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    Trump diz que judeus teriam culpa em eventual derrota nas eleições

    Ex-presidente diz que vitória de Kamala Harris à Presidência dos EUA seria prejudicial a Israel, que "deixaria de existir"

    Gregory KriegKit Maherda CNN

    O ex-presidente dos EUA Donald Trump disse nesta quinta-feira (19) que “o povo judeu” seria parcialmente culpado se ele perdesse as eleições em novembro, intensificando suas persistentes críticas de campanha aos eleitores judeus e insistindo que os democratas têm uma “maldição” sobre eles.

    “Não vou chamar isso de previsão, mas, na minha opinião, o povo judeu teria muito a ver com uma derrota se eu tivesse 40% de apoio nas pesquisas”, disse Trump aos republicanos em Washington em um evento anunciado como oposição ao antissemitismo.

    “Se eu tiver 40%, pense nisso, isso significa que 60% estão votando em Kamala [Harris], que, em particular, é uma democrata ruim. Os democratas são ruins para Israel, muito ruins.”

    O ex-presidente não citou nenhuma pesquisa específica.

    Trump questionou frequentemente por que os judeus americanos considerariam votar em seu oponente, dizendo repetidamente que os eleitores judeus democratas “deveriam ter suas cabeças examinadas”.

    No primeiro de dois discursos para grupos judaicos na quinta-feira, Trump alertou uma audiência que incluía a megadoadora do GOP (sigla para Grand Old Party, como também é conhecido o partido Republicano) Miriam Adelson, que o apresentou no palco, que a próxima eleição dos EUA é “a mais importante” na história de Israel.

    Ele alegou que o estado judeu seria “erradicado”, “varrido da face da terra” e “deixaria de existir” se Harris ganhasse a presidência.

    Mas o ex-presidente pareceu preocupado com o que ele descreveu como ingratidão dos eleitores judeus, que ele disse que deveriam apoiá-lo em maiores proporções por causa de seu histórico em Israel.

    “Acabou de sair uma pesquisa. Estou com 40%”, disse Trump, novamente sem identificar a pesquisa. “Isso significa que você tem 60% votando em alguém que odeia Israel. E eu digo, isso vai acontecer. É apenas por causa do controle ou maldição democrata sobre você. Você não pode deixar isso acontecer. 40% não é aceitável, porque temos uma eleição para vencer.”

    Depois de pedir a Harris que “repudiasse oficialmente o apoio de todos os simpatizantes do Hamas, antissemitas e odiadores de Israel nos campi universitários e em todos os outros lugares”, Trump voltou sua atenção novamente para os eleitores judeus.

    “Infelizmente, e eu tenho que dizer isso, e me dói dizer isso, vocês ainda vão votar nos democratas, e isso não faz sentido”, disse o ex-presidente.

    “Eu digo o tempo todo que qualquer judeu que vote nela, especialmente agora, nela ou no Partido Democrata, deveria ter sua cabeça examinada.”

    Harris nunca reivindicou apoio de nenhum dos grupos mencionados por Trump. Ela, de fato, foi criticada por alguns democratas progressistas e liberais mais jovens, muitos deles judeus, por sua recusa em considerar uma pausa nos embarques de armas dos EUA para Israel, como muitos grupos pró-palestinos estão exigindo, em meio à guerra de Israel em Gaza.

    Um membro da plateia segura um pôster enquanto o candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala na Cúpula Nacional do Conselho Israelense Americano no Washington Hilton em 19 de setembro de 2024 • Kevin Dietsch/Getty Images

    Mais cedo na quinta-feira, o movimento “Uncommitted”, que surgiu durante as primárias democratas em oposição à política do governo Biden em Israel e Gaza, disse que não apoiaria Harris depois que sua campanha rejeitou novamente os ativistas que pressionavam pela interrupção da ajuda militar dos EUA a Israel e um cessar-fogo imediato.

    Mais tarde na noite de quinta-feira, na cúpula nacional do Conselho Israelense Americano, Trump disse que não foi “tratado adequadamente pelos eleitores que por acaso são judeus” durante a eleição de 2020 e, pela segunda vez em poucas horas, disse que os eleitores judeus teriam alguma responsabilidade se ele fosse derrotado este ano.

    “Eu dei a eles as Colinas de Golã. Eu dei a eles os Acordos de Abraão. Eu reconheci a capital de Israel e abri a Embaixada em Jerusalém. E o mais importante de tudo, eu terminei o acordo nuclear com o Irã, que foi o pior acordo já feito na história de Israel, na história do Oriente Médio”, disse Trump.

    “Fiquei lá quatro anos, dei a eles bilhões e bilhões de dólares. Eu era o melhor amigo que Israel já teve, e ainda em 2020, agora, eu fiz todas essas coisas, então agora, o povo judeu não tem desculpa”, ele acrescentou, jogando com um tropo antissemita de que os judeus americanos têm lealdade dupla aos EUA e a Israel.

    O marido de Harris, o segundo cavalheiro Doug Emhoff, é judeu e tem sido um crítico declarado do antissemitismo, especialmente durante os protestos nos EUA contra as ações de Israel em Gaza.

    Ainda assim, Trump tem repetidamente classificado seu rival como “anti-Israel” e “antijudaico”.

    “Vocês têm que derrotar Kamala Harris mais do que qualquer outro povo na Terra”, disse Trump, dirigindo-se aos eleitores judeus na plateia. “Israel, eu acredito, tem que derrotá-la. Vocês sabiam disso? E eu nunca disse isso antes: mais do que qualquer povo na Terra, Israel tem que derrotá-la.”

    Ele então prometeu “tornar Israel grande novamente”.

    Amy Spitalnick, CEO do Conselho Judaico para Assuntos Públicos e ex-assessora de autoridades democratas em Nova York, acusou Trump de usar “um discurso sobre antissemitismo como uma oportunidade para adotar tropos antissemitas e atacar a comunidade judaica americana”.

    “Tratar os judeus e Israel como bolas de futebol políticas torna os judeus, Israel e todos nós menos seguros. Dividir os judeus em campos ‘bons’ e ‘maus’ e se envolver em tropos de lealdade dupla normaliza ainda mais o antissemitismo”, acrescentou Spitalnick.

    “Isso não é política partidária – é sobre a segurança fundamental da comunidade judaica.”

    Em uma entrevista em março, Trump disse que qualquer judeu que vota nos democratas “odeia sua religião” e odeia “tudo sobre Israel”.

    Ele fez declarações semelhantes que evocaram clichês antissemitas durante suas duas primeiras campanhas presidenciais.

    “Vocês não vão me apoiar porque eu não quero seu dinheiro. Vocês querem controlar seus políticos, tudo bem”, disse Trump na Coalizão Judaica Republicana em dezembro de 2015. “Eu sou um negociador como vocês, nós somos negociadores.”

    Mas a frustração aberta de Trump com os eleitores judeus se tornou um tema mais frequente após sua derrota eleitoral de 2020.

    “Os judeus que vivem nos Estados Unidos não amam Israel o suficiente. Isso faz sentido para você?”, ele disse a um canal judeu ortodoxo em 2021.

    Em uma publicação nas redes sociais em 2022, o ex-presidente – usando um argumento ao qual ele aludiu na quinta-feira – reclamou que “os maravilhosos evangélicos são muito mais gratos [por seu histórico em Israel] do que as pessoas da fé judaica, especialmente aquelas que vivem nos EUA”.

    “Os judeus americanos precisam se recompor”, escreveu ele, “e valorizar o que têm em Israel – Antes que seja tarde demais!”

    Em julho, Harris afirmou seu “compromisso inabalável com Israel” após se reunir com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Washington.

    Após as manifestações pró-Hamas em torno da visita do líder israelense, Harris disse em uma declaração: “Condeno qualquer indivíduo associado à brutal organização terrorista Hamas, que prometeu aniquilar o Estado de Israel e matar judeus”.

    https://stories.preprod.cnnbrasil.com.br/internacional/eleicoes-nos-eua-o-que-e-voto-facultativo-e-por-que-ele-e-adotado/

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