Estados Unidos e União Europeia ensaiam sanções ao Níger após golpe
Presidente Mohamed Bazoum foi derrubado por um levante organizado pela Guarda Presidencial, com o apoio do exército; governo será comandado pelo general Abdourahamane Tiani
A União Europeia e os Estados Unidos fizeram ameaças de sanções ao Níger, após o anúncio de deposição do presidente Mohamed Bazoum, a dissolução da constituição que rege as leis do país e a instauração de um novo governo encabeçado pelo general Abdourahamane Tiani.
O Níger é um dos principais destinatários da ajuda de segurança ocidental e um parceiro fundamental da União Europeia na contenção da migração irregular da África subsaariana.
“Qualquer ruptura na ordem constitucional terá consequências para a cooperação entre a UE e o Níger, incluindo a suspensão imediata de todo o apoio orçamentário”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, nesta sexta-feira.
General se apresenta como novo líder no Níger
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, disse que a cooperação com o governo do Níger depende de seu “compromisso contínuo com os padrões democráticos”.
Alemanha, Itália, França e Estados Unidos têm tropas no Níger em treinamento militar e missões de contrainsurgência.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse que a situação ainda é dinâmica e que a prioridade é a segurança dos soldados no terreno.
“Ainda não está claro como a liderança se posicionará sobre o envolvimento de parceiros ocidentais no futuro”, disse ele à revista Spiegel.
Novo governo
Líderes do golpe no Níger declararam o general Abdourahamane Tiani como o novo chefe de Estado nesta sexta-feira (28) e disseram que suspenderam a constituição e dissolveram todas as instituições anteriores após derrubar o presidente Mohamed Bazoum.
Tiani era o chefe da guarda presidencial, cujos soldados fecharam Bazoum em seu palácio na quarta-feira e disseram que o demitiram por causa da má governança e da piora na segurança.
O general apareceu na televisão estatal na sexta-feira com uma faixa na tela que o descrevia como presidente de um conselho militar recém-formado, o Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP).
“O Presidente do CNSP é o chefe de estado. Ele representa o estado do Níger nas relações internacionais”, disse um oficial, lendo um comunicado.
A constituição foi suspensa e o governo dissolvido, cabendo ao CNSP exercer todo o poder legislativo e executivo, refere o comunicado. O exército já havia anunciado na quinta-feira que apoiaria o movimento que derrubou Bazoum.
(Publicado por Fábio Mendes, com informações da CNN e Reuters)