Equipes brasileiras chegam à Turquia para atuar na busca e no resgate de vítimas
Missão brasileira é comandada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional
Equipes especializadas em busca e resgate urbano de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo chegaram na madrugada desta sexta-feira (10) em Ancara, na Turquia (noite de quinta, no Brasil), para atuar na localização e no amparo às vítimas dos terremotos que atingiram a região no início da semana.
O pouso estava originalmente previsto para acontecer em Adana, mas devido à superlotação do aeroporto, a aeronave foi direcionada para Ancara, a cerca de 520 quilômetros de distância, e aguarda liberação para seguir para Adana.
A missão brasileira é comandada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. A CNN acompanha a comitiva a convite da Força Aérea Brasileira (FAB).
Integram a missão 22 especialistas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, dois médicos militares, dois integrantes da Defesa Civil de São Paulo, seis especialistas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e seis do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Os profissionais que estão na Turquia têm experiência em ações de busca e resgate em soterramentos, deslizamentos de terra e incêndios. Parte da equipe atuou nas tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, e em missões internacionais de ajuda humanitária ao Haiti e Moçambique.
A comitiva deixou o aeroporto de Guarulhos (SP) por volta das 6h desta quinta-feira a bordo da aeronave cargueira KC-30, da Força Aérea Brasília. Além dos especialistas em busca e resgate, a aeronave também levou cães farejadores e cerca de 10 toneladas de medicamentos e mantimentos.
Ainda durante o voo, Rafael Pereira Machado, coordenador de Estudos Integrados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, explicou à CNN que a missão brasileira tem como principal objetivo fortalecer o trabalho das equipes que estão atuando em ações de resgate.
A missão permanecerá na Turquia, a princípio, por 14 dias, mas sua duração dependerá da situação que a equipe vai encontrar nos locais mais atingidos pelos terremotos.
“Eventuais intercorrências podem produzir alguma variação nesse planejamento inicial. Mas o foco principal é ação de resgate e essa missão está preparada para funcionar durante 14 dias na região”, afirma Machado.
“A gente está indo sabendo que a gente vai para um cenário extremamente triste, onde a gente vai tentar devolver para algumas famílias um pouco de acalento e de tranquilidade”, diz o primeiro-tenente Danilo Cesar de Oliveira, do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
As equipes brasileiras enfrentarão alguns desafios, como as baixas temperaturas, possíveis novos tremores de terra, dificuldade com segurança, mobilidade e de instalação da base operacional na província de Hatay — uma das mais destruídas pelos terremotos.
O trabalho passa por uma articulação política que conta com o Ministério das Relações Exteriores, representantes do governo federal e locais turcos e com integrantes das forças internacionais que já estão na região, como a ONU.
“Essa missão representa união nacional, um esforço brasileiro para prestar ações de apoio à população tão sofrida é tão impactada pelo terremoto. Uma ação capitaneada pelo governo federal, mas que conta com o apoio imprescindível dos estados que integram a missão e que estão disponibilizando alguns dos seus melhores profissionais, mais especializados nas competências de resgate”, afirma Machado.
A missão brasileira chega à Turquia em meio às críticas feitas por opositores de Erdogan e por moradores das áreas mais atingidas com relação a uma suposta demora na resposta do governo e à falta de preparo para lidar com os terremotos.
A maneira como o governo lida com a tragédia terá impacto nas eleições parlamentares e presidenciais que acontecem no dia 14 de maio. A avaliação na região é a de que o pleito deste ano será o maior teste de Erdogan nos 20 anos em que está à frente do governo.
Nesta quarta-feira, o presidente turco admitiu que o governo enfrentou alguma dificuldade em lidar com os terremotos, mas afirmou que a situação está sob controle.
Erdogan declarou estado de emergência no país com vigência de três meses. A medida permite que o presidente adote rapidamente medidas financeiras e de segurança nas áreas atingidas pelos terremotos.