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    EUA dizem que Israel aceitou proposta de cessar-fogo

    Secretário de Estado, Antony Blinken, está em Israel para pressionar andamento de negociações

    Jennifer HanslerMichael ConteAlex Marquardtda CNN

    O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse nesta segunda-feira (19) que Israel aceitou uma proposta para preencher as lacunas nas negociações de cessar-fogo e que o próximo passo é o grupo Hamas aceitar, antes das novas negociações previstas para acontecer ainda esta semana.

    “A próxima declaração importante é que o Hamas diga sim e, depois, nos próximos dias, que todos os negociadores especializados se reúnam para trabalhar em esclarecimentos sobre a implementação do acordo”, afirmou Blinken em uma coletiva de imprensa em Tel Aviv.

    Momentos antes, Blinken disse que o esforço para finalizar um cessar-fogo e um acordo de reféns em Gaza atingiu um “momento decisivo”, já que visitou Israel antes de seguir para o Egito na terça-feira (20).

    Esta é “provavelmente a melhor, talvez a última, oportunidade de levar os reféns para casa, de conseguir um cessar-fogo e de colocar todos em um caminho melhor para a paz e a segurança duradoura”, destacou Blinken em declarações ao lado do presidente israelense, Isaac Herzog, em Tel Aviv, antes do encontro entre os dois.

    “É hora de todos chegarem ao sim e não procurarem desculpas para dizer não”, declarou Blinken. “É hora disso ser finalizado. Também é hora de garantir que ninguém tome nenhuma medida que possa atrapalhar o processo”.

    Pouco depois de se encontrar com o presidente israelense, Blinken dirigiu até Jerusalém para se encontrar com o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu. Os dois se reuniram por três horas, das quais duas horas e meia foram a sós.

    Em uma coletiva de imprensa após as reuniões, Blinken disse que Netanyahu aceitou a “proposta de transição” apresentada na semana passada pelos EUA, Catar e Egito.

    O gabinete do primeiro-ministro informou que a reunião com Blinken “foi positiva e aconteceu em um ambiente bom”, acrescentando que Netanyahu “reiterou o compromisso de Israel com a atual proposta americana sobre a libertação dos nossos reféns, que tem em conta as necessidades de segurança de Israel”.

    Blinken classificou a sua reunião com Netanyahu como “muito construtiva” e disse que o primeiro-ministro israelense se comprometeu em enviar negociadores para “concluir este processo”, seja no Catar ou no Egito.

    “Mas esperamos que o Hamas, em primeiro lugar, apoie a proposta de transição e depois se junte a todos na tentativa de obter esclarecimentos sobre como os compromissos serão implementados”, compartilhou Blinken.

    Uma fonte familiar disse que os dois discutiram a proposta e Netanyahu reiterou o seu apoio ao acordo e comprometeu-se em enviar de volta os mediadores. Os EUA ainda esperam que o processo avance.

    Os dois discutiram planos para o “dia seguinte” em Gaza, assistência humanitária e outras “áreas específicas” que deverão ser tratadas em conversas.

    Blinken também se reuniu separadamente com o ministro da Defesa Israelense, Yoav Gallant, que é visto como um moderador dentro do governo israelense e manteve contato frequente com Blinken durante a guerra.

    Um novo plano de cessar-fogo elaborado pelos EUA, Catar e Egito foi apresentado na sexta-feira (16), após dois dias de negociações em Doha. Os mediadores têm intensificado os esforços enquanto o Oriente Médio se prepara para um possível ataque iraniano contra Israel, e depois do número de mortos desde outubro em Gaza ter atingido 40 mil pessoas – um número desolador que sublinha 10 meses de sofrimento, desnutrição e desespero no enclave palestino durante a guerra entre Israel e o Hamas.

    As viagens para reuniões presenciais de Blinken evidenciam a pressão pública e a necessidade de um acordo. Nesta segunda-feira (19), ele disse que estava em Israel como “parte de um intenso esforço diplomático sob as instruções do presidente (Joe) Biden para tentar finalizar este acordo”.

    Blinken não disse que cabia especificamente ao Hamas aceitar o acordo – ele não mencionou o grupo em geral.

    As autoridades dos EUA expressaram otimismo sobre as perspectivas da “proposta de transição”. No entanto, no domingo (18) à noite, o Hamas e Netanyahu trocaram acusações sugerindo que um acordo ainda pode estar longe.

    O Hamas disse que a última proposta feita após discussões entre mediadores em Doha não incluía um cessar-fogo permanente e introduzia novas condições para a troca de prisioneiros, entre outras questões.

    O grupo culpou Netanyahu por “obstruir” o alcance a um acordo e reiterou seu desejo de promulgar uma proposta de três fases apresentada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que incluiria a libertação de reféns de Gaza, um “cessar-fogo total e completo” e a libertação de prisioneiros palestinos detidos em Israel. O Hamas pediu aos mediadores para “obrigar a ocupação a implementar” esse plano.

    Netanyahu respondeu, dizendo que Israel não irá “ceder à exigência do Hamas” de acabar com a guerra em Gaza como condição para um acordo.

    “O primeiro-ministro insistiu fortemente nesta exigência fundamental, que é vital para alcançar os objetivos da guerra, e o Hamas mudou a sua posição”, informou um comunicado do gabinete de Netanyahu no domingo (18). “O primeiro-ministro continuará a trabalhar na promoção de um acordo que maximize o número de reféns vivos e que permita alcançar todos os objetivos da guerra”.

    Outros pontos de discórdia importantes nas conversas incluem a insistência de Israel em controlar a fronteira entre Gaza e o Egito, ter um veto sobre a libertação de prisioneiros palestinos e impedir o movimento de homens armados do sul de Gaza para o norte.

    Apesar da retórica negativa, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse no domingo (18) acreditar que um acordo “ainda é possível”.

    “Não vamos desistir”, pontuou Biden a repórteres. Uma autoridade dos EUA declarou nesta segunda-feira (19) que as negociações devem ser retomadas ainda esta semana, conforme planejado.

    Um “momento tenso” para Israel

    Falando ao lado de Herzog, Blinken reconheceu que é um “momento tenso” para Israel devido às preocupações sobre a possibilidade de ataques do Irã e seus representantes, incluindo o Hezbollah no Líbano, e disse que os EUA “tomaram ações decisivas… para deter quaisquer ataques e, se necessário, para se defender contra quaisquer ataques”.

    “Estamos trabalhando para garantir que não haja escalada, não haja provocações, que não haja ações que de alguma forma possam nos afastar de finalizar este acordo, ou, nesse caso, de escalar o conflito para outros lugares e com maior intensidade”, afirmou.

    Repercutindo as declarações feitas por Netanyahu, Herzog culpou o Hamas pelo acordo ainda não ter sido finalizado, dizendo que “as pessoas têm de compreender que a recusa do Hamas impossibilita o avanço”.

    O presidente israelense expressou otimismo. “Simplesmente, ainda estamos muito esperançosos de que possamos avançar nas negociações conduzidas pelos mediadores”, compartilhou.

    No domingo (18), o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas disse que o governo israelense está “arrastando os pés” e acusou o primeiro-ministro de não fazer “tudo ao seu alcance para trazer de volta os reféns”.

    Esta é a nona viagem que Blinken faz à região desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.

    Quando Blinken chegou em Israel no domingo, houve uma explosão em Tel Aviv que as autoridades israelenses declararam ter sido um ataque terrorista. O braço armado do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, assumiu a responsabilidade pela explosão.

    À noite, um ataque aéreo israelense no centro de Gaza matou sete membros da mesma família, segundo autoridades médicas. Seis crianças e suas mães foram mortas no ataque a uma casa em Deir al-Balah, de acordo com o hospital Al-Aqsa. O pai das crianças ficou ferido, afirmou um porta-voz do hospital.

    O ataque acontece apenas um dia depois de um ataque israelense ter matado pelo menos 15 pessoas, todas da mesma família, na área de al-Zawayda, em Deir al-Balah, no centro de Gaza. Nove crianças estavam entre os mortos, segundo a Defesa Civil de Gaza.

    Em um comunicado no domingo, os militares israelenses disseram que as forças continuam operando em Khan Younis e Deir al-Balah. Os médicos detectaram no enclave, na semana passada, o primeiro caso de poliomielite em 25 anos.

     

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