Espanha vai às urnas para escolher novo governo; extrema-direita pode ser “fiel da balança”
Últimas pesquisas de intenção de voto mostraram a direita bem à frente dos governistas socialistas, mas sem a possibilidade de obter maioria; partido Vox, de extrema-direita, surge a seguir e é fiel da balança em possível composição
Mais de 37 milhões de espanhóis podem ir às urnas neste domingo (23) para definir a composição do parlamento do país, composto pela Câmara dos Deputados e o Senado. Por se tratar de uma nação com regime parlamentarista, definirá também quem será o futuro primeiro-ministro.
A votação acontece das 9h às 20h, horário local (4h às 15h, no horário de Brasília).
O governo federal é formado a partir das bancadas eleitas para a Câmara – chamada de “Congreso de los Diputados” na Espanha. O partido ou coalizão que conseguir maioria absoluta – 176 das 350 cadeiras – consegue eleger o candidato a primeiro-ministro.
As últimas pesquisas de opinião permitidas pela lei espanhola antes das eleições, na última segunda-feira (17), mostraram o conservador Partido Popular (PP) bem à frente dos governistas socialistas, mas ainda precisando formar uma coalizão pós-eleitoral para governar. O Vox, partido de extrema-direita, está em terceiro lugar e seria a legenda mais forte a ser convidada para integrar o novo gabinete.
Coalizão necessária
De acordo com os principais institutos de pesquisa espanhóis, o PP obteria 131 a 151 assentos na Câmara dos Deputados.
Apesar de algumas pesquisas mostrarem que, se aliando ao Vox, o partido conquistaria assentos suficientes para garantir uma maioria conjunta à direita, na média de todas as pesquisas divulgadas na segunda (17) pelos institutos de pesquisa GAD3, 40db, IMOP, Sigma 2 e Simple Logica, a possível coalizão ainda ficariam a um assento da maioria, sendo 36 apenas da extrema-direita.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, obteria de 98 a 115 assentos, segundo as pesquisas cujas projeções apontam para uma média de 108 assentos.
O Sumar, uma nova aliança de grupos de extrema-esquerda que inclui o Podemos, o parceiro júnior da coalizão governista, apresenta resultados próximos ao Vox. A aliança conseguiria de 25 a 39 assentos, segundo as pesquisas.
Principais candidatos a primeiro-ministro
Uma aliança hipotética entre o PP e o Vox pode levar o líder do PP, Alberto Nuñez Feijóo, a se tornar primeiro-ministro. Mas ele tem sido enigmático sobre se fecharia uma aliança pós-eleitoral com o Vox, embora os dois partidos tenham se unido em várias regiões e municípios após as eleições locais em 28 de maio, nas quais a coalizão governista sofreu derrotas significativas e perdeu terreno para os conservadores.
O PSOE governava 10 das 12 regiões autónomas, mas perdeu seis delas nas eleições regionais.
Foi por causa dessa derrota que Pedro Sánchez dissolveu o parlamento e convocou, no dia seguinte ao pleito, as eleições gerais para 23 de julho, em vez de cumprir o mandato completo no cargo e realizar as eleições em dezembro.
Uma aliança nacional PP-Vox daria à extrema direita um papel no governo pela primeira vez desde que a atual constituição foi aprovada em 1978, após quatro décadas de ditadura de Francisco Franco.
No caso de vitória dos socialistas, Pedro Sánchez voltaria ao poder. Já Santiago Abascal, presidente do Vox, seria o nome do partido.
A candidata do Sumar é Yolanda Díaz, atual ministra do Trabalho da Espanha e Economia Social da Espanha. Em sua campanha, ela propôs a criação de uma “herança universal” aos jovens espanhóis com mais de 18 anos no valor de 20 mil euros (aproximadamente R$ 106 mil). A intenção seria proporcionar aos jovens um “início de vida adulta confortável” independente do sobrenome ou condição social deles.
Polarização
As eleições regionais mostraram uma Espanha muito polarizada. Um país dividido entre direita e esquerda, de volta à tradicional disputa entre PP e PSOE.
O Cidadãos (Ciudadanos, em espanhol), de centro-direita, que conseguiu 14% dos votos nas eleições gerais de 2015, nem apresentou uma lista de candidatos neste pleito. Já o Podemos foi absorvido pelo Movimento Sumar.
(Com informações de Reuters e CNN Portugal)