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    Por que Democratas são representados por burros e Republicanos por elefantes?

    Os símbolos foram popularizados e receberam suas formas modernas pelo mesmo cartunista Thomas Nast

    Da CNN

    Na próxima terça-feira (05), acontecem as eleições presidenciais nos Estados Unidos. A democrata, Kamala Harris, e o republicano, Donald Trump, se enfrentam na corrida à Casa Branca. 

    A cada ciclo eleitoral, ilustrações de burros e elefantes aparecem em desenhos políticos, bótons de campanha, memes da internet e alguns artigos de moda surpreendentes. Como poderia ser diferente? Os dois animais – o primeiro representando o Partido Democrata e o segundo, o Partido Republicano – são símbolos da cultura visual dos Estados Unidos, tão reconhecíveis quanto o Papai Noel ou o Tio Sam.

    No entanto, a maioria dos norte-americanos ficaria surpresa ao saber que ambos os símbolos políticos (assim como o Papai Noel e o Tio Sam) foram popularizados e receberam suas formas modernas pelo mesmo cartunista. Ele se chamava Thomas Nast.

    Ao longo de sua carreira na revista “Harper’s Weekly”, de 1862 a 1886, ele se tornou o primeiro grande cartunista político dos EUA e um dos maiores satiristas. Nas gravuras em madeira pelas quais é lembrado, ele abordou temas como a Guerra Civil, as loucuras da reconstrução depois do conflito e a imigração.

    Alguns sugerem que a palavra “desagradável” (do inglês nasty) deriva do sobrenome do artista e, embora isso talvez não seja verdade, se você olhar os desenhos dele, talvez se convença que sim.

    “Pânico do Terceiro Mandato”

    O uso do elefante para representar o Partido Republicano foi popularizado com o desenho “Pânico do Terceiro Mandato” (“Third Term Panic”), de 1874. Nos meses que antecederam as eleições, o “New York Herald”, naquele tempo um jornal apoiador de vários candidatos Democratas, espalhou o boato de que o presidente Ulysses Grant, um Republicano, estava pensando em concorrer ao terceiro mandato em 1876, o que não era ilegal naquela época antes da 22ª Emenda, mas tampouco era bem visto.

    Nast, um orgulhoso apoiador do partido de Abraham Lincoln, desenhou o “Herald” como um burro em pele de leão, assustando os outros animais com histórias da ditadura de Grant. Entre esses animais está um elefante enorme e desajeitado chamado “Voto Republicano”, que parece estar prestes a despencar de um penhasco.

    O cartunista não foi o primeiro humorista a comparar humanos a animais. A história do burro em pele de leão remonta ao escritor da Grécia Antiga Esopo. Nast também não foi o primeiro artista a comparar Republicanos a elefantes. Pelo menos uma década antes, havia anúncios promovendo o Partido Republicano com o slogan “veja o elefante” (see the elephant), uma gíria obscura da Guerra Civil com um significado próximo a “lute bravamente”.

    Nast retratou o Partido Democrata como um burro muitas vezes (embora em “Pânico do Terceiro Mandato” ele tome a forma de uma raposa), mas os dois animais estavam ligados desde a administração de Jackson, meio século antes.

    Mas essa foi a última ideia que Nast teve de apresentar a política norte-americana como uma grande coleção caótica de bichos – um circo. Como os melhores satiristas, ele ridicularizava seu próprio lado quase com o mesmo humor que fazia com o lado adversário – retratando o Partido Republicano como uma criatura fraca e em pânico que vivia se movendo pesadamente na direção errada, com seu tamanho mais atrapalhando que ajudando.

    Os burros de Nast não recebem um tratamento muito melhor. Um desenho comum de 1879 mostra o animal teimoso pendurado pelo rabo, quase caindo em um abismo de “caos financeiro”. Em suas sátiras, era frequente ver elefantes e burros a um fio do caos – uma avaliação um tanto justa dos líderes Republicanos e Democratas da Era Dourada.

    O elefante e o burro nos dias atuais

    O elefante e o burro sobrevivem em uma ostentação política graças ao talento de Nast. Até hoje, o elefante é o símbolo oficial do Partido Republicano, e embora os Democratas ainda não o tenham assumido, não é preciso andar muito para ver um burro em um de seus comícios.

    É um pouco estranho o fato de que os dois maiores partidos dos EUA tenham abraçado seus mascotes com tanto entusiasmo, considerando como os dois animais eram representados nos desenhos originais de Nast: bobalhões, servis e fáceis de confundir. Talvez nenhum partido tenha verificado isso antes de mandar estampá-los em bótons e tote bags.

    Ou pode ser que souberam das piadas de Nast e decidiram que a melhor resposta seria também zombar de si mesmos.

    EUA: por que os partidos são representados por burros e elefantes?

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