Esquerda francesa diz que pode governar, mas centro se diz necessário
Resultado das eleições de domingo (7) colocou a França em um limbo político, uma vez que nenhum partido conseguiu maioria na Assembleia Nacional
Os líderes políticos franceses do bloco de esquerda que ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas de domingo (7) disseram que pretendem governar de acordo com seu programa de altos gastos, mas os centristas afirmam que deveriam desempenhar um papel, já que a esquerda não tem maioria.
O resultado inesperado da eleição antecipada mergulhou a França na incerteza pouco antes dos Jogos Olímpicos de Paris, sem um caminho óbvio para um governo estável capaz de aprovar qualquer legislação em um Parlamento fragmentado.
A Nova Frente Popular (NFP), de esquerda, conquistou o maior número de cadeiras na Assembleia Nacional, mas não conseguiu a maioria absoluta por cerca de 100 cadeiras. Os correligionários centristas do presidente Emmanuel Macron ficaram em segundo lugar e o Reunião Nacional, de ultradireita, em terceiro.
Os líderes da NFP se reuniram a portas fechadas várias vezes desde que o resultado foi divulgado na noite de domingo (7), tentando chegar a um acordo sobre qual deles deveria ser o primeiro-ministro e como eles deveriam abordar o governo sem maioria.
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de extrema esquerda França Insubmissa, disse que um governo da NFP deveria implementar totalmente seu programa, que inclui o aumento do salário mínimo, a redução da idade de aposentadoria e a limitação dos preços do combustível, da energia e de alguns alimentos básicos.
O programa político “não pode ser cortado em pedaços”, afirmou ele na televisão TF1 na noite de segunda-feira (8), rejeitando a ideia de uma coalizão com partidos de fora da NFP.
“Este país está sofrendo com as mentiras de seus líderes, que prometem certas coisas e cumprem outras”, disse Mélenchon, argumentando que essa era uma razão pela qual a NFP deveria permanecer fiel aos seus princípios declarados.
No entanto, os centristas apontaram que a NFP estava muito longe de ter uma maioria para governar sem o apoio de seu próprio bloco parlamentar. Eles sugeriram que a NFP deveria se separar para que seus elementos mais moderados pudessem formar uma coalizão mais ampla de partidos de centro-esquerda, ecologistas, centristas e de centro-direita.
“O bloco de centro está preparado para negociar com todos os partidos que compartilham nossos valores republicanos”, disse o ministro das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, líder do partido Renascimento de Macron, falando na televisão LCI.
“Nossas pré-condições precisam ser definidas, mas nossas linhas vermelhas são bem conhecidas”, declarou ele, listando o apoio à União Europeia e à Ucrânia, o combate ao racismo e ao antissemitismo, a aceleração da transição para uma economia verde e a manutenção dos esforços para aumentar a atração da França como destino de investimentos.
“Isso necessariamente exclui Jean-Luc Mélenchon e a França Insubmissa da equação governamental”, disse ele.