Donald Trump diz que tiro em atentado soou como “maior mosquito do mundo”

Donald Trump conversou com o candidato independente Robert F. Kennedy Jr. e falou sobre o atentado que sofreu, segundo um vídeo postado por Bobby Kennedy III, filho de Robert.

“Eu simplesmente virei minha cabeça para mostrar o gráfico e algo me atingiu. E soou como um gigante, como o maior mosquito do mundo. E, uh, era… era uma bala”, destacou o republicano.

O vídeo teria sido feito no domingo (14), um dia após o atentado, mas foi postado nesta terça-feira (16) por Bobby Kennedy. Entretanto, a gravação foi deletada horas depois.

Na chamada com o candidato independente, Trump também falou sobre a ligação com o presidente Joe Biden após o ataque.

“Ele foi muito legal, na verdade. Ele ligou e disse: ‘Como você escolheu se mover para a direita?’. Eu disse: ‘Eu estava apenas mostrando um gráfico'”, comentou.

“Eu não tive que dizer a ele que o gráfico mostrava todas as pessoas que estavam chegando ao nosso país, certo?”, adicionou o republicano, fazendo referência ao gráfico sobre imigração que estava sendo mostrado no comício.

No sábado (13), Donald Trump sofreu um ataque a tiros. Ele ficou ferido na orelha direita, e o atirador e uma pessoa que estava no público morreram.

Trump é ouvido supostamente apoiando falsa teoria sobre vacinas

Na gravação, Trump pareceu endossar falsas teorias sobre a segurança das vacinas.

Ele discutiu a quantidade de doses de vacinas programadas para crianças e sugeriu que, após tomar um alto volume de vacinas, “você vê o bebê de repente começando a mudar radicalmente”.

“Quando você dá a um bebê, Bobby, uma vacinação que é, tipo, 38 vacinas diferentes e parece que foi para um cavalo. Não um bebê de 4 a 9 kg”, diz Trump na ligação.

“E então você vê o bebê de repente começando a mudar radicalmente. Já vi isso muitas vezes”, adicionou.

Trump também pareceu expressar algum ceticismo em relação aos profissionais de saúde pública que afirmam com precisão que o cronograma de imunização recomendado para crianças é seguro e eficaz, dizendo: “E então você ouve que não tem impacto, certo?”.

A partir dos 6 anos de idade, as crianças nos Estados Unidos podem receber vacinas que as protegem de 16 doenças diferentes, incluindo infecções fatais, como sarampo, coqueluche e poliomielite.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, as vacinas são recomendadas para crianças muito pequenas, antes que elas entrem em contato com doenças graves, pois poderiam correr até risco de morte.

As vacinas são frequentemente combinadas em uma única dose para reduzir o número de consultas médicas e injeções.

As agulhas usadas para vacinas infantis geralmente têm 25 milímetros ou menos de comprimento e, para algumas vacinas, os tamanhos das doses para os mais jovens são menores do que os usados ​​para crianças mais velhas ou adultos.

Algumas vacinas infantis também são administradas por via oral, e certas vacinas contra gripe para crianças de até 2 anos podem ser administradas como spray nasal.

Robert F. Kennedy Jr. pede desculpas a Trump por vídeo

Robert F. Kennedy Jr. pediu desculpas a Donald Trump pelo vídeo da ligação ter sido divulgado.

“Quando o presidente Trump me ligou, eu estava gravando com um cinegrafista interno. Eu deveria ter ordenado que o cinegrafista parasse de gravar imediatamente. Estou mortificado que isso tenha sido postado. Peço desculpas ao presidente”, escreveu Kennedy nas redes sociais nesta terça-feira.

Perguntados pela CNN se Trump sabia que estava sendo gravado, os assessores do ex-presidente apontaram a publicação de Kennedy, no qual ele disse que um cinegrafista o estava filmando para um projeto separado.

Campanha de Biden reage

A campanha de Biden disse em um comunicado nesta terça-feira: “Trump e seu amigo antivacina ‘Bobby’ estão espalhando teorias de conspiração perigosas que ameaçam os cuidados vitais dos quais dezenas de milhões de pessoas dependem”.

“Essa filmagem vazada é mais uma prova de que não se pode confiar em Trump para proteger os cuidados de saúde dos americanos. É assustador e, se ele ganhar poder, pode ser uma realidade devastadora para as famílias trabalhadoras em todo o país”, adicionaram.

A CNN entrou em contato com as campanhas de Kennedy e Trump para comentar.

Kennedy e Trump se encontraram em Milwaukee

O telefonema mostrado no vídeo ocorreu um dia antes de Trump e Kennedy se encontrarem em Milwaukee.

A porta-voz da campanha de Kennedy, Stefanie Spear, afirmou à CNN que os dois candidatos presidenciais discutiram “unidade nacional” durante a reunião.

Uma fonte familiarizada com a conversa pontuou que os dois também discutiram a decisão de nomeação de Trump para vice-presidente horas antes de ele selecionar o senador de Ohio JD Vance como seu companheiro de chapa.

Questionamentos anteriores sobre vacinas

Em janeiro de 2017, antes de Trump ser empossado, Kennedy disse que o republicano havia pedido a ele para liderar uma comissão para estudar a segurança das vacinas após uma reunião entre os dois na Trump Tower, em Nova York. A comissão nunca se materializou.

Trump pareceu fazer referência à reunião no clipe da ligação telefônica.

“Você e eu conversamos sobre isso há muito tempo”, Trump pontuou a Kennedy na ligação.

O ex-presidente nutre há muito tempo ceticismo em relação às vacinas, mas sua postura em relação ao assunto foi ainda mais visada depois que o governador da Flórida, Ron DeSantis, fez de sua gestão da pandemia de Covid-19 uma questão importante durante as primárias republicanas.

Trump destacou que cortaria o financiamento de qualquer escola pública que aplicasse obrigatoriedade de vacinação.

A agenda política em seu site de campanha questiona as origens de “um crescimento inexplicável e alarmante na prevalência de doenças crônicas e problemas de saúde, especialmente em crianças”.

Como candidato, Kennedy repetidamente fez falsas alegações sobre a segurança e eficácia das vacinas.

Ele critica Trump regularmente por aprovar restrições de saúde pública durante a pandemia e implementar um plano para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19.

Kennedy frequentemente tenta vincular Trump ao doutor Anthony Fauci, ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, que ajudou a liderar a resposta do país à Covid durante os governos Trump e Biden, se tornando um ponto focal de críticas de alguns da direita.

Segurança das vacinas

Todas as vacinas aprovadas ou autorizadas para uso nos Estados Unidos foram comprovadas como seguras e eficazes por meio de rigorosos estudos científicos.

As vacinas infantis são particularmente importantes, porque treinam o sistema imunológico do corpo para reconhecer vírus aos quais ainda não foi exposto e protegem o corpo dos efeitos nocivos desses vírus.

Reações alérgicas graves são extremamente raras – ocorrendo em aproximadamente uma em 1 milhão de pessoas. Efeitos colaterais leves são muito mais comuns, como dor ou inchaço no local da injeção, que tendem a diminuir rapidamente.

Em todo o mundo, as vacinas previnem mais de 4 milhões de mortes todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. E embora ainda não haja consenso científico sobre o que causa o autismo, as vacinas, conclusivamente, não o fazem.

*com informações de Aaron Pellish, da CNN

*Steve Contorno e Alayna Treene, da CNN, contribuíram para esta reportagem