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    Estratégia de Putin já foi utilizada outras vezes, avalia especialista

    Em entrevista à CNN, Fernanda Magnotta classificou o reconhecimento da independência de áreas separatistas da Ucrânia por Putin como "muito grave"

    Layane SerranoVinícius TadeuAnna Gabriela Costada CNN , São Paulo

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu a independência de duas áreas separatistas da Ucrânia nesta segunda-feira (21). A decisão causou reações de diversos países, que falaram em sanções contra os russos. No entanto, de acordo com a coordenadora de Relações Internacionais da Faap Fernanda Magnotta, a estratégia de Putin já foi colocada em prática outras vezes.

    Em entrevista à CNN, Magnotta citou a tática usada pela própria Rússia em 2008, quando Putin reconheceu a independência de duas regiões separatistas da Geórgia e causou forte desgaste diplomático com o Ocidente. Em reação, a ex-república soviética rompeu relações com Moscou e elevou as tensões entre os dois países.

    A especialista também comentou sobre a estratégia usada por Adolf Hitler em relação à Tchecoslováquia no ano de 1938. De acordo com a professora, o movimento de “reconhecer a independência de um grupo e depois mandar tropas para a região e a partir daí esperar a reação de um outro país para declarar invasão e culminar em um aguerra” não é algo inédito na história.

    Magnotta avalia, inclusive, que o movimento feito pela Rússia em 2008 deve ser lembrado como precedente histórico na reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU, que foi convocada após o reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, por Putin.

    “É sempre importante acompanhar o que acontece no Conselho porque ele é o foro pertinente para tratar desses casos”, avaliou.

    No entanto, segundo Magnotta, nenhuma grande sanção deve ser definida na reunião, já que a presença da Rússia entre os membros inviabiliza a tomada de grandes decisões neste contexto.

    A professora ainda classificou a decisão de Putin como “muito grave”. “O presidente Putin questionou a razão de ser da Ucrânia como um país independente e isso é muito grave do ponto de vista do direito internacional”, afirmou Magnotta.

    Sanções colocadas pelo Ocidente foram muito fracas

    O especialista da CNN sobre Relações Internacionais, Rubens Barbosa, considerou que as sanções apresentadas por líderes mundiais – após Putin ter reconhecido independência de duas áreas separatistas da Ucrânia – foram “fracas”. Para o especialista afirma que a situação mostra a dificuldade do Ocidente em enfrentar este problema.

    “A resposta inicial das sanções colocadas nessas duas províncias foi muito débil, muito fraca, o que mostra a dificuldade que o Ocidente está tendo para enfrentar esse problema. No fundo, ninguém quer essa guerra, disso se beneficia o Putin. Os pronunciamentos hoje da Alemanha, França, da Nato, elas exigiram sanções e não disseram quais são as sanções, e quando os EUA propuseram sanções se limitaram apenas a essas duas províncias”, disse o especialista.

    “Está muito difícil coordenar uma ação mais forte em relação à Rússia, essa reação só vai acontecer se efetivamente a Rússia invadir a Ucrânia. Como o território já tava ocupado por simpatizantes da Rússia, até agora a reação foi muito tímida, vamos ver o que irá acontecer se ultrapassar esse limite”, acrescentou Rubens Barbosa.

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