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    Em crise que se aprofunda, Havana anuncia apagões e cancela carnaval

    Governo anunciou outras medidas, como férias em massa para fechar empresas estatais, esquemas de trabalho em casa e corte de 20% na alocação de energia para empresas privadas com alto consumo

    Marc Frankda Reuters

    A capital cubana, Havana, vai promover cortes na eletricidade em agosto, cancelou o carnaval e está adotando outras medidas diante de uma crise de energia no país que está piorando, disse a imprensa estatal neste sábado (30).

    A capital abriga um quinto da população de 11,2 milhões de habitantes de Cuba e é o centro da atividade econômica da ilha. A cidade até agora vinha sendo poupada dos apagões de energia diários que duram quatro ou mais horas e que estão sendo adotados no resto do país há meses.

    Os apagões motivaram alguns poucos protestos locais durante o verão e, um ano atrás, levaram a um dia de inquietação sem precedentes, com o descontentamento no país transbordando.

    Por enquanto, um cronograma de apagões significa que cada uma das seis municipalidades de Havana terá cortes de eletricidade a cada três dias durante o horário de pico, no meio do dia, segundo o jornal do Partido Comunista, “Tribuna de La Habana”, que publicou uma reportagem sobre uma reunião de autoridades locais.

    O apagão reflete uma crise econômica cada vez mais profunda que começou com duras novas sanções dos Estados Unidos à ilha em 2019 e piorou com a pandemia e depois com a invasão da Rússia à Ucrânia.

    Os preços mais elevados de comida, combustível e transportes expuseram a dependência da importação e vulnerabilidades da economia, como uma infraestrutura decadente. A economia do país caiu 10,9% em 2020 e se recuperou apenas 1,3% ano passado.

    Os cubanos passaram por mais de dois anos de escassez de comida e remédios, longas filas para comprar bens escassos, altos preços e problemas de transporte. Os apagões apenas aumentaram a frustração, levando ao êxodo de mais de 150 mil cubanos desde outubro para os Estados Unidos, e mais para outros lugares.

    “Este é o momento de mostrar solidariedade e contribuir para que o resto de Cuba sofra menos por causa dos indesejáveis apagões”, disse o líder do Partido Comunista de Havana, Luis Antonio Torres, segundo a Tribuna.

    Torres e outros na reunião insistiram que estavam agindo em solidariedade com os cubanos, e não por necessidade, e anunciaram outras medidas, como férias em massa para fechar empresas estatais, esquemas de trabalho em casa e corte de 20% na alocação de energia para empresas privadas com alto consumo. O carnaval, que foi cancelado, seria realizado no próximo mês.

    Jorge Pinon, diretor do Programa de Meio-Ambiente e Energia Latino-Americano e Caribenho da Universidade do Texas, ofereceu uma avaliação diferente da de Torres. Ele afirmou que toda a rede de energia estava próxima do colapso após incêndios recentes em duas das 20 usinas de energia que já estavam obsoletas, com outras quebrando constantemente.

    “Quando você continua usando o equipamento além da manutenção programada, ele entra em um espiral descendente, sem soluções de curto prazo”, disse Pinon. “Os apagões anunciados não são em solidariedade, mas uma necessidade para evitar um possível colapso total do sistema”, acrescentou.

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