Em Washington, Kamala Harris tenta contraste com Donald Trump
Democrata afirmou que republicano pretende se vingar de rivais políticos, incluindo cidadãos
Kamala Harris alertou os americanos na terça-feira (29) à noite que Donald Trump se vingaria dos rivais políticos, incluindo os cidadãos, ao mesmo tempo em que prometeu que trabalharia incansavelmente por todos os americanos.
“Em menos de 90 dias, Donald Trump ou eu estaremos no Salão Oval”, disse Harris no Ellipse, parque em Washington, DC, virando-se para a Casa Branca atrás dela enquanto fazia o que sua campanha anunciou como um discurso de “argumento final”.
“No primeiro dia, se eleito, Donald Trump, vai entrar naquele escritório com uma lista de inimigos. Quando eleita, entrarei com uma lista de afazeres cheia de prioridades sobre o que farei pelo povo americano.”
De pé onde Trump disse a seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021 para “lutarem como o diabo”, pouco antes de invadirem o Capitólio dos EUA, Kamala descreveu a eleição como uma escolha existencial entre as liberdades que ela prometeu proteger e o “caos e a divisão” que seguiriam Trump de volta à Casa Branca.
“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo de dentro’. Este não é um candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor”, disse a democrata. “Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado.”
Falando por cerca de meia hora no Ellipse, Kamala mediu seus planos políticos em relação aos de Trump, se colocando como o contraponto do ex-presidente — uma presidente que expandiria o Medicare para cobrir assistência médica domiciliar, enquanto o republicano tentaria cortar o programa; uma presidente que apoiaria os direitos reprodutivos das mulheres, enquanto Trump os restringiria ainda mais; uma presidente que valorizaria o compromisso, enquanto Trump se deleita com o conflito.
“Nossa democracia não exige que concordemos em tudo. Esse não é o jeito americano”, disse Kamala. “Gostamos de um bom debate. E o fato de alguém discordar de nós não faz dele ‘o inimigo interno’. Eles são família, vizinhos, colegas de classe, colegas de trabalho.”
“Pode ser fácil esquecer uma verdade simples”, ela acrescentou. “Não precisa ser assim.”
Cem dias após o presidente americano Joe Biden anunciar que não concorreria à reeleição, Kamala, em seus comentários, continuou a mantê-lo à distância. Servir como vice-presidente de Biden, disse ela, foi uma “honra”. Mas isso não definiria sua administração ou seus objetivos no cargo.
“Minha presidência será diferente porque os desafios que enfrentamos são diferentes”, disse a democrata. “Nossa maior prioridade como nação há quatro anos era acabar com a pandemia e resgatar a economia. Agora, nosso maior desafio é reduzir custos, custos que estavam aumentando mesmo antes da pandemia e que ainda estão muito altos.”
Pouco depois de concluir seus comentários, Biden foi forçado a corrigir comentários que fez mais cedo naquela noite em um chamado para incentivar o voto, o que gerou uma reação imediata de muitos que os interpretaram como uma referência aos apoiadores de Trump como “lixo”.
A vice-presidente tentou na terça-feira (29) conectar sua história pessoal à forma como ela lideraria o país — um reflexo do fato de que muitos americanos ainda dizem que querem saber mais sobre a vice-presidente, que está conduzindo uma campanha com um prazo incrivelmente curto, e seus planos.
E embora seu discurso não tenha fornecido mais detalhes sobre políticas, ela mais uma vez argumentou que sua formação – filha de imigrantes que se tornou promotora – a preparou para cumprir suas promessas.
“Desde que me lembro, sempre tive um instinto de proteger. Há algo sobre pessoas sendo tratadas injustamente, ou negligenciadas, que simplesmente me atinge”, disse Kamala. “É o que minha mãe incutiu em mim. Um impulso para responsabilizar aqueles que usam sua riqueza ou poder para tirar vantagem de outras pessoas.”