Biden e Trump visitarão fronteira com México no mesmo dia
Democrata estará na cidade de Brownsville, enquanto republicano vai viajar para Eagle Pass, ambas cidades no Texas
O presidente Joe Biden deve fazer uma rara viagem à fronteira entre os EUA e o México na quinta-feira (29), estabelecendo uma tela dividida com o ex-presidente, Donald Trump, que fez da maneira como Biden lida com a imigração ilegal uma peça central de sua campanha para a corrida à Casa Branca.
A expectativa é que Trump faça um pronunciamento em Eagle Pass, Texas, na quinta-feira, de acordo com uma fonte familiarizada com seus planos.
Durante sua visita, Biden deverá se reunir com agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA, autoridades policiais e líderes locais em Brownsville, também no Texas, para discutir a necessidade de um acordo de fronteira, segundo um funcionário da Casa Branca. Brownsville e Eagle Pass ficam a cerca de 480 quilômetros de distância uma da outra.
A visita de Biden ocorre no momento em que ele analisa uma ação executiva abrangente para diminuir a busca por asilo na fronteira sul dos EUA, caso seja cruzada ilegalmente.
O presidente americano criticou repetidamente os republicanos do Congresso por não terem aprovado um pacote de gastos bipartidário que incluía concessões significativas na política de fronteira, enquanto ele tenta reverter o discursp do Partido Republicano, que fez duras críticas a Biden por sua política de imigração durante o seu mandato – incluindo o impeachment de seu secretário de Segurança Doméstica sobre sua maneira de lidar com a fronteira.
O fracasso do pacote se deu em grande parte à oposição de Trump, que espera usar a fronteira como um golpe político contra Biden.
O New York Times foi o primeiro a noticiar a visita de Biden.
No fim de semana, funcionários da Casa Branca entraram em contato com legisladores e autoridades do Texas que supervisionam as cidades fronteiriças antes da visita de Biden.
A deputada Jasmine Crockett disse à CNN que a delegação do Congresso do Texas está ciente da viagem do presidente à fronteira, mas disse que não há planos imediatos para os membros se juntarem a Biden enquanto os parlamentares retornam ao Capitólio esta semana para tentar evitar uma paralisação do governo.
Desde o mês passado, um grupo de prefeitos do Texas apelou repetidamente a Biden para visitar a fronteira sul e apelou ao Congresso para aprovar o pacote suplementar de segurança nacional que forneceria financiamento para resolver algumas das preocupações ao longo da fronteira.
Autoridades da Casa Branca têm mantido conversas contínuas com autoridades locais do Texas há várias semanas sobre questões que surgem na fronteira sul.
Biden já visitou a fronteira uma vez como presidente, viajando para El Paso, Texas, em janeiro de 2023, onde visitou um centro de repouso para imigrantes, mas não pareceu ver ou se encontrar com eles.
Em um comunicado em resposta à notícia da visita planejada de Biden, a campanha de Trump disse que Biden “teve três anos para visitar a fronteira e resolver a crise que criou”.
“Agora, os encarregados de Biden o estão enviando para lá no mesmo dia da viagem do presidente Trump, divulgada publicamente, não porque realmente queiram resolver o problema, mas porque sabem que Biden está perdendo”, disse a porta-voz da campanha de Trump, Karoline Leavitt.
Trump visitou repetidamente as fronteiras durante o seu mandato como presidente – e continua fazendo isso. Durante um evento perto da fronteira entre o Texas e o México, em novembro, Trump intensificou a sua retórica anti-imigração e recebeu o apoio do governador do Texas, Greg Abbott, que tomou as suas próprias medidas para minar a autoridade de Biden na política fronteiriça.
Trump, que afirmou que os imigrantes não-documentados estão “envenenando o sangue” dos Estados Unidos, prometeu conduzir a “maior operação de deportação doméstica da história americana” se ganhar a Casa Branca em novembro.
Ele planeja uma expansão generalizada das políticas de imigração da sua administração que restringiria tanto a imigração legal como a ilegal. Os planos incluem prender imigrantes não-documentados e colocá-los em campos de detenção para aguardar a deportação.
A campanha de Biden chamou as políticas propostas por Trump de “antiamericanas”, “desumanas” e “draconianas”.
Mas as ações executivas que Biden analisa provocaram algumas comparações com medidas controversas que Trump tomou enquanto estava no cargo. Na esperança de estimular a aprovação do fracassado projeto de lei de imigração, Biden disse no início deste mês que estaria aberto à ideia de fechar a fronteira.
A administração Biden tomou outras medidas para tentar restringir os pedidos de asilo na fronteira entre os EUA e o México. No ano passado, a administração lançou um regulamento que proibia, em grande parte, os imigrantes que viajavam através de outros países a caminho da fronteira sul dos EUA de solicitarem asilo nos Estados Unidos – marcando um afastamento do protocolo de décadas.