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    Ex-militar que ajudou Carlos Ghosn a fugir do Japão diz à CNN que não se arrepende do ato

    Michael Taylor deu a sua versão da história sobre a fuga do brasileiro, ex-CEO da Renault e Nissan, que foi documentada em "Procurado - A Fuga de Carlos Ghosn"

    Michael Taylor em "Procurado - A Fuga de Carlos Ghosn"
    Michael Taylor em "Procurado - A Fuga de Carlos Ghosn" Divulgação/AppleTV+

    Marina Toledoda CNN

    em São Paulo

    O ex-militar norte-americano Michael Taylor afirmou à CNN que não se arrepende de ter ajudado Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault e da Nissan, a fugir do Japão.

    “Eu não [me arrependo]. Eu durmo bem à noite sabendo que ajudei alguém a não ser torturado”, diz ele, que também é um dos entrevistados no documentário “Procurado – A Fuga de Carlos Ghosn”, que estreia na AppleTV+ nesta sexta-feira (25).

    Michael Taylor foi um dos responsáveis por elaborar e realizar a “fuga cinematográfica” do empresário franco-brasileiro que cumpria prisão domiciliar no Japão. Ghosn conseguiu deixar o país, sem que as autoridades japonesas soubessem, ao ser colocado dentro de uma caixa de instrumento musical levado pelo ex-militar em um jato para o Líbano, em 2019.

    Em 2021, Michael e seu filho, Peter Taylor, foram extraditados para o Japão por terem ajudado na fuga do empresário e ficaram presos até novembro do ano seguinte. Michael nega a participação do filho na fuga.

    O ex-militar diz à CNN que se sentia traído pelo seu país por acatar o pedido de extradição, e que ele e Peter passaram por uma experiência traumatizante na prisão japonesa.

    “Eu sabia que não havia violação da lei porque havíamos pesquisado minuciosamente o assunto de antemão. Então, voltei para os EUA e me senti traído porque foram Trump e Pompeo que decidiram, por razões políticas, que extraditariam cidadãos sabendo que íamos ser torturados”, afirma, citando o então presidente norte-americano, Donald Trump, e seu secretário de Estado, Mike Pompeo, que ocupavam o governo dos EUA na época que a extradição foi decidida, em 2020.

    “A responsabilidade número um do presidente dos EUA é proteger os cidadãos e mantê-los seguros, e não mandá-los para um lugar onde você será torturado conscientemente. Me senti traído por isso.”

    O ex-militar também conta a sua versão da história no documentário de James Jones, “Procurado – A Fuga de Carlos Ghosn”. Ele diz que decidiu participar da série porque circulam muitas informações incorretas sobre a história.

    A razão pela qual decidi fazer isso é porque havia tantas histórias por aí e tantas informações imprecisas, e simplesmente incorretas. Então eu e meu filho Peter decidimos que, como já estávamos expostos porque meu nome vazou, poderíamos muito bem ir em frente e participar contribuindo para divulgar a verdade, divulgando os fatos”, disse.

    Em seu relato no documentário, Taylor revelou que Ghosn nunca o agradeceu pela fuga. À CNN, ele conta que o filho, Peter, retornou ao Líbano após deixar a prisão no Japão, e não recebeu uma ligação sequer.

    Sobre os próximos capítulos da vida de Carlos Ghosn, ele acredita que ainda há muitas reviravoltas que podem acontecer.

    “Existem mandados de prisão internacionais emitidos tanto por japoneses quanto por franceses. O Líbano pode ser um lugar realmente arriscado [para ficar] com a mudança política. Agora entra um novo presidente, e se esse presidente não for amigo de Carlos, ele pode ter alguns problemas aí”, opina Taylor, dizendo que países como Japão e França poderiam oferecer ajuda externa ao país em troca da extradição de Ghosn.

    “Eles [os países] podem dizer: ‘ei, olhe, vamos lhe dar alguma ajuda externa, mas vamos acabar com isso se não conseguirmos a pessoa ‘que você sabe’, que temos um mandado de prisão internacional”, sugere o ex-militar.

    Assista ao trailer de Procurado – A Fuga de Carlos Ghosn