Em discurso voltado para o futuro, Biden promete união e honestidade
Novo presidente foi empossado em cerimônia atípica em Washington e disse que governará para "todos os americanos"
“Hoje, celebramos o triunfo, não de um candidato, mas de uma causa —a causa da democracia. A vontade do povo foi ouvida, e a vontade do povo foi acatada. Nós aprendemos novamente que a democracia é preciosa. A democracia é frágil. E nesta hora, meus amigos, a democracia prevaleceu”, declarou.
“Para superar esses desafios para restaurar a alma e garantir o futuro da América, é necessário muito mais que palavras. A coisa mais elusiva de todas as coisas da democracia é necessária: unidade”, disse. “Nós devemos pôr um fim nesta guerra incivil que coloca vermelho contra azul, rural contra urbano, conservador contra liberal. Nós podemos fazer isso, se abrirmos nossas almas ao invés de endurecer nossos corações”.
Devemos pôr um fim nesta guerra incivil que coloca vermelho contra azul, rural contra urbano, conservador contra liberal
Joe Biden
Biden pediu por um novo começo, conforme o país vive um “momento histórico de crise e desafio”.
“Sem união, não há paz, só amargor e fúria. Não há progresso, só um ultraje exaustivo. Não há nação, só um estado de caos. Esse é nosso momento histórico de crise e desafio, e a união é o nosso caminho para frente”, disse. “Ouçam uns aos outros, vejam uns aos outros. Mostrem respeito uns aos outros”.
O democrata também falou da relação com outros países durante o discurso inaugural.
“Aqui está a minha mensagem para aqueles além das nossas fronteiras. A América foi testada, e ficamos mais fortes por causa disso. Nós repararemos nossas alianças e interagiremos com o mundo novamente”, disse, prometendo uma mudança das políticas do seu predecessor.
Nós repararemos nossas alianças e interagiremos com o mundo novamente
Joe Biden
“Nós lideraremos, não só pelo nosso poder, mas por sermos exemplo. Seremos parceiros fortes e confiáveis pela paz, progresso e segurança”, disse.
Com a mão em uma Bíblia que está na família dele há mais de um século, Biden fez o juramento de posse conduzido pelo Juiz-Chefe do país, John Roberts, em que garante que irá “preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos”.
A cerimônia desta quarta aconteceu na frente de um Capitólio fortemente protegido após a invasão do dia 6 de janeiro, quando uma turba de apoiadores do ex-presidente Donald Trump entraram no prédio para contestar o resultado das eleições.
A violência levou a Casa dos Representantes (o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) a pedir o impeachment de Trump na semana passada —pela segunda vez, algo sem precedentes na história do país.
Milhares de soldados da Guarda Nacional foram chamados para a capital depois do acontecido, que deixou cinco mortos. Os apoiadores que tradicionalmente ocupam o gramado do Passeio Nacional de Washington durante o discurso inaugural da presidência foram substituídos por 200 mil bandeiras e 56 pilares de luz. O acesso ao local foi restringido.
“Aqui estamos, há poucos dias depois que uma turba desordeira pensou que poderia usar de violência para silenciar a vontade do povo, para interromper o trabalho da nossa democracia, para nos afastar deste solo sagado”, disse Biden. “Não aconteceu, nunca vai acontecer. Não agora, não amanhã, nunca”.
Os desafios de Joe Biden
A posse de Biden é o zênite de cinco décadas de serviço público, que incluiu mais de trinta anos como senador e dois mandatos como vice-presidente de Barack Obama.
No entanto, ele enfrentará momentos que desafiariam até o mais veterano dos políticos.
A pandemia nos Estados Unidos atingiu patamares fúnebres no último dia de Donald Trump como presidente nesta terça (19), chegando a 400 mil mortos e 24 milhões de casos confirmados de Covid-19 —os maiores números em todo o mundo.
(*Com informações da CNN Internacional e da Reuters)