Escritório da ONU para Direitos Humanos denuncia “clima de medo” na Venezuela
Comissariado identificou 23 mortes relacionadas à repressão violenta a protestos
A porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, denunciou nesta terça-feira (3) o que classificou como “clima de medo” na Venezuela. A afirmação ocorre na mesma semana em que a justiça venezuelana emitiu um mandado de prisão contra o candidato da chapa opositora a Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de julho, Edmundo González.
“Instamos o governo a garantir que todas as medidas sejam tomadas de acordo com o direito internacional dos direitos humanos com transparência e que sejam tomadas medidas para resolver esta disputa de forma pacífica”, afirmou Shamdasani em uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça.
A porta-voz do escritório da ONU para direitos humanos ainda afirmou que “pessoas estão sendo detidas por expressarem o seu direito à participação política, à sua liberdade de expressão, à liberdade de reunião”.
Uma missão enviada pelo escritório à Venezuela identificou 23 mortes relacionadas à repressão dos protestos por parte das autoridades policiais. Mais de 2.400 manifestantes foram presos na Venezuela desde as eleições, no fim de julho.
“É especialmente preocupante que tantas pessoas estejam sendo detidas, investigadas ou acusadas de incitamento ao ódio ou ao abrigo da legislação antiterrorista. O direito penal nunca deve ser utilizado para limitar indevidamente os direitos à liberdade de expressão, de reunião pacífica e de associação”, afirmou o Alto Comissário para Direitos Humanos, Volker Türk.