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    Análise: por que Kamala escolheu Walz como vice e por que ela pode se arrepender?

    Influência das redes sociais pode ter determinado escolha da atual vice-presidente dos Estados Unidos

    Harry Entenda CNN

    O governador de Minnesota, Tim Walz, não estava no topo dos possíveis companheiros de chapa de Kamala Harris até as últimas semanas. Mas a escolha democrata ressalta o poder das redes sociais.

    Então, o que fez Walz, um candidato relativamente desconhecido em nível nacional, ser nomeado como candidato à vice-presidência de um dos principais partidos? Você até pode achar a situação “estranha”.

    Os democratas começaram a chamar os republicanos Donald Trump e JD Vance de “estranhos” há algumas semanas. O ataque pode ter parecido algo imaturo, mas parece ter funcionado, gerando a repercussão negativa desejada pelos democratas.

    Uma análise dos dados do Google Trends revela um aumento recente nas pesquisas pela palavra “estranho”. Mais do que isso, os tópicos associados à palavra “estranho” foram ‘Make America Great Again’ (‘Torne a América grande novamente’ em tradução livre), o Partido Republicano, Vance e Walz.

    Por que Walz?

    Ele foi considerado o primeiro a começar a chamar os republicanos de “estranhos”, em grande escala.

    E sabe-se que a campanha de Kamala estava prestando atenção porque disparou ao menos um e-mail que sugeria que os ataques contra a chapa republicana estavam impulsionando o debate online.

    O fato de Kamala ter selecionado um candidato que se sai bem online não deveria ser surpreendente. Kamala também se sai muito bem no TikTok, algo que a campanha de Joe Biden não conseguiu fazer.

    Mas será que a escolha de Walz é indicada para uma campanha extremamente online?

    Essa é uma pergunta justa, visto que Kamala Harris escolheu Walz ao invés do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro. Shapiro, que já era visto como um dos favoritos à escolha da vice-presidência, dividiu grande parte da esquerda online com suas opiniões sobre os israelenses e os palestinos.

    Walz possui as mesmas opiniões sobre o assunto em questão, mas recebeu menos reações negativas do que Shapiro, que é judeu.

    O fato de Walz não ter enfrentado praticamente nenhuma oposição online do Partido Democrata certamente o ajudou. Afinal, a campanha de Kamala tem vivido uma onda de boas repercussões desde que ela se tornou a principal candidata democrata para concorrer à presidência nas eleições americanas contra Donald Trump em novembro.

    Kamala Harris teve um bom entrosamento com Walz e gostou particularmente da atitude “despreocupada” dele, de acordo com reportagem da CNN.

    Uma boa relação com um companheiro de chapa e a possibilidade de não dividir o partido com a escolha, é motivo suficiente para escolher alguém.

    Uma das primeiras regras quando se trata de uma escolha para vice-presidente é “não causar danos”. Kamala provavelmente não causou nenhum dano com esta escolha.

    Walz serviu 12 anos na Câmara dos EUA e atualmente está em seu segundo mandato como governador. Ele não pode ser atacado por ter pouca experiência, ao contrário do republicano Vance, que é o candidato à vice-presidência menos apreciado, desde que há registro, na convenção de seu partido.

    Seleção, no entanto, não é isenta de riscos

    A grande questão, agora, é o que Kamala Harris enfrentará por ter escolhido Walz e não Shapiro.

    Minnesota provavelmente não será um estado dividido politicamente nestas eleições. Nenhum candidato republicano à presidência ganhou maioria no estado desde 1972 – é a mais longa sequência de vitórias presidenciais dos democratas (fora de Washington, DC). E, desde que Kamala entrou na disputa, pesquisas mostram que o cenário seguirá assim.

    A Pensilvânia, por outro lado, é um estado decisivo que Kamala deve vencer para se tornar presidente. Na verdade, é provavelmente o estado indeciso mais importante deste ciclo, e as pesquisas mostram os números bem apertados.

    Shapiro atualmente possui uma classificação favorável de 61% na Pensilvânia e superou, em 2022, em 14 pontos a linha de base de Biden de 2020.

    Se isso teria sido suficiente para impulsionar uma chapa Harris-Shapiro na Pensilvânia é um ponto de interrogação, apesar da literatura de ciência política sugerir que sim.

    O que pode-se dizer, porém, é que Walz provavelmente não ajudará Kamala com muitos eleitores indecisos. Ele se saiu menos de um ponto melhor que Biden em Minnesota quando foi reeleito em 2022. Na verdade, Shapiro parece ter se saído melhor com os eleitores brancos sem diploma universitário na Pensilvânia do que Walz fez com o mesmo grupo demográfico em seu estado há dois anos.

    E mesmo que Walz tenha sido uma escolha eleitoral poderosa, resta saber se ele conseguirá ajudar a chapa democrata fora do seu estado natal.

    Se Harris acabar perdendo a Pensilvânia e as eleições por uma pequena margem, será um dos grandes “e se” da História. Ela não escolheu Shapiro por medo da esquerda online?

    Kamala Harris, é claro, espera que a eleição não seja tão acirrada. Ela parece ter impulso e a escolha de Walz provavelmente não fará nada que a impeça.

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