Em meio a reformulações pós-caso George Floyd, policiais pedem demissão nos EUA
Sistema de justiça criminal tem sido questionado intensamente no país há três semanas
Desde a morte de George Floyd, há três semanas, o papel do sistema de justiça criminal dos Estados Unidos foi alçado ao centro do debate nacional, com milhares de pessoas pedindo mudanças radicais no sistema de policiamento do país.
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Os manifestantes pediram aos líderes da comunidade que responsabilizassem os policiais e reformulassem os departamentos de polícia – na esperança de que gastos com a força policial pudessem ser redirecionados para outras questões.
E muitos governantes responderam, assinando ordens alterando o funcionamento dos departamentos, prometendo novas reformas e agindo rapidamente em casos de brutalidade policial que surgiram nas últimas semanas.
Enquanto situações assim se espalham pelo do país, alguns departamentos de polícia dos EUA enfrentam suas próprias crises e alguns policiais optaram por ir embora.
Minneapolis
Em Minneapolis, pelo menos sete policiais renunciaram ao departamento desde que protestos provocados pela morte de Floyd no final de maio inundaram as ruas da cidade. Pelo menos outra meia dúzia de agentes de segurança também estão prestes a sair, disse um porta-voz do governo local à CNN.
O número de policiais que não estão mais no departamento não inclui os quatro homens envolvidos na morte de Floyd e que foram demitidos, segundo Casper Hill, porta-voz da cidade,
“Não há nada que nos leve a crer que, neste momento, os números sejam grandes que nos causem problemas”, disse o porta-voz da polícia John Elder ao Minneapolis Star Tribune a respeito dos agentes de segurança que optaram por deixar a corporação, o que inclui policiais e detetives.
“As pessoas procuram deixar o emprego por uma infinidade de razões – o Departamento de Polícia de Minneapolis não é uma exceção”, disse Elder.
Membros do departamento condenaram as ações do ex-oficial de Minneapolis Derek Chauvin – que pressionou o joelho no pescoço de Floyd por quase nove minutos – em uma carta aberta na semana passada.
“Derek Chauvin falhou como humano e tirou a dignidade e a vida de George Floyd. Isso não é quem somos”, disse a carta, assinada por 14 policiais. “Nós não somos o sindicato ou a administração da polícia”, reforça o comunicado.
Atlanta
Atlanta se tornou o epicentro dos protestos nesta semana, depois que um homem negro foi baleado nas costas e morto na noite de sexta-feira. Depois do assassinato de Rayshard Brooks, o chefe de polícia de Atlanta deixou o cargo e o policial que matou o pai de 27 anos foi demitido. Um segundo oficial foi colocado em serviço administrativo.
A polícia de Atlanta disse em comunicado que oito policiais pediram demissão do departamento neste mês.
“Nossos dados pessoais indicam que tivemos de dois a seis policiais renunciando por mês em 2020”, disse a polícia de Atlanta em um comunicado.
A Fundação Policial de Atlanta informou anteriormente que 19 policiais haviam renunciado “desde o início dos protestos pela justiça social”. Desde então, a fundação retirou esse número incorreto.
Flórida
No sul da Flórida, 10 policiais se demitiram da unidade SWAT de sua cidade por preocupações com segurança, dizendo que se sentem “restringidos pela politização das táticas policiais”, de acordo com documentos obtidos pela CNN.
Os policiais enviaram uma carta à chefe de polícia de Hallandale Beach, Sonia Quinones, dizendo que eles estavam “minimamente equipados, treinados e muitas vezes restringidos pela politização de suas táticas, a ponto de colocar a segurança dos cães acima da segurança dos membros da equipe”.
Eles também disseram que ficaram descontentes depois que a equipe de comando se ajoelhou com ativistas e outros durante uma manifestação na segunda-feira, segundo a carta.
“Até que essas condições e sentimentos sejam retificados e tratados, não podemos realizar com segurança, eficácia e de boa fé os deveres sem colocar a nós mesmos e nossas famílias em um nível desnecessário de risco”, escreveram os oficiais.
Os policiais pediram demissão apenas da unidade da SWAT, não do departamento de polícia, disse Greg Chavarria, gerente da cidade de Hallandale Beach.
O chefe disse à CNN na noite de segunda-feira que estava “extremamente decepcionado” com a decisão dos policiais.
“Eles se afastaram da tarefa, mas não conversaram comigo com antecedência e não me informaram suas preocupações”, disse. “Se não estamos nos conectando e não estamos nos comunicando, não estamos resolvendo preocupações”.
Greg disse que o que os policiais escreveram no memorando era impreciso, acrescentando que não se ajoelhou para se opor à polícia, mas para ser solidário com a comunidade.
“Nós fornecemos horas de treinamento aumentadas, fornecemos mais de US$ 100.000 nos últimos dois anos em equipamentos específicos da SWAT e eles declararam incorretamente e falsamente que eu me ajoelhei em solidariedade com o vice-prefeito, o que não era o caso. nossa comunidade “, disse o chefe.
Buffalo
Em Buffalo, Nova York, quase 60 policiais se demitiram da equipe de resposta de emergência da força após a suspensão de dois policiais que foram pegos em um vídeo empurrando um manifestante idoso ao chão.
“57 renunciaram com nojo por causa do tratamento de dois de seus membros, que estavam simplesmente executando ordens”, disse anteriormente o presidente da Associação Benevolente da Polícia de Buffalo, John Evans, à afiliada da CNN, WGRZ.
Os dois policiais capturados em vídeo foram acusados ??de agressão e se declararam inocentes. O manifestante de 75 anos foi visto caindo no chão e sangrando pela cabeça.
Os 57 policiais que pediram demissão não desistiram da corporação- mas formaram toda a equipe ativa de resposta a emergências do departamento, disse o escritório do prefeito de Buffalo à CNN.
Atualmente, alguns membros da unidade estão ausentes e não estão incluídos nos 57 que renunciaram, segundo o gabinete do prefeito.