EUA: Democratas desejam votar teto da dívida após fala de Biden sobre obstrução

Os democratas do Senado devem tentar novamente, nesta quarta-feira (6), estender o limite de empréstimo do governo dos Estados Unidos para evitar um calote catastrófico, depois que o presidente Joe Biden sugeriu que eles poderiam mudar as regras da Câmara para contornar um bloqueio republicano.

Há meses os republicanos se recusam a ajudar a aumentar o limite autoimposto de US$ 28,4 trilhões (aproximadamente R$ 155 trilhões) para empréstimos, e tentam forçar os democratas a usar uma manobra parlamentar diferente para fazer isso, na esperança de marcar pontos políticos com os eleitores.

Com menos de duas semanas para a expectativa do Departamento do Tesouro de ficar sem meios para custear as despesas do governo, os democratas estão analisando todas as opções.

“Possibilidade real”

Biden disse nesta terça-feira (5) que há “possibilidade real” de que os democratas usem sua frágil atual maioria para derrubar a regra de obstrução do Senado, que exige que 60 dos 100 membros da Câmara concordem em aprovar a maior parte da legislação.

Biden, ele próprio um ex-senador, já havia se oposto a mudanças na regra de obstrução, que visa ajudar a manter a estabilidade do governo durante os ciclos eleitorais.

Se os democratas seguirem adiante, eles podem facilmente suspender o teto da dívida antes do prazo final de cerca de 18 de outubro.

Isso evitaria o risco de inadimplência incapacitante e permitiria que eles se concentrassem na aprovação de duas contas gigantescas de gastos que constituem a maior parte do orçamento doméstico da agenda de Biden.

Muitos democratas há muito argumentam que o Senado deveria descartar totalmente a regra de obstrução, dizendo que impede o progresso na legislação sobre mudanças climáticas, direitos de voto e outras prioridades. A câmara já permite que juízes federais, incluindo juízes da Suprema Corte, obtenham a aprovação por maioria direta.

Resolução no Senado

Senadores democratas de centro, incluindo Joe Manchin e Kyrsten Sinema, disseram repetidamente que não estão dispostos a se desfazer da obstrução, o que deixaria o partido sem os votos necessários para mudar a regra. Eles não puderam ser contatados para comentar se as palavras de Biden mudariam suas opiniões.

Os senadores democratas John Hickenlooper e Ron Wyden disseram na terça-feira que estão abertos a abandonar a exigência de obstrução para a votação do limite da dívida. Manchin se recusou a comentar quando questionado sobre isso antes dos comentários de Biden.

O Senado deve realizar uma votação de procedimento na tarde desta quarta-feira que permitiria iniciar o debate de um projeto de lei que suspenderia o limite da dívida até dezembro de 2022, após as eleições que determinarão o controle do Congresso pelos próximos dois anos.

Isso foi aprovado na Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, na semana passada, mas os republicanos a protelaram no Senado com a obstrução.

Sem uma resolução rápida, alguns serviços do governo podem ser suspensos, como a entrega de cheques de benefícios da Previdência Social aos idosos.

Até mesmo uma resolução em cima da hora provavelmente seria prejudicial. Uma disputa sobre o teto da dívida em 2011, que o Congresso resolveu dois dias antes de o limite de endividamento ser atingido, fez com que as ações despencassem e provocou o primeiro rebaixamento de crédito da dívida dos Estados Unidos.

O Moody’s Investors Service disse na terça-feira que espera que Washington aumente o limite da dívida.

O senador democrata Mark Warner disse que o Congresso já estava arriscando a credibilidade dos Estados Unidos, no entanto. “Estamos na zona de perigo agora”, disse o parlamentar.