Especialistas da ONU alertam para “genocídio em formação” em Gaza
Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou a avaliação em um comunicado nesta sexta-feira: "Únicos atos genocidas são do Hamas"
Um grupo de especialistas independentes em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza “aponta para um genocídio em formação”.
A declaração, de quinta-feira (16), foi rejeitada pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel.
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Os especialistas – muitos dos quais são conhecidos como relatores especiais da ONU – disseram que “graves violações cometidas por Israel contra os palestinos no rescaldo de 7 de Outubro, particularmente em Gaza, apontam para um genocídio em formação”.
Os especialistas descreveram as ações de Israel como “o uso de armamento poderoso com impactos inerentemente indiscriminados”.
Eles afirmam que as ações israelenses em Gaza resultam “em um número colossal de mortes e na destruição de infraestruturas que sustentam a vida”.
O grupo também argumenta na declaração que estas ações não poderiam ser justificadas como direito de defesa.
“Para ser legítima, a resposta de Israel deve estar estritamente dentro da estrutura do direito humanitário internacional”, disseram os especialistas.
“A presença de túneis subterrâneos em partes de Gaza não elimina o estatuto civil de indivíduos e infraestruturas que não podem ser alvos diretos nem sofrer desproporcionalmente”, escreve a declaração.
Israel rejeita avaliação de especialistas da ONU
O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou a avaliação em um comunicado na sexta-feira.
“Israel rejeita todas as alegações feitas pelos Relatores Especiais. Aqueles que assinaram a declaração insultam as vítimas de genocídio ao longo da história”, disse o Ministério.
“Israel está comprometido com o direito humanitário internacional e continuará a tomar medidas para prevenir danos aos civis em Gaza”, complementou.
A declaração afirma que foi o Hamas quem colocou os habitantes de Gaza “em perigo”, acrescentando que “os únicos atos genocidas durante o conflito são os do Hamas quando massacrou, violou e torturou pessoas inocentes em Israel no dia 7 de Outubro”.
Secretário-geral da ONU se recusa a comentar
O gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, não comenta as declarações feitas por especialistas independentes, disse o porta-voz Stéphane Dujarric na quinta-feira.
“Esses especialistas são independentes do secretário-geral”, disse Dujarric.
“Sobre a questão do genocídio, somos muito claros na nossa posição, que é a de que um genocídio só pode ser rotulado por um tribunal competente”, acrescentou.