Em áudios divulgados pela sobrinha, irmã de Trump diz que o presidente é “cruel”
Maryanne Trump Barry também acusa o mandatário de ter pagado um colega para realizar suas provas de admissão na universidade
Maryanne Trump Barry criticou amargamente seu irmão, o presidente Donald Trump, dizendo que o “Donald só liga para o Donald”, de acordo com trechos de áudios captados pela sobrinha do mandatário, Mary Trump, e obtidos pela CNN.
A magistrada de 83 anos também teria confirmado as alegações de sua sobrinha de que o presidente pediu para um amigo fazer seus exames SAT, que dão acesso ao ensino superior nos Estados Unidos.
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O jornal Washington Post foi o primeiro veículo a obter as transcrições e áudios de Mary Trump, autora do livro “Too Much and Never Enough”, sobre a vida do presidente, e uma das maiores críticas do chefe do executivo americano.
Mary, que já disse que seu tio é incompatível com o cargo de presidente e declarou apoio ao seu rival Joe Biden, revelou ao Post que gravou secretamente 15 horas de conversas presenciais com sua tia entre 2018 e 2019.
Em uma das conversas reveladas pelo jornal, a irmã de Trump o chamou de “cruel”. Entre os comentários mais críticos feitos por ela sobre como seu irmão mais novo operava como presidente, disse “ele fica tuitando e mentindo, Meu Deus”. “A mudança de narrativas. A falta de preparação. As mentiras. P*** merda.”
Juíza aposentada, ela nunca falou publicamente sobre divergências com o presidente, mas os áudios parecem mostrar uma história diferente sobre a discórdia familiar. O problema teria começado quando ela pediu um favor ao irmão nos anos 80, que, segundo Barry, seria utilizado constantemente pelo presidente para ficar com os louros do seu sucesso.
Ela também disse: “É a falsidade disso tudo. É a falsidade e a crueldade. O Donald é cruel”, revelam os áudios.
Possivelmente o momento mais revelador do áudio recém-divulgado é uma conversa entre Maryanne e a sobrinha no dia 1° de novembro de 2018, que deu força às alegações de que o presidente pagou alguém para realizar seus SATs (um dos momentos mais publicitados do livro de Mary).
De acordo com o Post, a tia disse o seguinte à sobrinha: “Ele estudou em Fordham por um ano (na realidade 2) e depois foi admitido na Universidade da Pensilvânia porque pagou alguém para fazer as provas.” “Não acredito”, respondeu Mary. “Ele pediu para alguém fazer suas provas de admissão?”
A tia respondeu “acredito que sim”, antes de dizer, “até me lembro do nome. Essa pessoa era Joe Shapiro.” O Post contextualizou que este homem não foi encontrado e nem era o mesmo Joe Shapiro que frequentou a universidade com Trump.
Chris Bastardi, porta-voz de Mary Trump, disse ao jornal que ela começou a gravar as conversas com sua tia em 2018, após seus parentes mentirem sobre o patrimônio familiar por duas décadas, durante disputa judicial por sua herança. Ela afirma ter recebido muito menos que o esperado.
Em nota, ele disse à CNN que “Mary percebeu que os membros de sua família haviam mentido em deposições. Ela sentiu então que era prudente gravar as conversas para se proteger. Nunca esperava, no entanto, ouvir tudo que ouviu.”
Na noite de sábado (22), a Casa Branca disponibilizou um comunicado do presidente Trump. “Todos os dias é algo novo, quem se importa. Tenho saudades do meu irmão e vou continuar trabalhando duro para o povo americano. Nem todo mundo concorda, mas os resultados são óbvios. Nosso país vai, muito em breve, ser ainda mais forte que antes”, disse em referência ao irmão Robert que morreu neste mês.
A CNN procurou Maryanne Trump Barry, mas ela não quis comentar o tema. Em julho, a Casa Branca já havia dito que as acusações de que o presidente pagou alguém para realizar suas provas eram “absurdas” e “completamente falsas”.