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    Análise: mídia trumpista divulga teorias conspiratórias sobre Biden antes de debate

    Para apoiar a narrativa, estes meios de comunicação e personalidades aproveitaram as gafes verbais de Biden (ignorando as de Trump) e apresentaram trechos de vídeo fora de contexto às suas grandes audiências

    Oliver Darcyda CNN

    Os aliados de Donald Trump na mídia de direita têm um problema antes do debate presidencial da CNN nesta quinta-feira (27): eles estabeleceram um padrão muito baixo para o presidente Joe Biden.

    Durante anos, e particularmente nos últimos meses, a mídia trumpista retratou Biden como um homem idoso senil e mentalmente incapacitado que não consegue se lembrar do que comeu no café da manhã, muito menos comandar o governo federal.

    Isso pode parecer um exagero para quem não sintoniza a Fox News nem ouve programas de rádio, mas tem sido um tema real e constante no universo midiático de direita.

    Para apoiar a narrativa, estes meios de comunicação e personalidades aproveitaram as gafes verbais de Biden (ignorando as de Trump) e apresentaram trechos de vídeo fora de contexto às suas grandes audiências — uma estratégia enganosa, mas eficaz, que a campanha de Biden tem lutado para refutar de forma significativa.

    O debate, que será um dos momentos mais assistidos do ciclo da campanha presidencial americana de 2024, permitirá ao público do país inteiro a oportunidade de assistir a um Biden sem filtros enfrentar Trump durante cerca de 90 minutos.

    Embora os dois sem dúvida se enredem numa série de questões, o palco também proporcionará a Biden uma oportunidade única de perfurar a narrativa de que lhe falta aptidão mental para ser o comandante-em-chefe.

    Isso é uma preocupação para os magnatas da mídia de direita, que correm o risco de ver sua narrativa falsa sobre Biden sendo rasgada em tempo real.

    Como disse a personalidade de direita Megyn Kelly na segunda-feira, Biden se sairá bem se conseguir simplesmente “não morrer” durante o confronto com Trump.

    “Os riscos não poderiam ser menores para um desempenho de Joe Biden”, observou Kelly.

    Joe Biden em declaração na sede do governo francês / Agência Pool/Reuters

    Para dar conta da realidade iminente em que Biden não tem dificuldade em subir ao palco sem a ajuda de alguém (alguns meios de comunicação de direita sugeriram que Biden necessitava da ajuda do ex-presidente Barack Obama para completar tal tarefa), os meios de comunicação aliados de Trump já estão à procura por desculpas. E eles estão ficando visivelmente desesperados.

    Uma dessas alegações, apoiada pelos aliados mediáticos de Trump, é a teoria da conspiração – que carece de qualquer prova – de que o presidente irá tomar suplementos ou medicamentos para melhorar o desempenho durante o debate.

    Essa narrativa, que também foi divulgada após o vigoroso discurso do Estado da União de Biden no início deste ano, foi promovida por ninguém menos que o próprio Trump.

    “Ele está dormindo agora, porque querem deixá-lo bom e forte”, disse Trump em um comício de campanha no fim de semana. “Então, um pouco antes do debate, ele leva uma injeção na bunda.”

    Essa narrativa foi, previsivelmente, amplificada pelos apoiadores das redes sociais de Trump, que ignoraram o fato de Trump ter repetidamente adormecido ao meio-dia durante seu próprio julgamento no início deste ano.

    O apresentador da Fox News, Jesse Watters, por exemplo, participou do episódio de segunda-feira de “The Five”, alegando que Biden “vai tomar doses de ‘jungle juice’ [bebida alcoólica feita em casa]” antes do debate para que possa parecer enérgico.

    A mídia trumpista também escolheu um bode expiatório para proteger Trump caso ele tenha um desempenho ruim: a CNN.

    As forças desonestas pró-Trump, particularmente o propagandista Sean Hannity, lançaram uma série de ataques dirigidos a Jake Tapper, que irá moderar o debate ao lado de Dana Bash.

    Tapper, o contundente âncora e principal correspondente da CNN em Washington, foi retratado como um invasor democrata. Embora seja uma acusação absurda, é uma que a mídia trumpista está impulsionando alegremente, até mesmo tentando fazê-lo no ar na própria CNN.

    Na manhã de segunda-feira, a âncora da CNN Kasie Hunt encerrou abruptamente uma entrevista com a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, que repetidamente atacou Tapper e Bash como âncoras de notícias “tendenciosos”.

    Depois de chutar Leavitt de seu programa, Hunt observou que “se você está atacando os moderadores, geralmente está perdendo”.

    Hunt está, é claro, certa. O problema, no entanto, para a mídia trumpista é que eles se encurralaram. Agora, eles estão tentando encontrar uma maneira de se libertar – e estão ficando desesperados.

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