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    Especialistas dizem que solução de DeSantis para cartéis é inviável

    Pré-candidato republicano à presidência dos EUA disse em debate que enviaria militares para combater narcotraficantes

    Haley Britzkyda CNN

    Questionado na noite de quarta-feira (23), no primeiro debate presidencial do Partido Republicano dos EUA, se apoiaria o envio das Forças Especiais dos EUA para o México para enfrentar cartéis de drogas que operam no país, Ron DeSantis respondeu claramente: “Sim, e eu vou fazer isso no primeiro dia”.

    “O presidente dos Estados Unidos tem que usar todos os poderes disponíveis como comandante chefe para proteger o nosso país e proteger o povo. Então, quando eles vierem, sim, vamos usar força letal, sim, nos reservamos o direito de operar”, continuou.

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    Ele realçou o seu plano num tuíte depois do debate: “Sim, eu enviaria as Forças Especiais dos EUA para remover os cartéis de drogas mexicanos”.

    O porta-voz de DeSantis, Bryan Griffin, disse à CNN: “Ron DeSantis vai declarar uma emergência nacional no primeiro dia, mobilizar todos os recursos militares, declarar os cartéis como narcoterroristas e alterar as regras de envolvimento na fronteira. A força total do governo federal será utilizada para garantir que o fluxo ilegal de drogas seja interrompido, e ele usará todas as ferramentas que ele tem para esse fim”.

    DeSantis não é o único republicano a apelar à ação militar contra os cartéis de droga. No entanto, embora os especialistas digam que a frustração sobre os cartéis no México e seus impactos nos americanos sejam válidos, eles alertam que tomar medidas militares no solo do vizinho ao sul dos EUA poderia desencadear uma crise diplomática.

    Vanda Felbab-Brown, diretora da Iniciativa sobre Atores Armados Não Estatais da Brookings Institution, explicou que designar os cartéis como uma organização terrorista estrangeira permitiria “uma ação letal”, embora isso “não elimine a controvérsia diplomática e a indignação que teria qualquer governo mexicano”.

    Uma ação como essa pode ter “grandes implicações para o comércio”, continuou Felbab-Brown.

    “Podemos dizer o que queremos do nosso lado; já da perspectiva do governo mexicano e das forças armadas mexicanas, isso seria muito visto como uma violação maciça da soberania”, opinou a diretora da organização.

    Earl Anthony Wayne, um diplomata de carreira que foi embaixador dos EUA no México de 2011 a 2015, ecoou esse sentimento, dizendo que a ação militar dos EUA no México tem sido “uma questão extremamente sensível” há anos.

    “Fazer isso da maneira que ele colocou criaria uma enorme crise com o México”, afirmou Wayne sobre os comentários de DeSantis. “Quem quer que seja o responsável” pelo México, mesmo que fosse alguém com uma boa relação com os EUA, “seria forçado a tomar medidas drásticas e fechar as fronteiras ou fazer outras coisas”.

    Quanto à autoridade para implantar as forças dos EUA dessa forma, Wayne disse que iria cair “sob o mesmo tipo de autorização para lançar uma operação militar em qualquer outro país do mundo”. Embora os presidentes nem sempre obtenham aprovação do Congresso antes de tomarem medidas militares, eles têm que lidar com o Congresso depois.

    “Teria de haver uma justificativa”, comentou. “E o Congresso questionaria: por que não procuramos a autoridade para isso, qual é a emergência que desencadeou tal ação? Se alguém agir assim sem dizer a ninguém e sem trabalhar com o governo do México, criaria muito tumulto tanto nos Estados Unidos como no México”.

    Ezra Cohen, bolsista do Instituto Hudson que foi secretário assistente interino de defesa para operações especiais e conflitos de baixa intensidade no governo Trump, disse que um presidente “quase certamente” precisaria notificar o Congresso depois de tomar tal ação.

    “O Congresso pode aprovar uma lei que proíba o financiamento para tais operações, mas seria difícil para o Congresso impedir esse tipo de atividade”, pontuou.

    Cohen acrescentou, no entanto, que os EUA estão “sem opções” em como lidar com os cartéis porque o governo mexicano provou ser “demasiado corrupto e não forte o suficiente para lidar com isso”.

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    Tanto Wayne como Felbab-Brown concordaram que a situação é terrível, mas disseram que o melhor caminho a seguir seria encontrar uma maneira de trabalhar com o governo mexicano. Reconheceram, no entanto, que isso ficou cada vez mais difícil.

    Felbab-Brown disse que, hoje, “não há cooperação” com o governo, mas “ainda há oficiais, autoridades policiais e governamentais que entendem que os narcotraficantes estão tomando conta do México”. Tomar medidas militares, disse ela, limitaria “tremendamente” as opções para a cooperação futura.

    “Não é só o fato de que eles não estão cooperando conosco, eles estão deixando o México ser comido vivo pelos cartéis”, sentenciou a especialista. “Mas uma ação militar letal, envolvendo certamente soldados dos EUA, seria um desafio enorme em termos de imagem e de relação bilateral, e azedaria até as pessoas que querem cooperar com os EUA. Dificultaria muito”.

    Para Wayne, a ação militar não é uma ideia séria para lidar com o que se tornou um “problema enorme”.

    “Os grupos cresceram e se tornaram poderosos. Todos estão misturados com a população civil. Dê-me uma solução séria. Não nos alegrem dizendo que vão enviar as Forças Especiais. A questão é cortar os fluxos, não é apenas matar alguns membros de um cartel num armazém onde guardam fentanil”.

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