Embate com Grupo Wagner pode levar a guerra civil na Rússia, diz especialista
Vladimir Putin afirmou que a “traição” do Grupo Wagner e “quaisquer ações que quebrem nossa unidade” são “uma punhalada nas costas de nosso país e de nosso povo”
O Grupo Wagner afirmou, neste sábado (24), ter assumido o controle de instalações militares russas na cidade russa de Voronezh.
O líder do movimento, Yevgeny Prigozhin, acusou a liderança militar russa de atacar um de seus acampamentos militares e matar uma “grande quantidade” de suas forças mercenárias. Em seguida, prometeu atacar as forças oficiais russas como represália. Prigozhin afirmou que o Ministério da Defesa russo enganou o Grupo Wagner e prometeu “responder a essas atrocidades”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que a “traição” do Grupo Wagner e “quaisquer ações que quebrem nossa unidade” são “uma punhalada nas costas de nosso país e de nosso povo”.
Putin chamou as ações de “traição interna”, dizendo que “todos os tipos de aventureiros políticos e forças estrangeiras, que dividiram o país e o despedaçaram, lucraram com seus próprios interesses. Não permitiremos que isso aconteça novamente. Protegeremos nosso povo e nosso estado de quaisquer ameaças, incluindo traição interna.”
Em entrevista à CNN neste sábado (24), o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, afirmou que, ao enfrentar a liderança militar russa, o chefe do Grupo Wagner vai de encontro a Putin.
“É pior até do que fogo amigo, é você desestruturar socialmente, que pode chegar a isso na Rússia, num cenário pior possível, levar a uma guerra civil, por que você está tendo um levante contra o governo, no fundo é isso. Por mais que Prigozhin diga que ele está indo contra a liderança militar, mas contra a liderança militar é onde ele encontra Putin”, disse o professor.
O especialista avalia que o líder do movimento vinha sendo escanteado nas últimas semanas, com base nos vídeos divulgados recentemente.
“Não ia sobrar muita alternativa pra ele, a não ser se subordinar a todos os inimigos que ele criou nesse processo. Então, ele não tem mais nada a perder. Ele está atacando”, afirmou Rudzit.
Segundo o professor, o controle da região de Rostov é importante pois envolve uma área crítica para a passagem de munição e combustível pela Rússia na batalha contra a Ucrânia. Além disso, o levante do grupo pode abalar a moral de soldados russos que atuam contra o país vizinho desde fevereiro de 2022.
(Publicado por Lucas Rocha, com informações de Josh Pennington, Isaac Yee e Yulia Kesaieva, da CNN, e entrevista produzida por Rafael Saldanha, sob supervisão de Jorge Fernando Rodrigues)