Kamala Harris reverte vantagem financeira de Donald Trump em fundos de campanha
Megadoadores impulsionam grupos externos que arrecadaram milhões em meio à corrida presidencial dos EUA
Kamala Harris potencializou a arrecadação de fundos democrata em julho após assumir a liderança da chapa presidencial do partido, mostram novos registros federais. A vice-presidente ajuda a apagar o que era uma vantagem financeira emergente para o candidato republicano Donald Trump.
Os novos registros também mostram o candidato presidencial independente Robert F. Kennedy Jr. enfrentando recursos de campanha decrescentes e reembolsando contribuições de a sua companheira de chapa, que disse em um podcast postado na terça-feira (20) que a campanha está considerando sair da corrida e endossar Trump.
Enquanto isso, grupos externos proeminentes financiados pelos principais megadoadores arrecadaram milhões em meio à corrida presidencial transformada e gastaram outros milhões em campanhas publicitárias.
Aqui estão as conclusões da última rodada de registros mensais com a Comissão Eleitoral Federal, que cobrem a atividade de arrecadação de fundos e gastos para julho, incluindo as três semanas antes de Biden abandonar a corrida presidencial e apoiar Kamala.
Kamala abre vantagem financeira sobre Trump
O comitê principal da campanha de Kamala relatou cerca de US$ 220 milhões em dinheiro em caixa no final de julho, um salto enorme em relação aos quase US$ 96 milhões que o comitê relatou no início do mês, quando ainda estava sob o controle do presidente Joe Biden.
O saldo bancário de Kamala também superou os US$ 151 milhões que a campanha de Trump relatou em sua conta principal em 31 de julho. É uma reversão dramática em relação ao final de junho, quando Trump liderou Biden em dinheiro em caixa por mais de US$ 30 milhões (US$ 128 milhões para US$ 96 milhões).
Tanto Kamala quanto Trump arrecadam a maior parte de seus fundos de campanha por meio de comitês conjuntos de arrecadação de fundos, que dividem os lucros entre as campanhas presidenciais, comitês nacionais do partido e dezenas de outros aliados.
Incluindo todos esses aliados, Kamala anunciou no início deste mês que havia arrecadado um recorde de US$ 310 milhões em julho, incluindo US$ 200 milhões apenas em sua primeira semana após substituir Biden.
Um funcionário da campanha de Kamala disse que a equipe espera ultrapassar a marca de US$ 500 milhões em arrecadação de fundos nos próximos dias. Em comparação, Trump anunciou anteriormente que toda a sua operação política havia arrecadado um total de US$ 139 milhões em julho.
Os novos registros do principal comitê de campanha de cada candidato refletem essa vantagem mais ampla. Kamala relatou que ela trouxe US$ 204,5 milhões diretamente para sua conta de campanha em julho, incluindo fundos arrecadados durante as semanas em que Biden ainda estava na disputa.
Em contraste, a campanha de Trump relatou ter arrecadado US$ 47,5 milhões diretamente para sua conta de campanha no mesmo período. Sua campanha também foi dramaticamente superada pela campanha de Kamala ao longo do mês, US$ 81 milhões para US$ 24 milhões.
Em meio à corrida por dinheiro cada vez mais intensa, ambos os comitês nacionais do partido também relataram arrecadar dezenas de milhões, embora o Comitê Nacional Republicano tenha aumentado sua vantagem em dinheiro com o Comitê Nacional Democrata gastando muito em julho.
A Convenção Nacional Republicana arrecadou quase US$ 31 milhões, gastou US$ 33,5 milhões e entrou em agosto com cerca de US$ 99 milhões em mãos. Em comparação, a Convenção Nacional Democrata também arrecadou quase US$ 31 milhões, mas gastou US$ 43 milhões e encerrou o mês com pouco menos de US$ 66 milhões em dinheiro.
Megadoadores impulsionam grupos externos
Os novos registros da Comissão Eleitoral Federal (FEC) mostram que, em julho, megadoadores de ambos os partidos investiram milhões em grupos externos proeminentes, que gastaram muito em resposta à mudança no cenário presidencial.
O FF PAC, o principal super PAC que apoia Kamala, arrecadou quase US$ 30 milhões, incluindo uma contribuição de US$ 5 milhões do executivo de investimentos Marc Stad em 25 de julho, quatro dias após Biden se retirar da disputa.
O super PAC gastou mais de US$ 27 milhões em julho, incluindo mais de US$ 20 milhões em gastos independentes, principalmente para mídia paga com o objetivo de apoiar a candidatura de Kamala.
O MAGA Inc., um super PAC pró-Trump, teve um mês ainda maior, arrecadando quase US$ 55 milhões em julho e gastando mais de US$ 43 milhões em gastos independentes com o objetivo de impulsionar Trump.
Quase toda a arrecadação da MAGA Inc. no mês passado veio de uma única contribuição de US$ 50 milhões em 15 de julho — antes de Biden desistir — do bilionário recluso Tim Mellon, herdeiro de uma fortuna bancária histórica que já deu ao super PAC um total de US$ 115 milhões até agora neste ciclo eleitoral.
Esta foi a segunda doação de US$ 50 milhões de Mellon para a MAGA Inc. — após uma contribuição feita em maio deste ano. As duas doações representam as maiores contribuições individuais relatadas à FEC até agora neste ano.
Dados da empresa de rastreamento de anúncios AdImpact ilustram o quão potente foi a força desses grupos externos nas primeiras semanas da corrida revirada.
Nas quatro semanas seguintes à decisão de Biden de desistir, grupos externos — liderados pelo FF PAC, MAGA Inc. e o pró-Trump Preserve America — gastaram mais de US$ 180 milhões combinados em anúncios em meio a uma corrida frenética para definir a nova eleição geral.
Nesse período, o FF PAC gastou um total de quase US$ 70 milhões em anúncios, incluindo investir mais de US$ 20 milhões em um comercial que apresenta clipes de Kamala fazendo seu discurso de campanha em um comício.
“Estou concorrendo para lutar por uma América onde a economia funciona para os trabalhadores, onde você só precisa trabalhar em um emprego para pagar as contas e onde o trabalho duro é recompensado, onde os direitos reprodutivos não são apenas protegidos pela Constituição dos Estados Unidos, mas garantidos em todos os estados”, diz Kamala no anúncio.
Contrariando esses esforços, a MAGA Inc. gastou mais de US$ 50 milhões em anúncios no mesmo período. Ela investiu quase US$ 15 milhões em um anúncio que rotulou Kamala como “uma liberal perigosa de São Francisco” e criticou seu histórico como ex-promotora distrital e procuradora-geral da Califórnia.
Grupos externos estão prontos para desempenhar um papel decisivo nos meses finais da campanha de 2024. Dados do AdImpact mostram que grupos democratas, liderados pelo FF PAC, têm mais de US$ 278 milhões em reservas futuras de anúncios para a corrida presidencial até o dia da eleição, enquanto os republicanos têm quase US$ 140 milhões reservados. E esses totais provavelmente continuarão a crescer à medida que novembro se aproxima, com gastos na corrida de 2024 projetados para quebrar recordes.
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Os últimos registros também levantam questões sobre o futuro da candidatura de Kennedy à Casa Branca. O candidato independente teria buscado reuniões com Kamala e Trump sobre possíveis papéis em futuras administrações.
Além disso, sua companheira de chapa, Nicole Shanahan, disse em um podcast postado na terça-feira (20) que a campanha está considerando abandonar a corrida e apoiar Trump.
A campanha de Kennedy terminou julho com apenas US$ 3,9 milhões em mãos e relatou quase US$ 3,5 milhões em dívidas pendentes com o executivo de segurança privada Gavin de Becker para várias despesas relacionadas à segurança.
O processo mostrou que a campanha de Kennedy reembolsou quase US$ 1 milhão em julho para Shanahan, uma advogada e executiva do Vale do Silício cuja fortuna pessoal era vista como um ativo potencialmente significativo. Shanahan havia doado mais de US$ 13 milhões antes do reembolso, fundos cruciais para uma campanha sem o apoio de nenhuma infraestrutura de partido importante.
Esses recursos limitados adicionarão mais pressão a uma campanha que já enfrenta o desafio de garantir acesso às cédulas em vários estados, incluindo Nova York — onde no início deste mês, um juiz rejeitou a submissão de Kennedy — enquanto também navega em um terreno eleitoral significativamente remodelado pela elevação de Kamala a indicada democrata.
Betsy Klein, da CNN, contribuiu para esta reportagem.
