Análise: Crise inflacionária tem dado vantagem a opositores em eleições no mundo todo
Fernanda Magnotta aponta que a inflação pós-pandemia e guerras têm afetado governos mundialmente, beneficiando candidatos como Trump nos EUA
A crise inflacionária global tem se mostrado um fator decisivo nas eleições ao redor do mundo, favorecendo candidatos de oposição.
Durante o CNN 360° desta sexta-feira (25), a analista de internacional Fernanda Magnotta destacou como este cenário econômico pode influenciar a corrida presidencial nos Estados Unidos.
Segundo Magnotta, existe uma disparidade entre os indicadores macroeconômicos e a percepção do cidadão comum sobre a economia. “A gente tem notado que entre o que indicam as curvas de acompanhamento dos diversos índices macroeconômicos e aquilo que chega na ponta, na percepção do cidadão médio, do homem comum, ainda existe um gap (espaço)”, explica a analista.
Impacto global da inflação
A especialista ressalta que este fenômeno não se limita aos Estados Unidos, mas é uma tendência global.
“A crise hiperinflacionária que já tinha começado com a Covid, depois se agravou com as guerras, também tem a ver com decisões que os países tomaram em relação às suas contas públicas”, afirma Magnotta.
Ela cita exemplos de países como Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Coreia do Sul, onde os incumbentes enfrentaram dificuldades devido à situação econômica.
No contexto das eleições americanas, este cenário pode beneficiar Donald Trump. A analista destaca que a campanha do ex-presidente tem explorado a insatisfação com o governo atual, associando a vice-presidente Kamala Harris à impopularidade de Joe Biden.
“O Trump está agora com dois principais comerciais nas TVs americanas e um deles justamente bate na tecla de que Kamala é Biden”, observa.
Perspectivas para as eleições americanas
A analista menciona o estatístico Nate Silver, especialista em eleições americanas, que recentemente expressou sua intuição de que Trump teria uma ligeira vantagem.
No entanto, Magnotta ressalta que a eleição ainda é muito disputada: “Significa que ela [Kamala Harris] vai perder? Não, ela pode ganhar, mas nesse momento o que a gente chama de as variáveis, os fundamentos, de fato mostram que há uma ligeira vantagem que pode explicar uma vitória de Donald Trump”.
Apesar dessas análises, Magnotta enfatiza a imprevisibilidade da eleição, descrevendo-a como um “coin toss” (cara ou coroa).
“É 50-50, não dá, não há nenhum modelo que dê uma certeza do que está para acontecer apontando caminhos”, conclui a especialista.