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    Estudo reforça ligação entre Covid-19 e doença inflamatória rara em crianças 

    Pacientes com sintomas semelhantes ao de síndrome rara têm testes positivos para novo coronavírus, preocupando pesquisadores

    Síndrome misteriosa: crianças infectadas pela COVID-19 estão apresentando sinais de doença que provoca inflamação nos vasos sanguíneos, mesmo assintomáticas para o novo coronavírus; pesquisadores pedem atenção de pais
    Síndrome misteriosa: crianças infectadas pela COVID-19 estão apresentando sinais de doença que provoca inflamação nos vasos sanguíneos, mesmo assintomáticas para o novo coronavírus; pesquisadores pedem atenção de pais Foto: Neil Hall/Reuters

    da CNN, em São Paulo

    O novo coronavírus está por trás de uma doença respiratória diagnosticada em crianças e adolescentes. Essa é a tese reforçada por um estudo publicado nesta quarta-feira (13) na revista científica The Lancet. O relatório detalha que, apenas na província italiana de Bergamo, 10 crianças foram internadas com sintomas similares aos da doença de Kawasaki. 

    Embora não seja considerada a mesma enfermidade, a revista científica explica que a doença de Kawasaki é uma síndrome infantil rara que em seus sintomas iniciais causam irritação na pele e febre alta, podendo avançar para uma infecção generalizada dos vasos sanguíneos, gânglios linfáticos, pele e membranas mucosas, como a da boca. 

    Se diagnosticada no início, a condição é facilmente tratável, mas com o passar dos dias a inflamação nos vasos sanguíneos pode prejudicar o fluxo de sangue, causando complicações cardíacas, sendo a mais extrema o infarto do miocárdio. 

    A situação chamou a atenção de autoridades de saúde da Itália porque nos últimos cinco anos apenas 19 crianças da região haviam sido diagnosticadas com a síndrome. Já no período entre o dia 18 de fevereiro e 20 de abril deste ano, 10 casos foram confirmados, oito deles em jovens testados positivos para a Covid-19. 

    Todas as crianças se recuperaram, mas os sintomas dos pacientes tratados durante a pandemia foram mais severos que os dos infectados nos últimos anos. Em relatório anterior, divulgado na última quinta-feira (7), a revista The Lancet também detalhou a situação em Londres em que oito crianças foram internadas com sintomas da doença.

    Duas delas testaram positivo para a Covid-19, sendo que uma morreu. Pelo menos outras três aguardavam o resultado após serem expostas a familiares que tiveram o vírus, apesar de nenhuma delas apresentar os típicos sintomas respiratórios que caracterizam a presença da doença.

    Considerando a situação, os cientistas investigam se — e porque — crianças e adolescentes, até agora não considerados um grupo de risco do novo coronavírus, podem desenvolver a condição inflamatória mesmo assintomáticos para a descrição típica da doença. 

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    Assim como foi registrado na Itália, a The Lancet alerta que a situação é preocupante pelo grande número de casos em comparação com a estatística rotineira. As oito crianças na Inglaterra, por exemplo, foram internadas com choque hiper inflamatório em um período de 10 dias na segunda quinzena de abril — enquanto as estatísticas regulares variam entre uma ou duas ocorrências por semana. Todos os infectados no período estudado não tinham doenças pré-existentes. 

    Até o momento, além de Itália e Reino Unido, os Estados Unidos também já se movimentaram contra a síndrome. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano vai emitir um alerta aos médicos com informações e protocolos sobre a síndrome e sua relação com a COVID-19, depois que o estado de Nova York já reportou 100 casos suspeitos para a doença em crianças que também testaram positivo para o novo coronavírus. 

    Duas crianças de 5 e 7 anos e um jovem de 18 morreram no estado por complicações da condição, renomeada no país como “síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica”.

    Essas informações expandem a faixa etária de pessoas afetadas pela doença que, em estatísticas anteriores, atingia com mais severidade crianças abaixo dos 5 anos. Ainda no fim de abril, o Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra também enviou um “alerta urgente” aos médicos, avisando que casos da síndrome poderiam estar vinculados ao coronavírus.

    O autor do estudo italiano sobre o assunto, o médico Lucio Verdoni, do Hospital Papa Giovanni XXIII, pediu que pais fiquem atentos a possíveis sintomas dos filhos. “Apesar dessa complicação continuar sendo muito rara, nosso estudo oferece mais evidências de como o vírus pode estar afetando crianças. Pais devem seguir os conselhos médicos locais e procurar uma unidade de saúde imediatamente se seus filhos se sentirem mal. A maioria das crianças terá uma recuperação completa se receberem cuidados hospitalares apropriados.”