Em dois anos, geleira com dobro do tamanho de Manhattan se partiu da Groenlândia
Seção de geleira que se desintegrou tem 114 quilômetros quadrados
Um pedaço de gelo de 114 quilômetros quadrados, cerca de o dobro do tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York, se partiu da maior plataforma de gelo do Ártico, no nordeste da Groenlândia, nos últimos dois anos, deixando cientistas temerosos com a rápida desintegração.
A superfície de gelo do território é a segunda maior do mundo, atrás da Antártica, e o derretimento anual contribui para um aumento de mais de um milímetro no nível do mar todos os anos.
Leia também:
Groenlândia perdeu recorde de massa gelada em 2019
Derretimento da camada de gelo da Groenlândia se tornou irreversível, diz estudo
“Deveríamos nos preocupar muito sobre o que parece ser uma desintegração progressiva da maior plataforma de gelo do Ártico, porque acima da corrente… está somente a placa de gelo principal da corrente de gelo da Groenlândia”, disse Jason Box, da Pesquisa Geológica da Dinamarca e Groenlândia (Geus, na sigla em inglês) em um comunicado nesta segunda-feira (14).
“Esses últimos dois verões foram excepcionalmente quentes”, disse Box à CNN.
“O gelo [recente] que se partiu é só um pouco menor que o dobro do tamanho de Manhattan. [A desintegração] realmente acelerou nesses últimos dois anos”.
Os pesquisadores do Geus têm monitorado a perda de gelo na área utilizando imagens de satélite.
A Groenlândia, a maior ilha do mundo, está localizada entre os oceanos Ártico e Atlântico e tem cerca de 79% de sua superfície coberta por gelo.
Conforme o gelo dos pólos terrestres derrete, projeta-se que o nível do mar deva subir quase um metro até o fim deste século, afundando praias e imóveis na costa.
Desde 1999, a Groenlândia perdeu mais de 160 quilômetros quadrados, de acordo com o Geus.
Os cientistas têm conectado repetidamente a desintegração das geleiras à mudança climática.
“Esses últimos anos foram incrivelmente quentes no nordeste da Groenlândia”, disse Jenny Turton, pesquisadora na Universidade Friedrich Alexander na Alemanha, em nota. “Tivemos um derretimento precoce em 2019 ligado à onda de calor na Europa e Groenlândia”.
“A atmosfera nesta região aqueceu cerca de 3 graus Celsius desde 1980 e temperaturas que batem recordes foram observadas em 2019 e 2020”, acrescentou.
Ativistas ambientais reagiram às novas imagens com preocupação.
“Com o mínimo de gelo marinho encaminhado para ser o menor já registrado, outro pedaço massivo de gelo marinho vital caiu no oceano. Esse é outro sino de alarme tocado pela crise climática em um Ártico que está aquecendo rapidamente”, disse Laura Meller, ativista do Greenpeace nos oceanos nórdicos, em nota.
“Quando observamos grandes partes de gelo se partindo, levantamos as sobrancelhas, mas com os últimos acontecimentos no Ártico, também temos a percepção de que isso era esperado”, disse o pesquisador do Geus Niels J. Korsgaard em nota.
A nova pesquisa do Geus foi publicada após um estudo lançado no mês passado pela Universidade Estadual de Ohio, que mostrou que o derretimento da camada de gelo na Groenlândia se tornou irreversível.
(Texto traduzido, leia o original em inglês)