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    Equador tenta não se deixar intimidar pelo narcoterrorismo em meio a ataques a políticos

    A atuação do crime organizado no Equador tem tornado os assassinatos políticos mais comuns

    Lourival Sant'Annada CNN , São Paulo

    O assassinato de um dos principais candidatos a presidente do Equador parece estar associado às suas promessas de combater o narcotráfico e a corrupção.

    Presidente da Comissão de Fiscalização do Parlamento, o deputado Fernando Villavicencio denunciava supostas ligações entre a organização criminosa equatoriana Los Choneros, o cartel mexicano de Sinaloa e o grupo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), observa o jornalista equatoriano Carlos Jijón.

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    Pesquisa de intenção de votos para a eleição presidencial do dia 20, do instituto Cedatos, colocava Villavicencio em segundo lugar, com 13%. Em primeiro, com 27%, está a advogada Luisa González, vinculada a Correa.

    Outras pesquisas mostravam Villavicencio tecnicamente empatado em segundo lugar com mais três candidatos, incluindo o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, que defende medidas ainda mais radicais contra a criminalidade, como as adotadas pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, acusado de violações aos direitos humanos.

    Na visão do cientista político equatoriano Franklin Ramírez, a comoção pode favorecer a direita, além de o assassinato ser um golpe contra a democracia.

    Correa foi condenado a oito anos de prisão por corrupção, em casos que envolveram a construtora brasileira Odebrecht, no âmbito das investigações da Lava Jato.

    Villavicencio, que antes de entrar para a política era jornalista, foi um dos autores por exemplo de uma reportagem intitulada “Odebrecht e outras multinacionais colocaram presidente no Equador”, publicada em 2019 no site Mil Hojas.

    Seis suspeitos foram presos. Los Choneros travam uma guerra com outra organização criminosa, Los Lobos, pelo controle do corredor de drogas de Tumaco, na Colômbia, até o porto de Guayaquil, na costa equatoriana do Pacífico, aponta Jijón. O chefe dos Choneros, conhecido pelo nome de guerra Fito, ameaçou Villavicencio de morte na semana passada.

    Um vídeo atribuído a Los Lobos reivindica o atentado ocorrido na quarta-feira. Mas é um vídeo falso, informaram várias fontes à CNN. Aparentemente eram imagens antigas de criminosos mexicanos, sobre as quais foi editado um áudio falso. Los Lobos são ligados ao cartel mexicano Jalisco Nueva Generación, rival do Sinaloa.

    A atuação do crime organizado no Equador tem tornado os assassinatos políticos mais comuns. Só em julho, foi morto o prefeito da cidade de Manta, Agustín Intriago, e um candidato a deputado pela província de Esmeraldas, Rinder Sánchez, foi baleado. Em fevereiro, dois candidatos a prefeito de Esmeraldas foram mortos. Manta e Esmeraldas ficam na costa do Pacífico, cujo controle os cartéis da droga disputam.

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    Em março, a diretora de um hospital de Guayaquil, Nathaly López, foi morta depois de uma entrevista coletiva na qual falou das medidas que estava adotando para combater a corrupção na compra de medicamentos.

    Os grupos controlam o crime também a partir dos presídios. Em julho, uma rebelião em uma penitenciária de Guayaquil deixou 31 mortos.

    O presidente Guillermo Lasso declarou estado de exceção, para que as Forças Armadas possam atuar na segurança pública, e decidiu levar adiante a realização das eleições dia 20. Ele mesmo havia antecipado as eleições em maio, para escapar de um processo de impeachment por corrupção. Villavicencio liderava a bancada de apoio ao governo de Lasso.

    A ideia é não se deixar intimidar pelo narcoterrorismo.

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