Eleições nos EUA: melhores e piores momentos da 1ª noite da Convenção Democrata
Evento foi completamente diferente dos anos anteriores e durou duas horas
A primeira noite da Convenção Nacional Democrata para as eleições presidenciais nos Estados Unidos deste ano já está nos livros.
Como era esperado, foi uma produção completamente diferente dos anos anteriores, já que a pandemia do novo coronavírus mantém a grande maioria dos palestrantes longe da arena real, localizada na cidade de Milwaukee.
Apesar disso, o evento aconteceu e durou duas horas. Confira abaixo os melhores e piores momentos dessa primeira noite.
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Melhores momentos
Michelle Obama
Os dois oradores mais talentosos do Partido Democrata são os Obamas. A ex-primeira-dama Michelle Obama provou – novamente – na noite dessa segunda-feira (17), com um discurso poderoso que acertou o centro do que é considerado a falha de personalidade mais gritante do presidente Donald Trump: a completa falta de empatia.
“Não é apenas decepcionante, é completamente irritante”, disse ela em um determinado momento. Michelle também ofereceu sua perspectiva única sobre o que é realmente necessário para ser presidente: como os rigores do trabalho revelam o verdadeiro caráter da pessoa.
Talvez o mais surpreendente com relação à ex-primeira-dama, que assim como o marido costuma evitar se referir a Trump com agressividade, tenha sido o tom do discurso dela, que foi franco e ao mesmo tempo duro sobre a falta de qualificações do republicano para o cargo que ocupa.
“Donald Trump é o presidente errado para o nosso país”, afirmou ela no momento mais poderoso do discurso. “Ele teve tempo mais do que necessário para provar que pode fazer o trabalho, mas está claramente perdido.”
Kristin Urquiza
A filha do homem do Arizona que perdeu a mulher para a Covid-19 protagonizou um dos momentos mais emocionantes do evento. “A única condição pré-existente dele [o pai] foi confiar em Donald Trump, e por isso, pagou com a própria vida.” Essa é uma frase que provavelmente será ouvida de novo ao longo da corrida presidencial.
Andrew Cuomo
O governador de Nova York se tornou uma das figuras de maior destaque no país graças às suas entrevistas coletivas diárias sobre a situação do novo coronavírus no estado, enquanto a cidade de Nova York viveu o pior surto do país.
O discurso de Cuomo na segunda voltou a esse assunto, com uma apresentação com gráficos que mostrou o declínio dos casos da doença no estado. Ele, que já é apontado como um candidato em potencial para as eleições presidenciais de 2024, se Joe Biden não vencer, fez um discurso que foi uma afirmação eficaz de sua imagem como um burocrata valioso em um momento que o país precisa disso.
Ex-candidatos
Foi interessante ver tantos nomes que Biden venceu nas primárias democratas aparecerem em um único vídeo explicando por que o admiram e por que acreditam que ele é o homem certo para a presidência dos EUA.
Bernie Sanders
O senador por Vermont fez o que a equipe de Biden precisava que ele fizesse. Ele reconheceu as diferenças entre os dois – principalmente sobre saúde pública –, mas destacou o quanto têm em comum e como a ameaça personalizada por Trump foi tão importante que os fez perceber que as diferenças entre os democratas não valiam a divisão entre eles.
Ainda vai haver apoiadores de Sanders que ficarão em casa ao invés de votar no partido que Biden representa? Claro. Mas Sanders não piorou as coisas com seu discurso.
Hino nacional
O hino nacional dos EUA foi um momento emocionante nos primeiros 45 minutos da convenção.
John Prine
Ouvir a canção I remember everything na voz de John Prine para lembrar todos aqueles que perderam a vida em razão da Covid-19 foi um ponto alto da noite. Infelizmente também lembrou a todos que a doença também levou Prine.
Piores momentos
Gretchen Whitmer
A governadora de Michigan estava entre os cotados para ser vice-presidente na chapa de Biden, mas ela não se destacou muito na noite de segunda-feira. O discurso dela pareceu muito tradicional para o momento e um pouco estereotipado.
Discussões
Sabemos que é muito difícil produzir duas horas de televisão quando não se pode ter pessoas juntas em um mesmo ambiente. E, na teoria, Biden comandando rodadas de discussão para falar sobre reforma política ou funcionários da área da saúde que estão na linha de frente faz sentido. Contudo, pareceu muito raso, como um segmento ruim na TV a cabo quando todos dizem uma coisa e depois entra um intervalo comercial.
Aplausos virtuais
Depois que a compositora Maggie Rogers se apresentou e Sanders falou, a transmissão do evento passou um vídeo de pessoas aplaudindo. A vontade de mostrar reações a uma música ou discurso político é compreensível, já que é estranho quando um político faz um discurso animador e é seguido por um momento de silêncio. Mas sabe o que é pior? Performances artificiais de aplausos no Zoom, como na noite de ontem.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)