feriu na semana passada. Khan sobreviveu ao tiroteio em um comício político em Gujranwala na quinta-feira (3), um incidente que seu partido chamou de tentativa de assassinato.
Em uma entrevista à CNN, na segunda-feira (7), Khan disse: “Eles tiraram três balas da minha perna direita. A esquerda tinha alguns estilhaços que eles deixaram dentro”. Segundo ele, seu osso foi danificado e que sua perna está engessada, acrescentando que levará de quatro a seis semanas para ele retomar a atividade normal.
Falando de sua residência em Zaman Park, Lahore, Khan disse que tinha informações de agências de inteligência de que o tiroteio que o feriu na semana passada ocorreria.
Quando perguntado sobre quais informações ele recebeu sobre o incidente e por quem, Khan disse: “Lembre-se, três anos e meio eu estava no poder. Tenho ligações com agências de inteligência, as diferentes agências que operam. Como consegui a informação? De dentro das agências de inteligência. Por quê? Porque a maioria das pessoas está horrorizada com o que está acontecendo neste país”.
Na semana passada, a agência de inteligência paquistanesa disse que havia comunicado “sobre a ameaça” a Khan antes do comício. “A organização já havia sensibilizado o governo federal sobre a ameaça ao ex-primeiro-ministro, que havia comunicado isso ao governo da província de Punjab”, disse o Inter-Services Intelligence (ISI) em comunicado.
O ISI também disse que a segurança de Khan estava sob a autoridade do governo provincial de Punjab, que é liderado pelo partido Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI) de Khan.
Na sexta-feira passada, Khan culpou figuras do “establishment” por um complô para matá-lo – uma afirmação veementemente negada por autoridades governamentais e de segurança. “À medida que os eventos se desenrolaram, eles estão nesse discurso. Como isso aconteceria, como em nome da blasfêmia um fanático religioso me mataria e eles culpariam ele. Tudo isso está no meu discurso que coloco na televisão – está nas redes sociais”, disse ele em referência a um discurso que fez em 24 de setembro, no qual disse que descreveu como os eventos do tiroteio aconteceriam.
Quando questionado sobre sugestões de seus críticos de que acusar o atual governo de perpetrar o ataque ajudaria Khan a voltar ao cargo, ele respondeu que “não precisa de nenhum motivo para acusar este governo para que eu volte ao poder”, acrescentando que seu partido Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI) continua popular desde sua deposição em abril. “Eles tentaram de tudo para me tirar do caminho. Quando isso não aconteceu, isso foi planejado”, acrescentou.
Uma pessoa morreu no ataque de quinta-feira, que feriu várias outras, enquanto Khan foi levado para um hospital em Lahore para tratamento após o tiroteio.
Falando do hospital na sexta-feira, e sem oferecer provas, Khan culpou o primeiro-ministro Shebaz Sharif, o ministro do Interior Rana Sanaullah e o general Faisal, que é um alto funcionário da inteligência.
A CNN está entrando em contato com os três homens para comentar.
O Ministério da Informação e Radiodifusão do Paquistão negou na semana passada as alegações de Khan contra Sharif e Sanaullah em uma entrevista coletiva. Os militares do Paquistão também reagiram às alegações de Khan, chamando-as de “infundadas e irresponsáveis” e “absolutamente inaceitáveis e desnecessárias”.
Em um comunicado na noite de sexta-feira, o Inter-Services Public Relations (ISPR) chamou as acusações de Khan contra os militares e oficiais militares de “altamente lamentáveis e fortemente condenadas”.
“O exército do Paquistão se orgulha de ser uma organização extremamente profissional e bem disciplinada, com um sistema de responsabilidade interna robusto e altamente eficaz aplicável a todos os atos ilegais, se houver, cometidos por pessoal uniformizado”, dizia o comunicado.
“No entanto, se a honra, a segurança e o prestígio de suas fileiras estão sendo manchados por interesses adquiridos por meio de alegações frívolas, a instituição protegerá seus oficiais e soldados, não importa o que aconteça”, continuou.
A CNN informou na segunda-feira que Khan escreveu uma carta ao presidente paquistanês Arif Alvi dizendo que desde que o governo de Khan foi removido do poder em abril, seu partido foi confrontado com “uma escala cada vez maior de alegações falsas, assédio, prisões e tortura sob custódia”.
A carta, obtida pela CNN de uma fonte próxima ao ex-primeiro-ministro, é datada de 6 de novembro, três dias depois que Khan sobreviveu ao tiroteio.