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    Entenda como lasers podem revolucionar a forma que militares combatem mísseis e drones inimigos

    Nova arma a laser do Reino Unido pode fornecer defesa letal contra mísseis ou aeronaves por US$ 13 (cerca de R$ 65) o tiro, economizando milhões em comparação com armas atuais, diz Ministério da Defesa britânico

    Sistema de armas de energia direcionada a laser Dragonfire do Reino Unido
    Sistema de armas de energia direcionada a laser Dragonfire do Reino Unido Divulgação/Ministério da Defesa do Reino Unido

    Brad Lendonda CNN

    O Reino Unido exibiu essa semana uma nova arma a laser que, segundo seus militares, poderia fornecer uma defesa letal contra mísseis ou aeronaves por cerca de US$ 13 (cerca de R$ 65) por tiro – economizando potencialmente dezenas de milhões de dólares em relação ao custo dos interceptadores de mísseis que fazem o trabalho atualmente.

    O vídeo recentemente divulgado de um teste do que o Ministério da Defesa do Reino Unido chama de DragonFire, um sistema de arma de energia dirigida a laser (LDEW, na sigla em inglês), capturou o que o ministério diz ter sido o uso bem-sucedido do laser contra um alvo aéreo durante uma demonstração em janeiro na Escócia.

    “É um potencial divisor de águas para a defesa aérea”, diz o vídeo enquanto um feixe de laser brilhante perfura o céu noturno sobre um campo de tiro no remoto arquipélago das Hébridas, criando uma bola de luz ao atingir seu alvo.

    O Ministério da Defesa afirma que o DragonFire pode atingir com precisão um alvo tão pequeno quanto uma moeda “a longas distâncias”, mas não deu detalhes.

    O alcance exato da arma é confidencial, disse.

    O feixe de laser pode cortar metal “levando a falhas estruturais ou resultados mais impactantes se a ogiva for alvejada”, disse um comunicado do Ministério da Defesa do Reino Unido. E afirma ainda que também destrói os seus alvos por uma pequena fração do custo dos atuais mísseis de defesa aérea.

    O Ministério da Defesa estimou o preço do disparo de uma rajada de laser de 10 segundos em cerca de US$ 13 (R$ 65). Em contraste, o Standard Missile-2 usado pela Marinha dos Estados Unidos para defesa aérea custa mais de US$ 2 milhões (R$ 9,9 milhões) por disparo.

    “Ele tem potencial para ser uma alternativa de baixo custo a longo prazo para certas tarefas que os mísseis realizam atualmente”, disse um comunicado de janeiro do Ministério da Defesa do Reino Unido.

    O custo dos mísseis de defesa aérea se tornou um tema quente nos círculos de defesa nos últimos anos, à medida que os drones de baixo custo demonstraram a sua eficácia nos campos de batalha na Ucrânia e nos ataques dos rebeldes Houthis contra navios comerciais e militares no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.

    Os analistas questionaram por quanto tempo os EUA, o Reino Unido e os seus parceiros poderão continuar utilizando mísseis multimilionários contra os drones Houthi, que podem, em alguns casos, ser adquiridos por bem menos de US$ 100 mil.

    A Grã-Bretanha afirma ter testado com sucesso o sistema de arma de energia direcionada a laser DragonFire (LDEW) / Divulgação/Ministério da Defesa Britânico

    Entretanto, os dispendiosos sistemas de defesa aérea dos aliados ocidentais têm sido cruciais para a capacidade da Ucrânia de se defender dos ataques de mísseis e drones russos.

    “Os drones e foguetes de baixo custo mudaram o cálculo econômico do ataque e da defesa em favor daqueles que usam grandes volumes de sistemas não tripulados e munições baratos para sobrecarregar as defesas aéreas e antimísseis mais sofisticadas”, James Black, diretor assistente de defesa e segurança do think tank RAND Europe, escreveu em um blog em janeiro.

    O DragonFire poderia ajudar a reverter esse cálculo a favor do Reino Unido, disse Black.

    “Esse tipo de armamento de ponta tem o potencial de revolucionar o campo de batalha, reduzindo a dependência de munições caras”, disse o secretário de Defesa do Reino Unido, Grant Shapp, em janeiro, após o teste do DragonFire.

    Sem comprovação e com limitações

    Mas Black e outros observam que lasers como o DragonFire ainda não foram comprovados no campo de batalha e terão limitações.

    Escrevendo para o The Conversation no mês passado, Iain Boyd, diretor do Centro de Iniciativas de Segurança Nacional da Universidade do Colorado, destacou alguns problemas com lasers.

    Chuva, neblina e fumaça dispersam os feixes de luz e diminuem a eficácia; as armas a laser liberam muito calor, portanto requerem grandes sistemas de resfriamento; lasers móveis, montados em navios ou aeronaves, precisarão de recargas de bateria; e os lasers devem permanecer travados em alvos móveis por até 10 segundos para fazer buracos neles, disse Boyd.

    Os britânicos não são os primeiros a desenvolver um laser capaz de abater um alvo aéreo. Em 2014, a Marinha americana testou e implantou com sucesso um sistema de armas a laser no USS Ponce, no Golfo Pérsico.

    O sistema era capaz de engajar drones, pequenas aeronaves e pequenas embarcações.

    A arma laser DragonFire foi testada em janeiro em um campo de tiro britânico na Escócia / Divulgação/Ministério da Defesa do Reino Unido

    Em 2020 e 2021, a Marinha dos EUA testou um sistema a laser mais avançado no USS Portland. Em 2022, um sistema laser foi instalado no destróier de mísseis guiados USS Preble.

    Esse sistema ainda está em testes, disse o contra-almirante Fred Pyle, diretor da Divisão de Guerra de Superfície da Marinha, em um simpósio em janeiro, de acordo com o Breaking Defense.

    Também em 2022, a Marinha dos EUA testou com sucesso um sistema laser de alta energia contra um alvo representando um míssil de cruzeiro.

    Mas um relato da Marinha sobre esse teste disse que não havia nenhum plano para colocá-lo nas mãos dos combatentes, acrescentando que “oferece um vislumbre do futuro das armas a laser”.

    Um relatório de 2023 do Gabinete de Responsabilidade do Governo dos EUA observou o sucesso do Pentágono nos testes de armas a laser, mas disse que precisa fazer mais para levá-las às tropas, incluindo descobrir as suas missões exatas e estratégias de aquisição.

    “O Departamento de Defesa há muito notou uma lacuna – por vezes chamada de “vale da morte” – entre o seu desenvolvimento e as suas comunidades de aquisição que impedem a transição tecnológica”, afirmou o relatório do Gabinete.

    Mas os líderes em defesa britânicos dizem que há um novo imperativo para colocar os lasers no campo de batalha moderno e não há tempo a perder ao fazê-lo.

    “Em um mundo de ameaças em evolução, sabemos que o nosso foco deve ser obter capacidade para o combatente e procuraremos acelerar essa próxima fase de atividade”, disse Shimon Fhima, diretor de programas estratégicos do Ministério da Defesa do Reino Unido, em nota.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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