Embaixador à CNN: Relação Brasil-Argentina não pode depender dos presidentes
Júlio Bitelli afirma que interação entre os países funciona normalmente desde que Javier Milei assumiu a presidência
O embaixador do Brasil na Argentina, Júlio Bitelli, em entrevista à CNN Brasil, ressaltou que a relação entre os dois países continua funcionando normalmente, apesar das tensões entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Javier Milei.
Bitelli, que foi chamado de volta ao Brasil para consultas, afirmou: “O que o presidente Lula disse várias vezes, e eu acho que é o que deve nortear a minha atuação como embaixador na Argentina, é que a relação entre os países é mais importante do que a relação entre as pessoas, entre os presidentes”.
O embaixador destacou que sua visita ao Brasil teve como objetivo principal ouvir instruções do primeiro escalão do governo e explicar as transformações econômicas e políticas em curso na Argentina. Ele enfatizou que não há planos para uma reunião entre Lula e Milei, reforçando que a relação bilateral não deve depender do contato entre os presidentes.
Impactos econômicos e expectativas
Sobre o cenário econômico, Bitelli mencionou uma queda nas exportações brasileiras para a Argentina no primeiro semestre deste ano, cerca de 37%, atribuindo isso às medidas econômicas drásticas implementadas pelo governo Milei. No entanto, ele ressaltou que há uma expectativa de normalização da pauta comercial no futuro.
“Há um plano econômico bastante ambicioso do governo argentino que está sendo implementado, mas cujos resultados ainda não são muito claros”, explicou o embaixador, acrescentando que o setor privado brasileiro mantém um “otimismo cauteloso”.
Bitelli também abordou a recente visita de Milei ao Brasil, onde o presidente argentino participou de um evento com opositores de Lula sem se encontrar com o mandatário brasileiro. O embaixador caracterizou isso como algo que “foge das normas tradicionais”, mas ressaltou que Milei tem adotado abordagem semelhante em outros países.
Por fim, o embaixador confirmou que retornará à Argentina na próxima quarta-feira, enfatizando que sua vinda ao Brasil não representa uma escalada de tensões, mas sim uma oportunidade para “explicar, ouvir e buscar identificar a melhor maneira de continuar levando as relações com a Argentina da melhor maneira possível”.