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    Energia limpa no foco da COP26; veja o que esperar da conferência nesta quinta

    Eventos vão discutir mudança para energia limpa e fim do uso de carvão, enfocando na transição do combustível fóssil para a energia renovável e acessível

    Delegados durante cúpula do clima COP26 em Glasgow
    Delegados durante cúpula do clima COP26 em Glasgow Reuters

    Anna Gabriela Costada CNN

    Em São Paulo

    A aceleração da transição global para a energia limpa está no foco dos debates da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia, nesta quinta-feira (4). A expectativa é que ocorra o anúncio de um acordo — envolvendo ao menos 20 países — para interromper o financiamento de projetos de combustíveis fósseis.

    Em âmbito nacional, as atenções estarão voltadas ao encontro do Príncipe Charles com governadores brasileiros. Devem participar do encontro pelo menos dois governadores: o do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). Nesta quarta-feira (3), a CNN noticiou a articulação dos governadores para o encontro.

    Na agenda desta quinta, os eventos vão discutir mudanças para energia limpa e o fim do uso de carvão, enfocando na transição do combustível fóssil para a energia renovável — gerada sem a emissão de poluentes — de forma mais acessível aos países.

    A COP26 contará com discursos de ministros de energia do Reino Unido, Índia e de todo o mundo. A expectativa é que as autoridades abordem a parceria recém-lançada “Green Grids Initiative – One Sun One World One Grid ”(GGI-OSOWOG), que tem a ambição de acelerar globalmente o desenvolvimento e a implantação de redes verdes modernas.

    Príncipe Charles e governadores brasileiros

    O encontro das autoridades brasileiras com o herdeiro do trono britânico foi confirmado pela Embaixada do Reino Unido no Brasil na tarde de quarta-feira (3). A reunião ocorre em Glasgow.

    O debate faz parte da Sustainable Market Initiative (SMI) e inclui também o lançamento do grupo Governors For Climate, em parceria com o Centro Brasil no Clima.

    No comunicado oficial da embaixada, informa-se que haverá no encontro 11 governadores e 10 prefeitos:

    “O Príncipe de Gales participa, nesta quinta-feira (4), do lançamento do Fórum de Investidores ‘Race to Zero’ SMI-Brasil, em Glasgow, no contexto da COP-26”. “O grupo é parte da Iniciativa de Mercados Sustentáveis (SMI), presidida pelo Príncipe Charles, e tem por objetivo acelerar o progresso global em direção a um futuro sustentável.”

    No evento, Príncipe Charles irá liderar uma discussão estratégica com governadores e prefeitos brasileiros que se comprometeram com a campanha Race to Zero. Os principais tópicos são os desafios e oportunidades relacionados às mudanças climáticas no Brasil, incluindo projetos de infraestrutura com potencial de colaborar no compromisso assumido para a campanha.

    Fim do financiamento de combustíveis fósseis

    Pelo menos 20 países concordaram em encerrar o financiamento para projetos de combustíveis fósseis no exterior, segundo afirmou um funcionário do Reino Unido à CNN norte-americana, em um acordo que deverá ser anunciado nesta quinta-feira (4).

    Outra fonte próxima às negociações da cúpula do clima COP26 disse que os Estados Unidos fazem parte do acordo. Entretanto, Funcionários do Departamento de Estado dos EUA não responderam à CNN para confirmar o envolvimento do país.

    Alguns países já haviam concordado em encerrar o financiamento internacional para o carvão, porém, esse acordo seria o primeiro a incluir também projetos de petróleo e gás.

    Fábrica que usa carvão na cidade de Baotou, na China / Reuters/David Gray

    Compromisso firmados pela redução do gás metano

    Para reduzir as emissões do gás em 30% até 2030, 103 países se juntaram em um esforço liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE). O grupo de signatários do “Compromisso Global de Metano” inclui o Brasil, um dos cinco maiores emissores mundiais de metano.

    Na avaliação do embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais do Itamaraty, as metas anunciadas pelo Brasil na COP26 exigirão um grande esforço por parte do governo federal.

    Fizemos um anúncio muito importante e ambicioso, que é o aumento do nosso percentual de redução de emissões de gases de efeito estufa. Passamos de 43% para 50%, tomando como base o ano de 2005. Ou seja, em 2030, teremos que emitir metade do que emitimos em 2005

    Embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais do Itamaraty

    Para o especialista, é possível reduzir 50% da emissão dos gases de efeito estufa antes de 2030, com medidas efetivas de combate ao desmatamento. “É um problema que temos que enfrentar e, se enfrentarmos com êxito e contivermos o desmatamento, com certeza alcançaremos essa meta até com alguma folga”, disse.

    O cumprimento da promessa poderá trazer impactos significativos para o setor de energia. Segundo analistas, consertar a infraestrutura de petróleo e gás com vazamentos é a maneira mais rápida e barata de reduzir as emissões de metano.

    Enquanto os Estados Unidos são o maior produtor mundial de petróleo e gás, a UE é o maior importador de gás. Países como China, Rússia e Índia, que estão entre os maiores emissores de metano, não assinaram o compromisso.

    Na segunda-feira (1º), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apresentou as metas do Brasil na cúpula, que incluem a redução de 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 e a neutralização das emissões de carbono até 2050.

    Dia 1: Biden pede desculpas; índia faz promessas

    No primeiro dia de COP26, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu desculpas a seus companheiros líderes mundiais pelo fato de os Estados Unidos terem se retirado do Acordo de Paris sob a administração Trump.

    “Acho que não deveria me desculpar, mas peço desculpas pelo fato de que os Estados Unidos – o último governo – retirou-se dos Acordos de Paris e nos colocou em uma sinuca de bico”, disse Biden em Glasgow.

    Já o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ganhou as manchetes na segunda-feira ao anunciar uma meta de emissões líquidas zero, prometendo que a Índia se tornará neutra em carbono até 2070.

    Embora tenha sido um grande anúncio, já que a Índia ainda não definiu uma data para sua ambição de zero líquido, a meta de 2070 é uma década mais tarde do que a da China, e duas décadas depois que o mundo como um todo precisa atingir as emissões de zero líquido para evitar que as temperaturas subam além de 1,5ºC acima dos tempos pré-industriais.

    Dia 2: “Fim do desmatamento”

    O compromisso de mais de 100 países com o fim do desmatamento até 2030 foi o destaque do segundo dia da cúpula da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), realizada em Glasgow.

    Uma declaração assinada por 105 países, incluindo o Brasil, sela o comprometimento por ações coletivas para deter e reverter a perda florestal e a degradação do solo até 2030. Ao mesmo tempo, o documento destaca o acordo para o desenvolvimento sustentável e a promoção de transformações rurais que sejam inclusivas.

    Dia 3: Corte de verba para combustíveis e US$ 9 bi para florestas

    Já nesta quarta-feira (3), o terceiro dia da COP26, o tema principal foi investimento financeiro.

    Entre os temas discutidos na reunião foi apresentado o corte de verbas para combustíveis fósseis, e um investimento de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões) em um fundo no Departamento de Estado dos Estados Unidos para financiar projetos de conservação de florestas com países em desenvolvimento ao redor do mundo.

    No domingo (31), os países do G20 reafirmaram o compromisso com o financiamento do clima, que inclui o fornecimento de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 568 bilhões) por ano aos países em desenvolvimento até 2025.