“Estamos acostumados a isso”, diz chanceler russo sobre sanções econômicas
Sergei Lavrov disse que o Ocidente imporia as medidas independentemente dos eventos e descreveu as declarações como previsíveis
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, minimizou nesta terça-feira (22) a ameaça de sanções contra o país, dizendo que o Ocidente as imporia independentemente dos eventos. Ele descreveu como previsível a resposta ao reconhecimento pela Rússia de duas regiões separatistas da Ucrânia.
“Nossos colegas europeus, americanos e britânicos não vão parar e não vão se acalmar até que tenham esgotado todas as suas possibilidades para a chamada ‘punição da Rússia’. Eles já estão nos ameaçando com todo tipo de sanções ou, como dizem agora, ‘a mãe de todas as sanções'”, disse Lavrov.
“Bem, estamos acostumados a isso. Sabemos que as sanções serão impostas de qualquer forma, em qualquer caso. Com ou sem razão”, acrescentou.
Desde que o presidente russo, Vladimir Putin, decretou que o Ministério da Defesa envie as forças armadas do país para as regiões separatistas no leste da Ucrânia, a comunidade internacional se movimentou para repreender a Rússia através da aplicação de sanções econômicas.
Além de Estados Unidos e o Reino Unido, União Europeia e Japão já anunciaram que vão introduzir tais medidas contra os russos. Os Estados Unidos estão coordenando com os aliados novas sanções. Na noite de segunda-feira (21), a informação foi confirmada pela embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
“Amanhã, os Estados Unidos vão impor sanções contra a Rússia por essa clara violação da lei internacional e da soberania e integridade dos territórios da Ucrânia”, disse ela aos repórteres depois da reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU.
Os detalhes dessa nova rodada de sanções ou controle de exportações ainda são desconhecidos. Porém, segundo um porta-voz da Casa Branca, as medidas seriam diretas contra a Rússia. Essa informação também corrobora com a fala de líderes europeus.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.