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    Entenda como Porto Rico se tornou o lugar mais vacinado contra Covid-19 dos EUA

    Ilha caribenha é um território não incorporado dos Estados Unidos

    Porto Rico tem 73% dos seus 3,3 milhões de habitantes completamente vacinados contra a Covid-19
    Porto Rico tem 73% dos seus 3,3 milhões de habitantes completamente vacinados contra a Covid-19 REUTERS

    Ray Sanchezda CNN

    Um membro da coalizão cientifica que assessora o governo de Porto Rico sobre a pandemia do coronavírus brincou recentemente sobre a alta taxa de vacinação da Covid-19 na ilha, atribuindo o sucesso a proliferação de uma rede de farmácias em todo o território.

    “Há um Walgreens em cada esquina”, disse Rafael Irizzary, professor de bioestatística da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard. “Aonde quer que vá tem tudo o que necessita. Run. Café. Consegue seus fogos de artifício e depois vai tomar uma vacina.”

    Irizzary apenas brincava com as médias das taxas de vacinação e os mais de cem pontos de venda da Walgreens, uma rede de farmácia de Porto Rico.

    A ilha caribenha –que nos últimos anos tem sido atingida por furacões mortais, sacudida por terremotos, assediada pela instabilidade política e sobrecarregada pela dívida– conseguiu superar silenciosamente, até mesmo os estados da Nova Inglaterra, no nordeste dos Estados Unidos, com as maiores taxas de vacinação do país.

    “Todas essas emergências e o trauma coletivo prepararam Porto Rico, seus líderes, a comunidade científica e a comunidade da saúde”, disse Daniel Colón Ramos, professor da Escola de Medicina de Yale que preside a coalizão sobre o coronavírus que assessora o governo. “Havia um senso de urgência. Com muitas pessoas que trabalhei suas atitudes eram do tipo: ‘não no meu turno. Outra vez não.'”

    Porto Rico: 73% de sua população está completamente vacinada

    Porto Rico vacinou completamente mais de 73% dos seus 3,3 milhões de habitantes, segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). O número corresponde a mais de 2,3 milhões de pessoas.

    A ilha tem a taxa mais alta de doses totais de vacinas administradas, com 154.563 a cada 100 mil pessoas. Até a sexta-feira (23), já havia aplicado 4,9 milhões de doses, segundo o CDC.

    No território dos Estados Unidos, Vermont está em primeiro lugar, com 70,8% de sua população totalmente vacinada, seguida por Connecticut, com 70,2%, e o Maine, com 70%, segundo o CDC. Mais de 57% da população norte-americana estava totalmente vacinada até último registro.

    O Dr. Ashish Jha, decano da Escola de Saúde Pública da Universidade de Brown, escreveu em sua conta no Twitter que os “fabulosos” esforços da vacinação em Porto Rico “receberam muita pouca atenção”.

    “O melhor que posso dizer é que eles tiveram muito sucesso ao não vincular as vacinas à política”, escreveu Jha. “Eles prestam menos atenção à política do país. Todos os seus partidos políticos apoiam ativamente as vacinas. E, em geral, a política e vacinas não se misturam”.

    Jha sinalizou que Porto Rico não somente é pobre em comparação com grande parte dos EUA, mas também disse que tem uma população maior que há de 21 estados. É cerca de “5 vezes maior” que Vermont, escreveu. A taxa de pobreza na ilha foi de aproximadamente 43% em 2018, em comparação aos 13% ao nível nacional, e mais do dobro de 19,7% do Mississípi, segundo o Censo dos Estados Unidos.

    “Muitas vidas salvas”

    “Representa muitas vidas salvas”, disse Colón Ramos, sobre o exito da vacinação na ilha. “Se trata realmente sobre o fato de que existem centenas de pessoas –senão milhares– agora caminhando em algum lugar em Porto Rico, e elas não estariam lá se não fosse por esses esforços.”

    A Drª. Iris Cardona, médica-chefe do Departamento de Saúde da ilha, atribuiu o êxito ao trabalho em equipe da comunidade cientifica, ao setor privado, as agências governamentais, as associações e escolas médicas, a Guarda Nacional e aos líderes religiosos e municipais.

    “É um exercício colaborativo”, disse Cardona, que supervisiona o programa de vacinação. “Dadas as dificuldades que todos sabem que Porto Rico tem enfrentado nos últimos cinco anos –furacões, terremotos, crises políticas e fiscais– o povo porto-riquenho em todos os níveis tem cooperado.”

    Essa cooperação inclui tanto programas de educação sobre vacinas quanto eventos de vacinação. Durante a pandemia, o governo da ilha implementou bloqueios e outras restrições, emitiu decretos para o uso de máscara e da vacinação, e implementou regulamentos rígidos para refeições em ambientes fechados e o distanciamento social, de acordo com membros da coalizão da Covid-19

    “No contexto cultural de Porto Rico, o distanciamento social não é algo fácil para nós, porto-riquenhos: queremos estar próximos”, disse Colón Ramos. “Mas as pessoas conseguiram contornar isso muito bem.”

    “Uma mensagem coerente… com base em evidência científica”

    Embora alguns estados tenham resistido ferozmente às restrições da Covid-19 e aos decretos de vacinação, o território dos EUA não o fez. “No momento, a legislatura é controlada por um partido, o governo é controlado por outro partido, mas apesar dessas diferenças, querer salvar vidas durante a pandemia nunca foi politizado em Porto Rico”, disse Colón Ramos.

    “Decisões difíceis foram tomadas e criticadas”, disse ele. “Mas, por exemplo, os decretos das máscaras nunca foram politizados. A importância da vacinação nunca se tornou uma questão política. Ela ajudou a enviar uma mensagem coerente baseada em evidências científicas.”

    Em Porto Rico, foram registrados pelo menos 151.245 casos e 3.219 mortes pela Covid-19, de acordo com o Departamento de Saúde da ilha. Connecticut, que tem aproximadamente o mesmo tamanho de Porto Rico, teve mais de 400.000 casos e 8.721 óbitos pela doença.

    O Dr. Victor Ramos, pediatra e presidente da Associação de Médicos e Cirurgiões de Porto Rico, disse que a Guarda Nacional estabeleceu centros de vacinação em massa em shoppings em toda a ilha.

    Houve eventos de vacinação porta a porta em cidades rurais distantes, onde as vacinas eram aplicadas em casa, principalmente para idosos e acamados.

    “Iremos onde for necessário para vacinar as pessoas”, disse Ramos. “Depois (do furacão) Maria, muitas pessoas se refugiaram em cidades distantes e tivemos que sair para ajudá-las. Agora estamos fazendo o mesmo com a vacina”.

    (Este texto foi traduzido. Confira aqui o original em espanhol)