Equipe de Zelensky parou de atender ligações, diz aliado de Lula à CNN sobre G7
Presidente ucraniano chegou a cumprir agenda oficial em Hiroshima, no Japão, a 200 metros do hotel de Lula, mas não compareceu a encontro
Um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou à CNN que a equipe do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky parou de atender ligações enquanto as delegações tentavam arranjar um encontro entre os líderes durante a cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão.
As informações são da âncora da CNN Daniela Lima.
Uma fonte, que acompanhou o petista na viagem oficial a Hiroshima, disse que a aparição de Zelensky não foi considerada uma surpresa para as delegações do G7.
O ucraniano solicitou uma agenda para se reunir com Lula, e foi oferecida uma janela de horários com abertura para o encontro.
Na brecha ofertada, o presidente brasileiro iria redesenhar sua agenda ou até mesmo desmarcar compromissos já marcados, a depender da hora que Zelensky pudesse se encontrar.
Durante os eventos do G7, os líderes mundiais foram até o Parque Memorial da Paz de Hiroshima prestar homenagens às vítimas da bomba atômica jogada pelos EUA na Segunda Guerra Mundial.
Zelensky também foi ao memorial prestar homenagens, mas não acompanhado de outros líderes. O aliado de Lula relatou à CNN que o Parque Memorial da Paz fica a exatos 200 metros do hotel onde estava a delegação brasileira. “Era literalmente uma ponte e um quarteirão”, disse.
No entanto, após o ato, o ucraniano retornou para o hotel que sediou os eventos do G7. A equipe de Lula começou a telefonar para o staff de Zelensky porque o presidente brasileiro ficou esperando, mas a delegação ucraniana não atendeu às ligações.
Questionada se Lula ficou irritado diante da situação, a fonte afirmou à CNN: “Lula tem 77 anos. Ele conhece basicamente todo mundo que tem papel importante na história recente do mundo. Ele falou contra a guerra do Iraque, repetiu isso na frente do Biden, falou contra a invasão da Rússia, mas a posição dele é essa. Quando eles quiserem falar, a gente fala”.
Ao ser questionado se ficou desapontado pelo fato de a reunião proposta por ele não ter acontecido, Zelensky respondeu: “Eu acho que decepcionou ele”. Logo na sequência, Zelensky sorri e é possível ouvir os jornalistas rindo.
O presidente ucraniano sinalizou que, de fato, houve uma incompatibilidade de agendas, como sustentou o governo brasileiro. Entretanto, fez questão de dizer que, mesmo que cada líder tivesse sua agenda, ainda assim se encontrou com quase todos.
“Sobre as situações das minhas reuniões, eu encontrei quase todo mundo, todos os líderes, e todos eles tinham suas agendas, então, eu acho que foi por isso que nós não pudemos nos encontrar com o presidente brasileiro”, disse.
No mesmo dia, Lula também se pronunciou sobre o desencontro.
“Nós tínhamos uma entrevista [sic] bilateral com a Ucrânia às 3 horas da tarde [horário local]. Nós tínhamos a informação de que eles tinham atrasado, enquanto isso, atendi o presidente do Vietnã. Quando o presidente do Vietnã foi embora, a Ucrânia não apareceu. Certamente, teve outro compromisso e não pode vir aqui. Foi simplesmente isso que aconteceu”, alegou.
“Eu ouvi atentamente o discurso do Zelensky no encontro. Ele, certamente, ouviu o meu discurso atentamente no encontro. E eu continuo com a mesma posição que eu estava antes. Eu estou tentando, com outros países, com a índia, a China, a Indonésia e outros países, construir um bloco para tentar construir uma política de paz no mundo. O mundo não está precisando de guerra. O mundo está precisando de paz, de tranquilidade, para que o mundo volte a crescer para distribuir riqueza para o povo pobre”, declarou Lula.
O petista afirmou ainda que ficou “triste e decepcionado” com a não realização do encontro com Zelensky. “Eu gostaria de encontrar com ele e discutir o assunto. O Zelensky é maior de idade, ele sabe o que ele faz”. “Mas não faltará oportunidade para a gente. Quando eu perceber que eles querem negociar, eu quero dizer que eu estou pronto”, finalizou.
Lula ainda destacou que teve dez reuniões bilaterais com chefes de Estado e outras quatro com empresários japoneses donos de grandes empresas.
* Publicado por Léo Lopes, da CNN
