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    EUA: prédios são inspecionados e revisam protocolos após desabamento na Flórida

    Ao menos 152 pessoas continuam desaparecidas após colapso de edifício residencial nas imediações de Miami na quinta-feira; buscas seguem em andamento

    Hollie Silverman, da CNN

    Mais equipes de resgate chegaram à cidade costeira de Surfside, na Flórida, enquanto as famílias esperam por notícias – boas ou ruins – sobre seus entes queridos após o colapso de um prédio residencial na quinta-feira (24).

    Pelo menos 9 pessoas morreram, 152 estão desaparecidas e 134 foram localizadas após o colapso da Champlain Towers South até a noite de domingo (27), disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, durante uma entrevista coletiva.

    Os desaparecidos são de pelo menos nove países, incluindo seis países latino-americanos, e várias comunidades religiosas.

    Equipes de resgate de Israel chegaram à cidade à beira-mar para ajudar agências locais, estaduais e federais em seus esforços de busca. As equipes de resgate do México devem chegar nesta segunda-feira (28).

    Durante o fim de semana, as equipes puderam cavar trincheiras, conter um fogo debaixo dos escombros e cavar no local do colapso para retirar as vítimas, enquanto as equipes acima do solo usavam cães, sonar e equipamento pesado para localizar os desaparecidos.

    No domingo, alguns parantes foram levados de ônibus do centro de reunificação para o local do colapso para prestar suas homenagens e testemunhar os esforços que as equipes de resgate estão fazendo.

    O prefeito de Surfside, Charles Burkett, disse ao jornalista Wolf Blitzer da CNN no domingo que continuará apoiando as operações de busca e resgate até que todos sejam retirados dos escombros. “Espero milagres. Estou esperando muitos milagres”, disse ele.

    Enquanto isso, o colapso levou outras cidades a repensar seus processos de certificação e recertificação, com uma cidade a menos de oito quilômetros de distância do colapso iniciando novas inspeções já nesta segunda.

    EUA: socorristas usam cães, sonar e equipamento pesado para localizar vítimas
    Equipes de resgate usam cães, sonar e equipamento pesado para localizar vítimas em desabamento na Flórida
    Foto: Joe Raedle – 27.jun.2021/Getty Images

    As vítimas já identificadas

    Pelo menos nove pessoas foram confirmadas como mortas após o colapso, com oito delas identificadas pelas autoridades até a noite de domingo.

    A primeira vítima foi identificada na sexta-feira (25) como Stacie Fang, de 54 anos. Ela é a mãe de Jonah Handler, menino que foi retirado dos escombros com vida, disse sua família em um comunicado.

    “Não há palavras para descrever a trágica perda de nossa amada Stacie”, disse a família. “As muitas palavras sinceras de encorajamento e amor serviram como uma fonte de força muito necessária durante este tempo devastador.”

    As autoridades identificaram mais três vítimas no sábado, como Antonio Lozano, de 83 anos, Gladys Lozano, de 79 anos, e Manuel LaFont, de 54 anos.

    No domingo (27), eles divulgaram as identidades de mais quatro vítimas: Leon Oliwkowicz, de 80 anos; Luis Bermudez, de 26 anos; Anna Ortiz, de 46 anos; e Christina Beatriz Elvira, de 74 anos. Uma vítima ainda não foi identificada pelas autoridades.

    “O processo de identificação dessas vítimas é muito difícil”, disse Levine Cava no sábado. “Vamos contar com testes de DNA. E é por isso que já estamos coletando amostras de DNA de membros da família, então todos participaram e forneceram DNA para nos auxiliar na investigação.”

    “Isso nos permite fazer testes rápidos de DNA no local para corpos”, explicou ela.

    Mas a espera dolorosa se torna ainda mais insuportável para alguns, já que os enterros, tradicionalmente feitos dias após a morte na tradição judaica, não podem acontecer até que os corpos sejam recuperados. 

    A Federação Judaica da Grande Miami ofereceu-se para ajudar os membros da comunidade a organizar serviços funerários e fúnebres.

    Equipes de busca e resgate

    Equipes de resgate de outros países estão viajando para a Flórida para ajudar os profissionais locais nas operações de resgate, pois o cenário continua a ser uma situação desafiadora.

    Uma equipe de dez especialistas de Israel chegou na manhã de domingo aos EUA, disse Kevin Guthrie, diretor da Divisão de Gerenciamento de Emergências da Flórida, à CNN.

    Eles foram para o local do colapso e “trabalharam na pilha [de escombros] quase o dia todo”, afirmou Guthrie

    Burkett disse que uma equipe de resgate do México deve chegar nesta segunda-feira.

    As equipes têm trabalhado sem parar desde o desabamento na manhã de quinta-feira, com as equipes de resgate trocando de turnos, apesar do clima e de incêndios complicam seus esforços.

    A fumaça de um incêndio profundo dificultou os primeiros dias da operação de resgate, pois a visibilidade era ruim e as temperaturas altas, de acordo com Burkett.

    Relatório apontou danos estruturais no prédio que desabou na Flórida
    Estados Unidos: relatório de engenharia, elaborado três anos antes do desabamento parcial do prédio na Flórida, já apontava danos estruturais
    Foto: Reprodução / CNNi

    Alan Cominsky, Chefe de Resgate do Corpo de Bombeiros de Miami-Dade, classificou as condições no local de “horríveis”.

    “É difícil descrever. Não temos os vazios que esperamos”, disse Cominsky no domingo. “Ainda estamos procurando. Então é isso que eu quero dizer com horrível. É apenas uma situação difícil, difícil.”

    Levine Cava disse que as equipes de resgate estão usando uma abordagem de busca em grade na pilha de escombros e continuam a utilizar sonar, câmeras e recursos canins.

    A questão não são recursos, mas sorte, de acordo com Burkett. “Temos um conjunto completo de pessoas muito experientes em busca e resgate. Temos ondas deles passando por cima daquela pilha de entulho agora”, disse Burkett à CNN no domingo.

    “Temos tudo o que precisamos e muito mais, só precisamos de um pouco de sorte”, explicou.

    “Tivemos chuvas, tivemos o incêndio. Ambas diminuíram e agora estamos 100% focado em tirar as pessoas de lá”, disse Burkett. “Estamos fazendo exatamente isso. Temos exércitos prontos para trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana. Não vamos parar até que retiremos todos.”

    Relatório estrutural mostrou problemas em 2018

    Enquanto as equipes de resgate continuam seus esforços no local do colapso, novos detalhes estão surgindo sobre a integridade da estrutura observada em um relatório de engenharia há mais de dois anos.

    Um relatório de 2018 concluído pela Morabito Consultants, uma empresa de engenharia estrutural, “detalhou rachaduras e quebras significativas no concreto”, disse um comunicado da empresa no sábado (26).

    O grupo disse ter fornecido uma estimativa para “fazer os reparos extensos e necessários” à associação de condomínios. O relatório não indicou se a estrutura estava em risco de colapso.

    A Morabito foi novamente contratada pela associação do condomínio em junho de 2020 para o processo de reparo e restauração do prédio de 40 anos, de acordo com o comunicado.

    No momento do colapso, eram feitos reparos no telhado, mas a restauração do concreto não havia começado, disse a empresa, acrescentando que “fornece exclusivamente” serviços de consultoria de engenharia e não fornece serviços relacionados à construção.

    “Estamos profundamente preocupados com o desabamento deste edifício e estamos trabalhando em estreita colaboração com as autoridades investigadoras para entender por que a estrutura ruiu. Ao fazermos isso, também continuamos a orar por todos os afetados por este trágico evento”, disse a empresa em comunicado.

    De acordo com uma reportagem da NPR, Rosendo Prieto, que trabalhava como fiscal de construção da cidade na época, garantiu aos moradores de Champlain Towers South que seu prédio estava “em muito bom estado” em uma reunião em novembro de 2018. A NPR citou detalhes ata da reunião que obteve.

    Dois dias antes da reunião, Mara Chouela, integrante da diretoria do condomínio, encaminhou a Prieto a cópia do laudo do engenheiro estrutural que alertava sobre “grandes danos estruturais”, segundo e-mail divulgado pela prefeitura no sábado.

    “O relatório do engenheiro estrutural foi analisado pelo senhor Prieto”, diz a ata citada pela NPR, em uma aparente referência ao relatório de 2018 do engenheiro estrutural da Morabito Consultants. “Parece que o prédio está em muito bom estado”, observou a ata, de acordo com a NPR.

    Prieto não trabalha mais para a prefeitura de Surfside e atualmente atua como responsável interino por construções para Doral, outra cidade no condado de Miami-Dade, de acordo com o site de Doral e um documento do condado. Ele não respondeu aos pedidos de comentário da CNN.

    Moradores relataram tremores durante construção de prédio próximo

    Eliana Salzhauer, uma das três comissárias da cidade de Surfside disse à CNN na noite de domingo que os sobreviventes do colapso que ela encontrou disseram que sentiram tremores durante a construção de um prédio próximo nos últimos anos.

    Salzhauer disse que alguns dos sobreviventes disseram que ficaram incomodados com o tremor no prédio que ocorreu enquanto um arranha-céu estava sendo construído nas proximidades – o prédio estaria tremendo, rachando e vazando água na garagem.

    “Eles ficaram muito traumatizados e abalados”, disse Salzhauer, acrescentando que ouviu pessoas dizendo que o prédio “estava tremendo o tempo todo”, durante a construção.

    Salzhauer também disse que o relatório de 2018 concluído por engenheiros estruturais era alarmante.

    “Em retrospecto, ler esse relatório é muito condenatório. Você lê o relatório e pensa: ‘Meu Deus. Como eles não perceberam isso?'”, Disse Salzhauer.

    Magaly Ramsey, filha de Magaly Delgado – que ainda está desaparecida –, disse a Wolf Blitzer da CNN no sábado que sua mãe estava preocupada com o tremor pela construção próxima.

    “Quando o outro prédio ao lado dele, que é relativamente novo, estava sendo construído, ela reclamou de muitos tremores e coisas que estavam sendo feitas no outro prédio que às vezes ela ficava preocupada com o que poderia estar acontecendo com seu prédio”, explicou.

    Delgado não foi a única a levantar preocupação. Em um e-mail para Prieto em 2019, Chouela, a conselheira do condomínio, disse que estava preocupada que a construção próxima estivesse “cavando muito perto de nossa propriedade”.

    “Estamos preocupados com a estrutura do nosso prédio”, disse Chouela.

    Líderes locais revisam protocolos de construção

    O colapso em Surfside fez com que as cidades vizinhas revisassem seus protocolos de recertifcação de edifícios.

    A menos de 8 quilômetros ao norte, a cidade de Sunny Isles Beach começará a enviar equipes para inspecionar prédios nesta segunda-feira (28), depois de anunciar no sábado que iriam modificar o processo existente para recertificações de edifícios de 40 anos, disse a vice-prefeita Larisa Svechin à CNN.

    “Quanto mais os residentes verem o que estamos fazendo, melhor para todos”, explicou Svechin.

    Na sexta-feira, a cidade de Miami enviou uma carta incentivando edifícios com mais de seis andares e mais de 40 anos a serem inspecionados por um engenheiro estrutural qualificado, disse à CNN Stephanie Severino, diretora de comunicação da cidade. Eles estão pedindo uma resposta dentro de 45 dias com quaisquer possíveis preocupações estruturais.

    O prefeito de Boca Raton, Scott Singer, disse à CNN em um e-mail no domingo que sua cidade está criando “padrões mais rígidos para certificações de edifícios” após o colapso de Surfside.

    “Nossa equipe de construção tem trabalhado com outras jurisdições para determinar as melhores práticas”, disse Singer no e-mail. 

    “Vários de nossos condomínios estão trabalhando em restaurações abrangentes. Podemos esperar mais desses esforços e medidas cada vez maiores para garantir a segurança e o bem-estar de nossos residentes.”

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)