Elogiado por Haley e DeSantis, Trump encerra 2º dia de Convenção Republicana; vice discursa hoje

Os antigos rivais de Donald Trump na disputa pela indicação presidencial republicana nos EUA, Nikki Haley e Ron DeSantis, deram apoio total à sua candidatura na convenção do partido, em uma demonstração de unidade dias após o ex-presidente sobreviver a uma tentativa de assassinato.

Haley, que descreveu Trump como inapto para o cargo durante sua campanha, pediu a seus apoiadores que votassem nele em vez do presidente democrata Joe Biden “pelo bem da nossa nação”.

“Você não precisa concordar com Trump 100% das vezes para votar nele”, disse Haley, ex-embaixadora da ONU e ex-governadora da Carolina do Sul, após subir ao palco em meio a uma mistura de aplausos e vaias.

“Vou começar deixando uma coisa bem clara. Donald Trump tem meu forte apoio, ponto final”, declarou a ex-candidata.

Se tivermos mais quatro anos de Biden ou um único dia de Harris. Nosso país ficará muito pior. Pelo bem da nossa nação, temos que ir com Donald Trump.

Nikki Haley

“Estou aqui esta noite porque temos um país para salvar. E um Partido Republicano unificado é essencial para salvá-la.”

DeSantis, o governador conservador da Flórida cuja campanha fracassou no início do ano, foi recebido calorosamente pela multidão ao atacar Biden, de 81 anos, por considerá-lo velho demais para o cargo.

Enquanto o governador passou as primárias do Partido Republicano tentando defender seu caso contra outra presidência de Trump, no palco ele pediu aos americanos que apoiassem o ex-presidente.

Repetindo uma de suas falas típicas de discurso popular, “Vamos mandar Joe Biden de volta para seu porão”, DeSantis acrescentou, “E vamos mandar Donald Trump de volta para a Casa Branca”.

Donald Trump, ele foi demonizado. Ele foi processado. Ele foi processado. E ele quase perdeu a vida. Não podemos decepcioná-lo, e não podemos decepcionar a América.

Ron DeSantis

Embora DeSantis frequentemente criticasse Trump por não conseguir concluir o muro na fronteira, DeSantis disse: “Nossa fronteira era mais segura sob o governo Trump”.

Com a orelha direita enfaixada após a tentativa de assassinato no sábado, Trump aplaudiu de seu camarote na arena, onde se sentou ao lado do companheiro de chapa, o senador J.D Vance.

A governadora do Arkansas, Sarah Huckabee Sanders, elogiou Trump, declarando que “nem mesmo a bala de um assassino poderia detê-lo”.

Durante seu discurso, Huckabee Sanders repetidamente afirmou que a intervenção divina salvou Trump de uma tentativa de assassinato em um comício na Pensilvânia.

“Deus poupou o presidente Trump daquele assassino porque Deus ainda não terminou com ele”, disse a ex-secretária de imprensa da Casa Branca.

Candidato a vice, Vance, ele próprio um antigo crítico feroz de Trump que se tornou um apoiador ferrenho, será a atração principal da terceira noite da convenção, nesta quarta-feira (17).

Vance aceitará sua nomeação e discursará na convenção nesta quarta-feira à noite. Seu discurso se concentrará fortemente em sua história de vida pessoal, segundo uma fonte com conhecimento direto de seus comentários disse à CNN.

As correntes ocultas já estão circulando sobre Vance ser visto como o portador da tocha do movimento MAGA (Make America Great Again, ou Torne a América Grande Novamente, em português).

A demonstração de harmonia teve como objetivo contrastar com os democratas, que passaram semanas atolados em tensões internas sobre se Biden deveria abandonar sua tentativa de reeleição após seu desempenho considerado ruim no debate de 27 de junho – exibido pela CNN – contra Trump, de 78 anos.

Muitos dos discursos da noite em Milwaukee – centrados no tema da lei e da ordem – foram impregnados pela retórica anti-imigrante de Trump, com oradores denunciando com raiva as políticas de fronteira sul de Biden.

Kari Lake e Bernie Moreno, que concorrem em disputas importantes para o Senado dos EUA no Arizona e Ohio, respectivamente, e os senadores Ted Cruz, do Texas, e Tom Cotton, do Arkansas, chamaram o fluxo de migrantes de “invasão”.

Embora as travessias de fronteira tenham atingido níveis recordes durante o mandato de Biden, as prisões caíram drasticamente em junho, depois que o presidente implementou uma ampla proibição de asilo.

Anne Fundner, uma mãe cujo filho adolescente morreu de overdose por fentanil, disse que responsabilizava os democratas.

A família de Rachel Morin, uma mulher de Maryland que as autoridades dizem ter sido estuprada e morta por um imigrante salvadorenho que cruzou a fronteira dos EUA com o México ilegalmente várias vezes, também culpou as políticas de Biden.

Trump destacou o assassinato de Morin na campanha eleitoral, onde frequentemente demoniza migrantes como criminosos violentos. Estudos mostram que imigrantes não cometem crimes em uma taxa maior do que americanos nativos.

Trump prometeu lançar o maior esforço de deportação da história dos EUA.

Alguns dos ataques acalorados contradiziam a mensagem de unidade nacional que Trump havia prometido transmitir após o atentado contra sua vida em um comício na Pensilvânia no sábado.

Mas Lara Trump, sua nora e copresidente do Comitê Nacional Republicano, encerrou a noite com uma mudança de tom, dizendo que os americanos deveriam se lembrar que “há mais coisas que nos unem do que nos dividem”.

No entanto, após o tiroteio, os temores dos eleitores sobre a nação profundamente polarizada antes das eleições de 5 de novembro parecem ter apenas aumentado.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada na segunda e terça-feira descobriu que 80% dos eleitores — incluindo parcelas semelhantes de republicanos e democratas — concordaram que “o país está saindo do controle”.

As autoridades ainda não identificaram o motivo do tiroteio. O atirador de 20 anos foi morto na cena pelo Serviço Secreto dos EUA.

Em seu primeiro discurso de campanha desde a tentativa de assassinato, Biden disse aos eleitores negros em Las Vegas na terça-feira que estava “totalmente interessado” na reeleição, novamente ignorando os apelos de alguns democratas para que renunciassem.

A convenção de quatro dias culminará com o discurso de Trump no horário nobre nesta quinta-feira (18), quando ele aceitará formalmente a indicação do partido para enfrentar Biden em uma revanche de 2020.

Relembre os eventos do primeiro dia da convenção

Na noite de segunda-feira, Trump também frequentou a reunião republicana na arena Fiserv Forum, em Wisconsin. A aparição do ex-presidente marcou a primeira vez que ele foi visto após a tentativa de assassinato contra ele em uma comício na Pensilvânia, no sábado (13).

No primeiro dia da Convenção Nacional Republicana, Donald Trump foi oficializado como candidato presidencial e o senador de Ohio, J.D. Vance, como seu companheiro de chapa.

O ex-presidente e seu recém-nomeado vice-presidente devem aparecer juntos todas as noites na Convenção Nacional Republicana, disse uma fonte familiarizada com seus planos à CNN.

Espera-se que Trump discurse na quinta-feira (18) e aceite sua nomeação como candidato presidencial do partido.

Donald Trump. Jr disse que seu pai “suavizou” os comentários do seu discurso após a tentativa de assassinato do fim de semana.

Trump e Vance também realizarão um comício em Michigan, um estado decisivo, no sábado (20).

Veja as principais datas das eleições nos Estados Unidos em 2024

(Com informações de Kit Maher, da CNN; e de Joseph Ax, Tom Rowe e Jose Pablo Diaz, da Reuters)