Análise: Questionamento de Trump sobre debate é estratégia para manter protagonismo
Analista Fernanda Magnotta avalia que questionamentos do ex-presidente sobre debate com Kamala Harris revelam desalinhamento com sua própria campanha
A analista de Internacional Fernanda Magnotta comentou durante o CNN 360° os recentes questionamentos levantados pela campanha do ex-presidente e candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, sobre o debate contra a democrata Kamala Harris.
Para Magnotta, essa ação faz parte de uma estratégia para manter seu protagonismo no confronto político.
Segundo a especialista, a insistência de Trump em ter o microfone aberto durante o debate não é novidade.
“Quem acompanhou Donald Trump em todos os debates desde a eleição de 2016 sabe que esse fator em particular, o microfone aberto, foi usado por ele como uma estratégia, não só para atrapalhar o que falava o seu opositor durante o tempo que ele era designado, como também como uma forma de se impor e, a todo momento, manter a atenção voltada para ele próprio”, explicou Magnotta.
Histórico de debates tumultuados
A analista relembrou que, após os debates conturbados de 2016 entre Trump e Hillary Clinton, foram adotadas novas regras para controlar o uso dos microfones.
“Nós tivemos, em 2016, na eleição Trump-Hillary, uma verdadeira escandalização do que era para ser um espaço de debate, de propostas e de pautas”, afirmou.
Magnotta também destacou que os questionamentos de Trump sobre as regras do debate podem ser uma tentativa de encontrar uma “saída digna” para um confronto que ele já demonstrava relutância em participar.
A analista apontou que o ex-presidente não se sente confortável em ser sabatinado pela emissora ABC News, com quem teve discordâncias públicas no passado.
Desalinhamento com a campanha
Por fim, Fernanda Magnotta observou que as ações de Trump refletem uma dificuldade de entrar em consenso com sua própria equipe de campanha.
“Nos últimos dias, o que a gente tem notado nos bastidores, conversando com quem trabalha ou está muito próximo da campanha Trump, é que mais uma vez, assim como já aconteceu em 2016 e em 2020, Donald Trump não está aberto às indicações e recomendações daqueles que são os contratados para assessorá-lo”, pontuou.
A analista concluiu que essa postura pode custar a Trump a perda de protagonismo, ao invés do aumento que ele busca.
Além disso, Magnotta ressaltou que a campanha republicana enfrenta desafios para encontrar argumentos efetivos contra Kamala Harris, após perder o timing em relação a questões como a idade e vitalidade de Joe Biden.