Kamala Harris propões redução de impostos para classe média e de baixa renda
Plano ofereceria benefícios fiscais para mais de 100 milhões de americanos
A vice-presidente Kamala Harris revelou nesta sexta-feira (16) um plano econômico para cortar impostos para mais de 100 milhões de americanos de classe média e baixa renda, enquanto ela desenvolve os detalhes de sua agenda de governo semanas depois de garantir a nomeação presidencial democrata.
A vice-presidente propôs a sua política econômica – que inclui medidas destinadas a tornar a habitação, os alimentos, os cuidados de saúde e a educação dos filhos mais acessíveis – num discurso na Carolina do Norte. Isso ocorre no momento em que seu rival republicano, o ex-presidente Donald Trump, tenta culpar Harris pela inflação desde que ela e o presidente Joe Biden assumiram o cargo.
As propostas de Harris baseiam-se em grande parte nas propostas econômicas de Biden, retomando ou ampliando medidas temporárias que os democratas aprovaram em grandes pacotes quando o partido controlava o Congresso durante os primeiros dois anos do mandato do presidente.
Harris disse que iria “construir sobre as bases” do progresso econômico alcançado pela administração Biden.
“Mesmo assim, sabemos que muitos americanos ainda não sentem esse progresso nas suas vidas diárias. Os custos ainda são muito elevados e, a um nível mais profundo, para muitas pessoas, por mais que trabalhem, é muito difícil conseguir progredir”, disse ela.
Ela disse que um “objetivo definidor da sua presidência” seria construir o que chamou de “economia de oportunidades” para a classe média. Ela também prometeu controlar o aumento dos preços de bens como mantimentos e combater a manipulação de preços.
“Como presidente, assumirei os custos elevados que mais importam para a maioria dos americanos”, disse ela. “Sei que a maioria das empresas está criando empregos, contribuindo para a nossa economia e cumprindo as regras. Mas alguns não fazem, e isso simplesmente não está certo, e precisamos de agir quando for esse o caso.”
Antes de abandonar a corrida de 2024 no mês passado, Biden lutou para articular e defender o seu histórico econômico. Kamala está tentando vender uma série ampliada de propostas progressistas com uma mensagem mais voltada para o futuro – uma mensagem que promete fortalecer a classe média e enfrentar grandes empresas que, segundo ela, são responsáveis pelo aumento dos custos.
A divulgação da sua agenda econômica pela candidata democrata ocorre dias antes dos democratas se reunirem em Chicago para a convenção do partido, onde procurarão estabelecer contrastes entre a visão de Harris e o histórico econômico de Trump.
As novas propostas de Harris exigiriam a aprovação do Congresso – e ela não especificou como pagaria a sua custosa lista de desejos, em um momento em que a dívida federal está aumentando rapidamente.
A proposta de Harris restauraria a popular expansão do crédito fiscal infantil do Plano de Resgate Americano para até 3.600 dólares, acima dos 2.000 dólares, e exigiria que se tornasse permanente. A medida só entrou em vigor em 2021. Biden e os líderes democratas no Capitólio não tiveram sucesso nos seus esforços para reanimá-la parcialmente – em parte devido ao seu elevado custo. Um projeto de lei bipartidário que teria reforçado temporariamente o crédito tributário infantil foi aprovado na Câmara no início deste ano, mas foi bloqueado pelos republicanos no Senado.
A proposta também acrescentaria um novo crédito fiscal infantil de até 6.000 dólares para famílias de classe média e de baixa renda com crianças no primeiro ano de vida. É nesse momento que as despesas de uma família, como berços e fraldas, podem atingir o seu máximo e quando muitos pais têm de faltar ao trabalho, observou a campanha.
A política econômica de Kamala também expandiria o crédito fiscal sobre o rendimento do trabalho, conhecido como EITC, para oferecer aos trabalhadores da linha da frente sem filhos dependentes uma redução fiscal de até 1.500 dólares. O Plano de Resgate Americano aumentou o crédito máximo, que está disponível para trabalhadores com empregos de baixos rendimentos, para aproximadamente esse montante, mas o reforço do EITC só entrou em vigor em 2021.
O pacote da vice-presidente pede a extensão dos subsídios premium mais generosos do Affordable Care Act, que expirarão no final de 2025. O aprimoramento, que foi disponibilizado por meio do Plano de Resgate Americano e estendido pela Lei de Redução da Inflação, ajudou a impulsionar os cadastros para a cobertura do Obamacare para níveis recordes.
O plano proposto por Harris não especifica por quanto tempo estas disposições estariam em vigor.
A CNN informou anteriormente que a sua política econômica mais ampla incluirá um plano de quatro anos para reduzir os custos de habitação, incluindo 25.000 dólares em assistência de pagamento inicial para proprietários de casas pela primeira vez e ações destinadas a estimular a construção de novas habitações, incluindo incentivos fiscais para a construção de casas. Espera-se também que ela peça uma proibição federal da manipulação de preços para reduzir os preços dos alimentos e os custos diários.
A proposta de redução de impostos de Harris surge num momento em que ela enfrenta ataques constantes da campanha de Trump, especialmente do candidato republicano à vice-presidência, JD Vance, por ser anti-família. Vance disse à CBS News no fim de semana que deseja aumentar o crédito tributário infantil para US$ 5.000 por criança. A Lei de Reduções de Impostos e Empregos do ex-presidente Donald Trump de 2017 duplicou o crédito fiscal infantil para os atuais 2.000 dólares – embora esse aumento deva expirar no final do próximo ano, junto com outras disposições legais do imposto sobre o rendimento individual.
A campanha de Harris argumentou contra a agenda econômica de Trump, uma vez que procura estabelecer um forte contraste, argumentando que ele está “cumprindo a promessa de conceder outra redução fiscal bilionária aos seus amigos ultrarricos”. O plano do antigo presidente, de acordo com a campanha, “dará aos multimilionários uma doação fiscal de 3,5 milhões de dólares cada um por ano, dará às grandes corporações um lucro inesperado de 1,5 biliões de dólares e tornará mais fácil aos ricos sonegadores evitarem pagar o que possuem”.
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