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    Em comunicado, Otan destaca ‘ameaça’ da Rússia e ‘desafios’ da China

    Aliança militar se posiciona sobre 'influência crescente e políticas internacionais' de Pequim e 'ações agressivas' de Moscou

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    Os chefes de estado e de governo dos 30 países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) emitiram um comunicado conjunto destacando a “ameaça” apresentada pela Rússia e os “desafios” colocados pela China, após uma reunião nesta segunda-feira (14).

    “Enfrentamos ameaças multifacetadas, competição sistêmica de poderes assertivos e autoritários, bem como crescentes desafios de segurança para nossos países e nossos cidadãos de todas as direções estratégicas”, diz o comunicado, composto por 79 pontos.

    “As ações agressivas da Rússia constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”, diz o texto em seu terceiro tópico – ao todo, país é citado 61 vezes ao longo do comunicado. Os líderes da Otan pediram ainda que a Rússia abandonasse a designação de dois aliados – EUA e República Tcheca – como “países hostis”.

    No comunicado, a Otan destacou que além de suas atividades militares, Moscou também “intensificou suas ações híbridas” contra os aliados e parceiros da aliança militar, inclusive por meio países terceiros.

    “Isso inclui a tentativa de interferência nas eleições dos aliados e nos processos democráticos; pressão política e econômica e intimidação; campanhas de desinformação generalizadas; atividades cibernéticas maliciosas; e fechar os olhos aos cibercriminosos que operam em seu território”, diz o texto.

    Sobre os países que fazem fronteira com os russos, a Otan reiterou seu apoio à integridade territorial e soberania de Ucrânia, Geórgia e República da Moldávia “dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas” e voltou a dizer que não reconheça a anexação da Crimeia, em 2014, por Moscou.

    “De acordo com seus compromissos internacionais, conclamamos a Rússia a retirar as forças que estacionou nos três países sem seu consentimento. Condenamos veementemente e não reconheceremos a anexação ilegal e ilegítima da Crimeia pela Rússia e denunciamos sua ocupação temporária.”

    Apesar das críticas ao governo de Vladirmir Putin, os membros da aliança se disseram “abertos a um diálogo periódico, focado e significativo” com uma Rússia para evitar mal-entendidos, erros de cálculo e escalada não intencional, “e para aumentar a transparência e previsibilidade”.

    Reunião dos líderes da Otan, em Bruxelas
    Reunião dos líderes da Otan, em Bruxelas
    Foto: Jan Van de Vel – 14.jun.2021/Nato/Pool/Anadolu Agency via Getty Images

    Posicionamento inédito sobre a China

    “A influência crescente da China e as políticas internacionais podem apresentar desafios que precisamos enfrentar juntos como uma Aliança”, acrescentou o comunicado, que cita nominalmente o gigante asiático em 10 oportunidades, em um endurecimento no tom em relação ao adotado para o país nas reuniões anteriores da Otan.

    “As ambições declaradas e o comportamento assertivo da China apresentam desafios sistêmicos à ordem internacional baseada em regras e às áreas relevantes para a segurança da Aliança”, completaram os países-membros da aliança militar, destacando preocupação com “políticas coercivas [de Pequim] que contrastam com os valores fundamentais consagrados no Tratado de Washington”.

    O comunicado conjunto diz ainda que a China está expandindo rapidamente seu arsenal nuclear com ogivas e um número maior de sistemas sofisticados de lançamento para estabelecer uma tríade nuclear.

    “Também está cooperando militarmente com a Rússia, inclusive por meio da participação em exercícios russos na área euro-atlântica. Continuamos preocupados com a frequente falta de transparência e uso de desinformação da China”, completa o texto.

    Outros pontos do comunicado

    Os líderes da Otan disseram também que se adaptarão aos desafios de segurança causados pelas mudanças climáticas e se comprometeram a financiar o aeroporto de Cabul, no Afeganistão, depois da retirada das tropas norte-americanas.

    “Depois de quase 20 anos, as operações militares da Otan no Afeganistão estão chegando ao fim. Negamos aos terroristas um refúgio seguro para planejar ataques contra nós, ajudamos o Afeganistão a construir suas instituições de segurança e treinamos, aconselhamos e ajudamos as Forças de Defesa e Segurança Nacional do Afeganistão; eles agora estão assumindo total responsabilidade pela segurança de seu país”, afirma a mensagem.

    “Reconhecendo sua importância para uma presença diplomática e internacional duradoura, bem como para a conectividade do Afeganistão com o mundo, a Otan fornecerá financiamento de transição para garantir o funcionamento contínuo do Aeroporto Internacional Hamid Karzai.”

    A  aliança dedicou um tópico de seu comunicado para falar, exclusivamente, sobre o impacto das mudanças climáticas.

    “É um multiplicador de ameaças que afeta a segurança dos Aliados, tanto na área euro-atlântica quanto na vizinhança mais ampla da Aliança. As mudanças climáticas colocam nossa resiliência e preparação civil à prova, afetam nosso planejamento e a resiliência de nossas instalações militares e infraestrutura crítica e podem criar condições mais adversas para nossas operações.”

    Os países também se comprometeram a desenvolver uma metodologia de mapeamento para medir as emissões de gases do efeito de estufa de atividades e instalações militares bem como a realizar avaliações anuais do impacto das alterações climáticas no seu ambiente estratégico, bem como nas missões e operações.

    Leia a íntegra do comunicado da Otan (em inglês, francês e russo).

    (Com informações de Vasco Cotovio, da CNN, e da Reuters)

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