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    EUA e Iraque devem negociar fim da coalizão militar liderada pelos americanos

    Missão tinha como objetivo aconselhar e ajudar as forças locais a evitar o ressurgimento do Estado Islâmico

    Timour AzhariPhil Stewartda Reuters

    Os Estados Unidos e o Iraque devem iniciar negociações sobre o fim de uma coalizão militar internacional liderada pelos EUA no Iraque e como substituí-la por relações bilaterais, disseram quatro fontes à agência Reuters. O processo havia sido paralisado pela guerra na Faixa de Gaza.

    Os EUA transmitiram a mensagem em uma carta entregue pela embaixadora americana no Iraque, Alina Romanowski, ao ministro das Relações Exteriores iraquiano, Fuad Hussein, nesta quarta-feira (24), afirmaram três fontes.

    Com isso, os Estados Unidos abrem mão de uma condição prévia para as negociações: que os ataques contra eles por parte de grupos militantes iraquianos apoiados pelo Irã parassem primeiro, disseram três fontes.

    O Ministério das Relações Exteriores do Iraque destacou que uma carta “importante” foi entregue e que o primeiro-ministro a estudaria cuidadosamente, sem dar mais detalhes.

    As negociações devem durar vários meses, se não mais, com o resultado incerto e nenhuma retirada iminente das tropas dos EUA.

    Evitando o ressurgimento do Estado Islâmico

    Os Estados Unidos têm 2.500 soldados no Iraque, aconselhando e ajudando as forças locais a evitar o ressurgimento do Estado Islâmico, que em 2014 tomou grandes partes do país e da Síria antes de ser derrotado.

    Centenas de soldados de outros países, sobretudo europeus, também estão no Iraque como parte da coalizão que foi criada para combater o Estado Islâmico.

    A presença dessa missão no Iraque tem estado sob pressão crescente. Isso porque o país, um raro aliado tanto do Irã quanto dos EUA, tem testemunhado uma escalada de ataques retaliatórios entre as milícias e as forças americanas desde o início da guerra em Gaza, com os grupos armados tentando atingir os EUA pelo seu apoio a Israel.

    As tropas americanas no Iraque e na Síria foram atacadas cerca de 150 vezes por militantes alinhados ao Irã baseados no Iraque, e os EUA conduziram uma série de ataques de retaliação, o último na terça-feira (23).

    Escalada da violência

    A escalada da violência levou o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, a pedir pela saída rápida das forças da coalizão através de negociações, um processo que começou no ano passado, mas foi paralisado quando a guerra de Gaza começou.

    Washington não estava disposto a negociar uma potencial retirada enquanto estava sob ataque, preocupado com a possibilidade de fazer com que qualquer mudança na missão parecesse pressionada, encorajando assim os rivais regionais, incluindo o Irã.

    Mas o cálculo mudou quando se percebeu que os ataques provavelmente não iriam parar e que a situação estava levando a uma escalada constante nas tensões, avaliaram duas das fontes.

    “Os EUA e o Iraque estão perto de um acordo sobre o início do diálogo da Comissão Militar Superior, que foi anunciado em agosto”, pontuou uma autoridade dos EUA.

    Foi dito, segundo apuração da Reuters, que a comissão permitiria uma avaliação conjunta da capacidade das forças de segurança iraquianas para combater o Estado Islâmico e “modelar a natureza da relação de segurança bilateral”.

    “Estamos discutindo isso há meses. O momento não está relacionado aos ataques recentes. Os EUA manterão pleno direito de autodefesa durante as negociações”, destacou a autoridade.

    Os ataques foram liderados por poderosas milícias iraquianas de linha dura com ligações estreitas ao Irã, muitas das quais não têm representação no Parlamento ou no governo, mas ainda influenciam a tomada de decisões.

    As autoridades iraquianas e norte-americanas esperam que o início formal das negociações possa reduzir a pressão política sobre o governo e potencialmente diminuir os ataques às forças dos EUA.

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